TERREMOTO POLÍTICO EM ISRAEL – POR DAVID S. MORAN, DIRETO DE ISRAEL

327_especial_5_1Há duas semanas, quando Netanyahu anunciou a dissolução do Knesset, todos previam que a nova campanha eleitoral seria árdua, acirrada, negativa e suja. Porém, ninguém previu que esta ação causaria um verdadeiro terremoto político. Certamente, nos 3 meses restantes até as eleições, em 9 de abril, teremos mais alguns choques secundários.

Geralmente, quando há eleições, ¼ dos deputados deixam o Parlamento e não são reeleitos. Alguns voluntariamente, outros por não serem suficientemente conhecidos ou que não são protegidos pelos líderes partidários. Os EUA, com mais de 300 milhões de habitantes, consegue conviver com 2 partidos (Republicano e Democrata) e às vezes um terceiro, o Independente. Israel, com pouco menos de 9 milhões de habitantes, tem 9 milhões de “parlamentares” e também egos, criando (até o momento) cerca de 14 partidos. Destes, estão previstos para entrar no Knesset “apenas” 11 partidos. O difícil será formar uma boa e estável coalizão. Qualquer partido com 4 a 6 deputados- 5% do total- pode ter uma influência desproporcional a favor dos seus eleitores às custas da maioria da população. A votação em Israel é partidária e não pessoal. Partidária, apesar de que quase nenhum tem ideologia definida. Trata-se de pessoal, principalmente de liderança. Um bom exemplo é o Benjamin “Bibi” Netanyahu, que tem boa base eleitoral, “sempre votei no Likud” e o Likud mudou tanto durante os anos. Não importa o que se escreva a respeito dele, as pesquisas de opinião pública mostram que ele consegue alcançar entre 28 e 31 deputados (25% do Knesset).

327_especial_5_2

Description automatically generatedNo último sábado (29), enquanto Netanyahu estava no Brasil, ocorreu o 1º terremoto. Logo depois da saída do Shabat, os dois líderes do partido religioso Habait Hayehudi (O Lar Judeu): o Ministro da Educação Naftali Bennett e a Ministra da Justiça Ayelet Shaked anunciaram dramaticamente que deixam seu partido e criam um novo, o Hayamin Hachadash, (A Nova Direita).

Três dias depois (1), Avi Gabai,o líder do partido Hamachané Hatsioni (O Campo Sionista)– união entre os partidos Trabalhista e Tnuá da Tsipi Livni- discursou em reunião do partido,com Tsipi Livni sentada ao seu lado. Surpreendendo a todos, Gabai anunciou o fim da união entre os dois partidos e que o Partido Trabalhista seguirá “novo e vitorioso trajeto”. Este “divórcio político” ocorre na tentativa de o Partido Trabalhista obter mais eleitores, mas, pelo visto, sob a liderança de Gabai não o conseguirá. A união entre os dois partidos alcançou nas últimas eleições 24 deputados, mas desde então está em queda livre, obtendo nos censos entre 7 a 9 parlamentares. Há uma revolta contra Gabai no seu próprio partido.

O terceiro maior partido, a Lista Árabe Unida (LAU), com 13 deputados, está também atravessando mudanças. Não para se tornar sionista, mas pessoal e ideológica. Há deputados que querem retornar a seus partidos de origem, que eram 3 antes da união. Enquanto isto não acontece, o deputado Dov Khenin, do Partido Comunista israelense (que é parte do LAU), o único deputado judeu deste partido árabe israelense e que está no Knesset há 12 anos, anunciou que está deixando o Knesset. Seu companheiro de chapa, Jamal Zahalka, líder do Partido Balad, também anunciou que não quer se reeleger nas próximas eleições e há rumores que Hanin Zoabi também se retirará.

O General (da reserva) Yoav Galant, que entrou há 4 anos no Knesset pelo Partido Kulanu e é o Ministro da Habitação, renunciou ao partido e posto para ingressar no Likud.

Outro General (da reserva), que foi o Chefe do Estado Maior, Benny Gantz, há meses cogitado para entrar na política, correu para registrar o seu partido, Hossen LeIsrael(Força para Israel), que mesmo sem abrir a boca até o momento, é tido como uma grande esperança para mudança e obtêm nos censos entre 15 a 18 cadeiras. Ninguém sabe seu programa nem se ingressará mesmo no seu partido.

Moshe“Bogie”Yaalon, que também foi Chefe do Estado Maior e depois Ministro da Defesa, por discordar do Netanyahu,deixou o ministério e o Likud, após 7 anos no Knesset. Agora retornou, inscrevendo um novo partido, o Telem (Tnuá Leumi Memshalti – Movimento Nacional Governamental). Este partido parece que não conseguiria suficientes votos para alcançar o mínimo necessário de 4 deputados, que é a porta de entrada no Knesset. Isto leva a sugerir que os 2 ex generais possam unir forças, talvez com o Yesh Atid e o novo/velho partido da Tsipi Livni formando um bloco grande que poderá tirar o Netanyahu do poder. É mais uma questão de egos, pois têm mais ou menos a mesma ideologia, apesar de que atualmente menos se fala de ideologia e mais das personalidades.

Netanyahu, que foi pego de surpresa quando esteve no Brasil, ao ser informado, logo tachou o Gantz de “esquerda”, que se tornou um palavrão. Ao mesmo tempo, atacou o Bennett e a Shaked “por ferir gravemente a direita, que poderá levar a formação de governo de esquerda”.

O primeiro-ministro, que está sob graves investigações de corrupção, avisou: “Não renuncio de jeito nenhum pois nada fiz de errado”. Enquanto isto, foi revelado que o Conselheiro Jurídico do Governo, Dr. Avichai Mandelblit, se encontrou sigilosamente com dois de seus antecessores conselheiros jurídicos, inclusive ex presidentes da Suprema Corte e procuradores do Estado. Todos foram unânimes em afirmar que têm que se finalizarem as investigações e dar sua decisão ainda antes das eleições, isto é, até o fim de fevereiro. O líder da coalizão governamental, Dudi Amsalem, logo avisou: “Milhões de pessoas recusarão colocar Netanyahu na Justiça”.

Agora a campanha se voltará contra o Conselheiro Jurídico do Governo, a fim de pressioná-lo a adiar suas conclusões para depois das eleições. Antes, o primeiro-ministro conseguiu pôr de lado o Comissário da Polícia que ele mesmo trouxe, onde era o vice-diretor da Shabak. Netanyahu, que não dá entrevistas à mídia israelense, envia mensagens filmadas, apresentando-se como “vítima de perseguição”.

Não há dúvida de que a calorosa recepção que Netanyahu, sua esposa e filho receberam no Brasil, ficará na sua memória e bem que ele gostaria que não terminasse. De volta a Israel ele caiu na realidade e espera-se que, para o bem de todos, as acusações contra eles sejam rejeitadas.

ISRAEL SE RETIRA DA UNESCO

A exemplo dos EUA, o Estado de Israel se retirou da Agência da Educação, Ciências e Cultura da ONU. Ato absurdo, mas necessário, já que esta agência só condenava Israel de forma ridícula e negando fatos históricos e descobertas arqueológicas. Não é necessário gabar-se, mas o povo que mais contribuiu para a cultura e herança mundial, numericamente, é o povo judeu. A começar pelas religiões: o cristianismo e o islã, em que o Maomé copia histórias do Antigo Testamento.

É conhecimento popular de que o Lar Judaico é a Terra de Israel e as provas deste fato são as descobertas arqueológicas, enriquecidas a cada dia com novos achados. Por esta razão, os muçulmanos querem destruir qualquer vestígio judaico da área. Assim foi até hoje a sistemática destruição de vestígios arqueológicos por baixo das mesquitas de Al Aksa e Omar, reduzidos a pó. As mesquitas foram construídas justamente onde estava o Templo judaico no Monte Moriá, hoje rebatizado de a Esplanada das Mesquitas. Aliás, nos mapas e escritos religiosos, a Jordânia e os palestinos chamaram até há alguns anos o local de Monte do Templo, onde ficava o Templo de Salomão.

Em 19 anos de governo jordaniano na Cisjordânia (1948-1967), não se deu nenhuma importância a Jerusalém. Tratava o governo jordaniano de destruir sinagogas na Cidade Velha, destruir túmulos judaicos antigos no Monte das Oliveiras e usar as lápides na construção de estradas.

A UNESCO nada tem de cultural ou educacional. Foi convertida em organização política imoral, com numerosos políticos árabes, que não permitem apresentar a realidade e a verdade. A UNESCO chegou ao absurdo de rejeitar qualquer ligação do povo judeu com Jerusalém. Esta é sua eterna Capital e para onde, ao longo dos séculos, judeus do mundo todo se voltam em suas preces.

O Túmulo de Raquel (uma das 4 matriarcas do judaísmo), perto de Beth Lehem (Belém), era chamado até pelos árabes de Kubat Rachel. Depois foi rebatizado de Mesquita de Bilal Ibn Rabah. Este foi dos primeiros “moazin” (cantores que chamam os crentes para rezar) da época de Maomé e que foi enterrado na Síria. Assim é também em relação à Mearat Hamachpelá – a Caverna dos Patriarcas – que, segundo a Torá, foi comprado pelo patriarca Abrão para lhe servir de último repouso e onde foram enterrados também seus filhos.

A UNESCO, junto com a ONU, tem que se envergonhar em distorcer a história e condenar Israel, mais do que todos os países do mundo juntos. Por esta razão, Israel não tem que fazer parte deste circo sem graça e esta é a razão pela qual está deixando a organização.


DAVID S. MORAN – Mora em Israel, é formado em Relações Internacionais pela Universidade Hebraica de Jerusalém e Major da reserva do exército israelense.

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