POR FAVOR, ME PERDOE – RABINO ARIEH RAICHMAN

344_história_3_1Perdoar alguém é uma das coisas mais difíceis de fazer, mas uma das mais gratificantes.


“Eu não falo com ele há 27 anos”, disse o homem sentado na minha frente. “Por que tanto tempo?” Perguntei. Ele disse: “É uma longa história, costumávamos ser parceiros e eu o peguei roubando nossos negócios”. “Parece uma boa razão”, eu disse. “Mas você já pediu uma explicação? Não estou de acordo com o que ele fez, mas sempre há o outro lado da história. Talvez ele tenha se arrependido do que fez. Se ele pedisse perdão, você o perdoaria?”

Quando a idéia de perdão começou a se instalar, lembrei-me de um ensinamento incrível. Perdoar alguém é uma das coisas mais difíceis de fazer, mas uma das mais gratificantes. Manter maus sentimentos em relação à outra pessoa arruína os relacionamentos, a sua saúde e o deixa de mau humor. Então, o que se deve fazer quando uma pessoa machuca você?

Vamos tirar uma lição do nosso relacionamento com D’us: como a nação judaica O machucou, e como mais tarde, Ele nos perdoou.

No dia 17 de Tamuz, o povo judeu pecou contra D’us com o bezerro de ouro e, no mesmo dia, Moisés quebrou as Luchot (Tábuas da Lei). Moisés, que não pecou, serviu como intermediário e implorou a D’us pelo perdão de seu povo. Por 40 dias e noites, ele orou em favor deles e somente então, D’us os perdoou parcialmente. Digo parcialmente, porque D’us permitiu que um novo conjunto de luchot fosse escrito, mas o pecado original (bezerro de ouro) não fora perdoado.

É semelhante ao que acontece em nossos relacionamentos, quando alguém pede perdão pela primeira vez. Geralmente, aceitamos as solicitações e interagimos com a pessoa como antes, mas há uma diferença. O rancor e mal-estar nos espreitam toda vez que interagimos com a pessoa. É como se houvesse um lembrete constante em nossas cabeças dizendo: “Essa pessoa vai me machucar de novo?”

Após o segundo conjunto de quarenta dias e noites, D’us perdoou o povo judeu com alegria. Esse dia foi o dia 10 de Tishrei, hoje conhecido como o dia do perdão, Yom Kipur. É neste dia que somos capazes de alcançar uma ficha limpa com D’us, onde não existem ressentimentos ou más lembranças.

Nas relações humanas, existem três etapas para alcançar esse objetivo com base na lição acima:

1) Leva tempo: Moisés estava pedindo perdão por 40 dias e noites = 960 horas. Uma pessoa não pode machucar alguém, pedir perdão e esperar ser perdoado assim de imediato.

2) Intermediário: É claro que a nação judaica orou para que Moisés conseguisse orar por eles. No entanto, foi Moisés quem falou com D’us, pois ele ainda mantinha um bom relacionamento com D’us. Às vezes, um intermediário pode ajudar a corrigir os relacionamentos.

3) Níveis de perdão: há estágios de perdão, e quanto mais esforço é feito para fortalecer o relacionamento, mais fácil é perdoar.

Ninguém é perfeito, e perdoar é difícil. Mas a fórmula existe para usarmos.

Shalom!


Rabino Arieh Raichman – Nasceu em Houston, Texas, e estudou em várias Yeshivot da Argentina, Brasil e Estados Unidos. Recebeu sua Smicha- Certificado de Rabino da Rabbinical College of America, e também é formado em Mohel. Desde 2009, juntamente com sua esposa e quatro filhos, é o emissário de Chabad em Manaus, Amazonas.

Beit Chabad Manaus – www.chabadmanaus.comchabadmanaus@gmail.com

20
20