SUCOT – A FESTA DAS CABANAS – RABINO RUBEN NAJMANOVICH

Rabino Ruben'


Nestes dias devemos pensar em toda a benevolência que teve e tem o nosso Criador (Borê Olám) para conosco. Quando saímos do Egito, apiedou-Se de nós e protegeu-nos durante quase quarenta anos ao prover-nos de cabanas (sucot), que nos protegiam do sol durante o dia e do frio durante a noite.

 

De todas as festas do calendário hebreu, há três que têm uma relação entre si. Estas festas conhecemos como shalosh regalím (as três festas de peregrinação). Nestas festas, cumpria-se com a obrigação de peregrinar à cidade de Yerushaláyim nas épocas em que a Casa Santa (Bet Hamikdash) estava em pé.

Estas festas não só estão relacionadas com sucessos históricos determinados como também têm relação com o trabalho da terra. Na festa de Pêssach – que sempre cai na época da primavera – recordamos a saída da terra do Egito. Na festa de Shavuot – época na qual se colhe o produto do campo – recordamos a entrega da Toráh no Monte Sinai. E, na festa de Sucot, recordamos que D’us nos fez ananê hacabod (as nuvens da honra). Por outro lado, nossa festa tem relação com a finalização da colheita de toda a produção do campo, ou seja, o momento em que se a armazenava.

Nestes dias devemos pensar em toda a benevolência que teve e tem o nosso Criador (Borê Olám) para conosco. Quando saímos do Egito, apiedou-Se de nós e protegeu-nos durante quase quarenta anos ao prover-nos de cabanas (sucot), que nos protegiam do sol durante o dia e do frio durante a noite. Todavia, sua proteção não se limitava ao natural, senão que também tinha lugar no rol do sobrenatural, através das nuvens de honra ou glória.

Por outro lado, desde o passado, em Sucot também temos desfrutado de Sua Bênção na área econômica. Tivemos a parnassáh (sustento) necessária para alimentar-nos e obtivemos todas as nossas necessidades vitais. É por isso que devemos nos tornar pequenos e sairmos do lugar mais seguro que temos – nosso lar – para viver, durante os dias da festa, na sucáh. Desta maneira, expressamos a idéia de que toda a nossa segurança vem do Senhor e não de nosso poder e esforço, ou seja, aprendemos a ser mais sensíveis à nossa concepção humana e liberar-nos da vaidade que nos deixa cegos.

Quando saímos de um lugar tão protegido de ventos, frio, calor e chuvas e entramos na sucáh, experimentamos uma sensação de insegurança, sentimo-nos indefesos e desprotegidos e é neste preciso momento que devemos nos lembrar de D’us, verdadeira fonte de tranqüilidade e proteção em todos os aspectos de nossa vida.

Por outro lado, pode-se encontrar uma mensagem na mitzváh da sucáh, observando sua localização no calendário. Há poucos dias, em Yom Kipur (O Dia do Perdão), fomos julgados e D’us perdoou nossas atitudes erradas porque viu nosso sincero arrependimento. Quando nós deixamos nossas casas e vamos à sucáh para vivenciar, durante alguns dias, a intempérie, estamos mostrando, de alguma forma, que até agora “protegemo-nos da segurança de nossas casas”, porque estávamos cheios de erros e o temor nos invadia por medo de suas conseqüências. Porém, agora que já fomos perdoados, saímos de nossas casas sem medo algum.

Esta idéia é insinuada na Toráh. No livro Bereshit (Gênesis), capítulo 32 e seguintes, conta-nos a Toráh a respeito do regresso do nosso patriarca Yaacob à terra de Israel. Yaacob encontrou-se com seu irmão Essav depois de residir vários anos com seu tio Laban. Ele tenha escapado da casa de seus pais e de sua terra, pois seu irmão Essav queria matá-lo por ter tomado suas bênçãos. Depois do reencontro, Essav pediu-lhe que fossem juntos e, Yaacob explicou-lhe que era impossível, pois tinha meninos pequenos e gado que devia cuidar, e pediu-lhe que se adiantasse. Logo, diz a Toráh: “Retornou, nesse dia, Essav ao seu caminho, até Seir; mas Yahacob viajou a Sucot.” (Bereshit – Gênesis, 33: 16-17).

Este episódio pode-se interpretar da seguinte forma: Essav simboliza o Yêtzer Hará (instinto negativo) e nosso patriarca Yahacob simboliza todo o Povo de Israel. Seir, o nome do lugar até onde foi Essav, significa em hebraico “cabra”, e faz alusão à cabra que se enviava em Yom Kipur ao lugar chamado Azazel, no deserto. Por meio deste ritual, D’us perdoava as transgressões dos filhos de Israel, como explica a Toráh no livro Vayikrá (Levítico), capítulo 18.

Depois que o instinto negativo (Essav) vê que a cabra foi enviada ao deserto, não denuncia os erros dos filhos de Israel. Ele os abandona e regressa ao seu lugar no deserto. E, quando o Povo de Israel (YaHacob) vê que o instinto negativo (Essav) abandonou-os, saem à sucáh, demonstrando, assim, que já não temem pelos erros cometidos.

Bibliografia – livros Tzeror Hamor e Siftê Cohen


RUBEN NAJMANOVICH – Rabino, Professor da Ciência da Religião, Mestre em Ciências Sociais e humanidades menção educação. Saiba mais.

rubenaj@terra.com.br

20
20