ETERNO DUALISMO: O BEM E O MAL – RABINO YACOV GERENSTADT
Quando fazemos o bem, atraímos luzes para nosso corpo e para nossa alma.
Porém, quando nossos atos não são inteiramente puros, totalmente altruístas e sem intenções de benefício próprio, absorvemos para dentro de nós o mal.
Em 1920, o Rebe Shalom Dovber, também conhecido como Rebe Ha’Rashab (o 5º Rebe de Lubavitch), foi enterrado na cidade de Rostov, na Rússia.
Dez anos depois, o governo Russo, com sua nova visão comunista, decidiu construir várias estradas de ferro para exilar os cidadãos contra-revolucionistas a campos de trabalhos forçados na região da Sibéria. Uma destas estradas, de acordo com o projeto, passaria por Rostov, e teria uma boa chance de cobrir ou no mínimo danificar o túmulo do Rebe, tão querido aos seus chassidim (discípulos).
Os chassidim, sabendo desses planos, rapidamente se reuniram e tentaram negociar com as autoridades locais, mas foram refutados energeticamente. Logo, os chassidim se reuniram e, após consultarem rabinos peritos nas leis judaicas, decidiram exumar o corpo do Rebe e transferí-lo a algum local próximo.
Para essa função, foram eleitos quatro chassidim e um médico voluntário e de confiança. Os cinco jejuaram aquele dia e após a imersão na Mikvê (banho ritual purificador), entraram escondidos no cemitério, no meio da madrugada, para executar a missão. Os cinco começaram a cavar e, quando chegaram ao corpo do Rebe, perceberam que ele estava milagrosamente intacto, sem nenhum arranhão. O médico, assustado, tentou fugir, exclamando: “Não é possível! Este homem deve estar vivo!”. Naquele momento, o Rabino Yacov Landau (pai do atual Rabino Chefe da cidade de Bnei Brak, em Israel) interveio, e disse : “Meu caro, eu estive no enterro dele dez anos atrás. Vamos retirá-lo daqui, e depois eu lhe explico”.
A dissipação do mal
A história acima, realmente, precisa ser melhor explicada. Afinal, a ordem natural das coisas é que, após o término da vida corpórea, as criaturas retornam à natureza. Este é o ciclo natural do mundo e a própria Torá afirma: “Do pó vieste, ao pó retornarás” (Gênesis 3:19).
Porém, aqui reside um segredo muito importante para todos nós. O homem foi criado para ser eterno. Adão era um ser imortal até comer do fruto proibido e, se o fruto não fosse consumido, Adão e Eva teriam, hoje, 5772 anos. O problema começou quando o mandamento Divino referente à Árvore do Conhecimento do bem e do mau não foi cumprido, tornando Adão um ser mortal: “Mas da Árvore do Conhecimento do bem e do mal não comas, pois no dia em que comeres dela morrerás” (Gênesis 2:17).
No início da criação, o bem e o mal estavam separados, as criaturas eram boas até o fim, ou más até o fim. Não existia o meio termo. A cobra era má até o fim, enquanto que Adão e Eva eram bons até o fim. Esta ideia também é percebida quando a Torá cita o versículo: “O homem e a sua mulher estavam ambos nus, mas não se envergonhavam um com o outro” (Gênesis 2:25). Não havia malícia, o mau não estava dentro deles. A cobra, por outro lado, estava totalmente impregnada pelo mal: “A serpente era o mais esperto de todos os animais do campo que D’us tinha feito” (Gênesis 3:1).
Porém, quando Adão e Eva comeram do fruto proibido, o bem e o mal se misturaram. Hoje, dificilmente encontraremos algo que seja somente bom, ou somente ruim, já que todas as criaturas são compostas do bem e do mal.
Quando fazemos o bem, atraímos luzes para nosso corpo e para nossa alma. Porém, quando nossos atos não são inteiramente puros, totalmente altruístas e sem intenções de benefício próprio, absorvemos para dentro de nós o mal. Quando isso ocorre, precisamos passar por um estágio de purificação, que envolve o corpo e a alma, os “sócios” que realizaram o ato.
A purificação da alma se dá durante a vida da pessoa ou, até mesmo, após a morte. Porém, estes processos são inúteis para purificar o corpo. Por isso, D’us instituiu o processo de decomposição do corpo, pois, desse modo, o mal se dissipa e não é eternizado.
Por esta razão, somente pessoas extremamente justas, que não tiveram nenhum contato com o mal durante esta vida, estão livres do processo de decomposição após o falecimento.
Rabino Yacov Gerenstadt – Preside a primeira unidade do Gal Einai no Brasil. Saiba mais.
Fonte: www.galeinai.com.br