A CABALÁH DE PENSAR – RABINO RUBEN NAJMANOVICH
PENSE, ANTES DE AGIR
Um pai no leito de morte deu instruções a seu filho: “Nunca tome uma atitude quando estiver irado. Contenha-se e retarde sua reação até o dia seguinte.”
Passaram-se os anos; o filho casou-se e viajou para o outro lado do oceano a negócios, sem saber que a esposa esperava um filho. Devido às guerras que ocorreram, não lhe foi possível voltar para casa por alguns anos. Não pôde deixar de indagar-se se a esposa não poderia tê-lo dado como morto e casado novamente.
Quando finalmente retornou, chegou a casa tarde da noite. Enquanto estava parado em frente à porta, escutou a esposa falando carinhosamente com alguém. Foi dominado pela fúria, e estava pronto a irromper na casa e a atacar sua mulher e o estranho. Porém, lembrou-se das palavras do pai e refreou-se. Então ouviu a esposa dizer: “Querido filho, como eu gostaria que seu pai soubesse do filho maravilhoso que tem. Um dia ele voltará para nós.”
O homem chorou de alegria, e ficou grato ao pai pelas sábias palavras que lhe deixara como herança.
A Cabaláh ensina que devemos controlar nossa alma animal, “Nefesh Habaamit”, o mais comumente conhecido “Yetser Haráh”. Esta alma animal não é um animal bruto, uma besta, é um astuto animal, a raposa, havendo necessidade de grande sabedoria e equilíbrio espiritual para perceber suas artimanhas. Outras vezes veste-se de Tsadik, um integro, humilde, possuidor de boas virtudes. A tal ponto que você lhe outorga honras não merecidas, sandak (padrinho) de Berit Miláh (circuncisão), testemunhas de casamento, honras para cerimônias religiosas. E quando um alma, a denuncia, existem alguns que não desejam escutar nem enxergar.
Porque a alma animal manifesta-se dentro de cada ser humano, de cada pessoa, conforme seu caráter individual. Muitas vezes a alma animal ataca nos pontos mais fracos, Avodáh (serviço a D’us, a oração), vai convencendo-nos, que tal lugar não é bom para mim, que é preferível rezar no lar, que está chovendo, que faz frio, que estou cansado.
E o ser humano deve pensar antes de agir, assim dizem os mestres da Cabaláh. Devemos meditar e superar essas artimanhas, e não deixar que nos atrapalhem na realização de uma boa ação ou preceito, ou fazer Avodáh (com mais pessoas, em público, com cânticos) com mais intenção e concentração. Nunca deixe que o interior convença que existe uma ação nobre e elevado e que pode postergar o serviço a D’us e a realização de uma boa ação.
As conseqüências do convencimento se observam na idéia de isolar-se, de negar o mundo, de convencer-se de objetivos que não se conhecem, de imaginar-se situações ou espaços onde só temos uma idéia superficial.
Para isto devemos trabalhar as faculdades intelectuais: Chochmáh (Sabedoria) – Bináh (Inteligência) – Daat (Conhecimento); e este trabalho através da oração permitirá que influenciem nas sete Sefirot ou emanações emocionais, que se derivam das Dez Sefirot Superiores. Tudo isto aplica-se aos três níveis da alma: Nefesh (alma material), Ruach (inspiração Divina, o equilíbrio do material e espiritual), Neshamáh (alma espiritual), que se investem no corpo humano. Porem “Mesirut Nefesh” a disposição a entrega, a conectar-se aos mandamentos Divinos, é a essência de não desligar-nos do Criador, se isto sucede perdemos a energia do Ein Sof, do infinito, e por tanto as Sefirot que se iniciam na Sefiráh – Emanação – Chochmáh (sabedoria), se confunde e acha o certo por errado e o errado por certo, se isola, não ouve nem escuta, não compreende, não entende, e como um animal, não enxerga aos lados e se vai perdendo, até desprender-se do essencial, para achar que ele esta correto.
Devemos aprender das orações, que por paz, harmonia, se retrocede três passos, e ao enxergar uma visão diferente temos idéia da verdadeira dimensão de nosso caminho.
RUBEN NAJMANOVICH – Rabino, Professor da Ciência da Religião, Mestre em Ciências Sociais e humanidades menção educação. Saiba mais.