TEMER E ALCKMIN HOMENAGEIAM SOBREVIVENTES E PRACINHAS DA FEB NO DIA DO HOLOCAUSTO
“Esta data é um importante exercício universal de memória, um momento ímpar de respeito às vítimas e de projeção para o futuro. A tragédia do Holocausto deixou como legado um grande progresso do Direito Internacional Público, para fazer face aos crimes contra a humanidade. Hoje, nossa missão é transformar as mentalidades. No Brasil, o racismo é um crime inafiançável”, afirmou o presidente em exercício Michel Temer na cerimônia do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, nesta segunda-feira à noite, em São Paulo.
O governador Geraldo Alckmin, que ofereceu o Auditório Ulisses Guimarães, no Palácio dos Bandeirantes, para a realização da solenidade, disse que é necessário lembrar também aqueles quearriscaram suas vidas em solidariedade aos judeus. Ressaltando a responsabilidade de todos nós contra a intolerância, citou o escritor francês André Malraux: “O túmulo dos heróis é o coração dos vivos”.
O presidente da Conib, Claudio Lottenberg, exaltou a “resiliência dos sobreviventes e seu apego aos valores judaicos, de ética, educação e cultura”. Ele fez referência aos “imperdoáveis” massacres ocorridos na África, em Ruanda e Darfur, e ao espírito de solidariedade da comunidade judaica, que planeja um projeto de ajuda humanitária na Guiné-Bissau.
Na solenidade promovida pela Confederação Israelita do Brasil (Conib) e pela Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp), com o apoio da Congregação Israelita Paulista (CIP), em lembrança aos seis milhões de judeus dizimados pela barbárie nazista, foi prestada uma homenagem à FEB- Força Expedicionária Brasileira, que há 70 anos desembarcou na Itália para lutar contra o nazifascismo na Segunda Guerra Mundial.
Também foram homenageados o ator Juca de Oliveira e o dramaturgo Walther Negrão. O ator representou, nanovela “Flor do Caribe”, de Negrão, o personagem Samuel, um sobrevivente do Holocausto. Por seu trabalho na divulgação desse trágico período histórico.Impossibilitado de ir à cerimônia, Negrão foi representado por Julio Fischer, seu parceiro na escrita da novela.
A solenidade no Palácio dos Bandeirantes teve a presença de sobreviventes do Holocausto e veteranos da FEB; de representantes de partidos da base governista e da oposição: os ex-governadores Aécio Neves, Alberto Goldman e José Serra; o secretário municipal de Direitos Humanos, Rogério Sottili, representando o prefeito Fernando Haddad; o deputado federal Hugo Leal; dom Tarcísio Scaramussa e dom Julio Akamine, bispos auxiliares de São Paulo; a ex-senadora Eva Blay; o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab; a diretora do Instituto Lula, Clara Ant; os ex-ministros Celso Lafer e Mailson da Nóbrega; o presidente da Fiesp, Paulo Skaf; os presidentes da Fisesp, Mario Fleck; e do Congresso Judaico Latino-Americano, Jack Terpins; presidentes de federações israelitas de diversos Estados brasileiros; o embaixador de Israel, Rafael Eldad; o embaixador do Reino Unido, Alex Ellis, os cônsules de Israel, Yoel Barnea e Osias Wurman, da Alemanha, Polônia, Ucrânia e dezenas de outros países, além de autoridades políticas, diplomatas, intelectuais, rabinos e líderes comunitários. O portal Terra transmitiu a cerimônia ao vivo.
A CHAMA DA MEMÓRIA
O rabino David Weitman fez uma oração em lembrança às vítimas do Holocausto. Ele viajou recentemente à Europa, com 100 jovens judeus. Ao visitar o campo nazista de Matthausen, deparou com um livro de “contabilidade” em que está o nome de seu avô. Entre muitas informações, a data da morte: 1º de janeiro de 1945, poucas semanas antes da liberação. “Fiquei chocado e não consegui mais folhear o livro”, disse. “Nada pode ser comparado ao que os nazistas fizeram”, afirmou com veemência. “Com o Iluminismo, o ser humano se desconectou de Deus. Se não traio Deus, não traio o meu semelhante”.
Os avós do rabino Michel Schlesinger sobreviveram ao Holocausto. Eles se casaram na Itália, em 1946. O presente do noivo à noiva: uma toalha de mesa. “Para quê, se não temos mesa?”, perguntou a noiva. No Brasil, eles encontraram a esperança em meio à dor. Schlesinger cantou um salmo.
O rabino Ruben Sternchein notou que, entre os sobreviventes, nenhum escapou totalmente vivo; algo dentro deles morreu. Ele lembrou o poeta Paul Celan, sobrevivente do Holocausto que se suicidou, em 1970, e cuja obra busca “um caminho para acreditar no homem, para que ele possa acreditar na sua humanidade”. O chazan [cantor litúrgico] Avi Burstein entoou o “El Male Rachamim”, oração para os falecidos.
Posteriormente, foram acesas seis velas em homenagem aos seis milhões de judeus mortos. Acender a primeira vela coube aos representantes das novas gerações do povo judeu, os jovens Ariel Kovesi, Beni Ostronoff e Mauricio Homsi, junto ao senhor Julio Gartner sobrevivente do holocausto, que passou por cinco campos de trabalhos forçados, inclusive o de Plasow, retratado no filme “A Lista de Schindler”. A segunda por José Vicente, reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, representando a comunidade negra; e Mahesvara Caitanya Das, representando o movimento Hare Krishna, junto ao senhor Kiwa Kozuchowicz, sobrevivente de seis campos nazistas. A terceira, pelo general Adhemar da Costa Machado Filho, chefe do Comando Militar do Sudeste; os veteranos da FEB Cleir de Carvalho e Raul Kodama; o presidente da Congregação Israelita Paulista, Sergio Kulikowsky e George Legman, nascido no campo de concentração de Dachau, na Alemanha. A quarta vela, pelo presidente da Câmara Municipal de São Paulo, José Américo e os vereadores Floriano Pesaro e Ari Friedenbach, junto à Rita Braun, judia polonesa que precisou mudar de identidade e adotar então outra religião para poder sobreviver durante a Segunda Guerra, e Aleksander Laks, sobrevivente da Marcha da Morte. A quinta vela, pelo governador Geraldo Alckmin, o presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo, Mario Fleck; junto à senhora Nanette Konig, colega de classe de Anne Frank e sobrevivente do campo de Bergen-Belsen. A sexta vela, pelo Presidente da República em exercício, Michel Temer, acompanhado de Claudio Lottenberg, presidente da Confederação Israelita do Brasil, do senhor Ben Abraham, presidente da Associação Brasileira dos Sobreviventes do Nazismo e sobrevivente do campo de Auschwitz, e sua esposa Miriam Nekrycz, sobrevivente do gueto da cidade de Luck.
OS PRACINHAS DA FEB E A ALMA BRASILEIRA
O orador da noite, tenente Israel Blajberg, recordou a história da entrada no Brasil na Segunda Guerra Mundial e a participação da FEB: “Os italianos mal sabiam quem eram aqueles novos combatentes. Mas não tardariam a descobrir por trás dos uniformes a alma brasileira daqueles soldados-cidadãos, que dividiam com eles as suas rações de combate, ainda hoje recordados como os Liberatori”.
Blajberg é diretor da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro, diretor de Relações Públicas da Associação Nacional dos Veteranos da FEB e autor do livro “Soldados que vieram de longe”, sobre os combatentes brasileiros judeus na segunda guerra mundial.
Crédito Fotográfico – Eliana Assumpção
Governador Geraldo Alckmin e D. Lu, VP Michel Temer representando a Presidente Dilma, senador Aécio Neves e o presidente da Conib, Claudio Lottenberg.
Mario Fleck entrega placa a Juca de Oliveira, um dos homenageados da noite.
Jayme Blay, Ricardo Berkiensztat e o senador Aécio Neves.
Michel Temer recebe um presente de Claudio Lottenberg.
Sofia Debora Levy, Claudio Lottenberg e Israel Blajberg
Bruno Laskovasky, Gilberto Kassab e Celia K. Parnes.
Jayme Spitzkowisky e Raul Kodama.
Osias e Suzana Wurman e cônsul Yoel Barnea.
Juca de Oliveira, Lu e o governador Geraldo Alckmin.
Jayme Blay, Claudio Lottenberg, Aécio Neves e Celso Lafer.
Embaixador Rafael Eldad, Jayme Salim Salomão, Claudio Lottenberg e Ana Bentes Bloch.
Raul Kodama e Aleksander Laks.
Miriam Nekrycz, Ben Abraham e Aleksander Laks.