O PERIGO DA ESTEREOTIPIA – MERALDOZISMAN

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Estereotipar um grupo humano é muito perigoso. Complexo. Sempre trágico. Sei disso, pois já senti na própria pele. Principalmente quando o estereótipo é subliminar, do tipo criado pelo norte-americano Walter Elias Disney (1901-1966).

Refiro-me à instigante personagem por ele criada, o Zé Carioca (por trás dos simpáticos personagens infantis existia um homem extremamente conservador na política e com certas simpatias pela Alemanha nazista, racista e cuja genialidade não o exime de ser considerado, por mim e por muitos, como um racista preconceituoso). Mas, tornando ao início desta croniqueta, o ilustre cronista patrício Pompeu de Toledo, escritor de repercussão nacional (repito), fecha a referida crônica desta maneira:

“Advirto aos senhores da Mídia: muita cautela com essa estereotipia do Homem Brasileiro. Não existe momento político, econômico, civil ou militar que possa baixar a nossa autoestima ou o orgulho positivo do povo brasileiro”.

Entendo, como médico, psicoterapeuta, brasileiro, nordestino e de ascendência judaica, o perigo da perda da autoestima, seja ela qual seja: individual ou coletiva.

Não estou aqui para dar aulas de Higiene Mental a nenhum dos meus patrícios e muito menos aos senhores da imprensa, com o poder de fogo que possuem e que– espero – continuem a ter e nem para dizer que as primeiras vítimas do preconceito são infelizmente, os que por elas sofrem/sofreram. Não sendo nenhum ingênuo, sei da gravidade da conjuntura nacional, com o engessamento do Estado por um partido único que quer se perpetuar no poder, etc. etc. Estamos em um processo de amadurecimento democrático.

Como antigo professor de Pediatria, sei que a sociedade tem de tolerar, à semelhança do ser humano, a sua própria dor de crescimento para se tornar um adulto. É o preço que temos de pagar pelo aprimoramento democrático, como nação.

No caso da democracia, o seu desenvolvimento, para ser sustentável, tem que ser alcançado por acúmulo de experiências democráticas e jamais por rupturas abruptas. Apesar desses momentos, mais ou menos dolorosos, que temos/teremos que enfrentar para alcançarmos um justo lugar entre os demais países sérios e que o caranaval seja uma curiosidade, não a essência.


MERALDO ZISMAN – Médico, psicoterapeuta. Saiba mais.

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