VOCÊ TEM UM LADO SOMBRIO? – RABI ARON MOSS

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Há uma voz lá dentro que me diz para ser correto, moral e bem comportado. Este é o meu impulso de ser bom, chamado yetser tov. Porém, também tenho um lado errado e rebelde, uma voz interior que tenta me convencer a fazer o que é errado, prejudicial e egoísta, conhecida como yetser hará.


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Pergunta:

Meu filho sempre culpa outra pessoa pelo próprio mau comportamento. É sempre “ele começou”, “ela me fez fazer isso”, e nada jamais é falta dele. Como posso ensiná-lo a assumir responsabilidade pelas próprias ações e não lançar a culpa em cima dos outros?

Resposta:

Ontem meu filho de dois anos tirou um brinquedo da irmã maior. Ela estava a ponto de estrangular o irmãozinho, portanto resolvi intervir. Vi o episódio como uma chance de comunicar um pouco de sabedoria judaica, e expliquei à minha filha a ideia das nossas duas vozes interiores – o yetser hará e o yetzer tov.

Há uma voz lá dentro que me diz para ser correto, moral e bem comportado. Este é o meu impulso de ser bom, chamado yetser tov. Porém, também tenho um lado errado e rebelde, uma voz interior que tenta me convencer a fazer o que é errado, prejudicial e egoísta, conhecida como yetser hará.

Essas duas vozes estão numa batalha constante para tentar me dominar. Tenho de escolher qual lado prevalece. E sou responsável pela minha escolha. Se der ouvidos ao meu lado sombrio, então sou o único culpado.

Portanto, antes que a minha filha tivesse a chance de atacar o irmão, perguntei a ela: “Você vai ouvir seu yetser hará e atacar seu irmão, ou vai escutar seu yetser tov e encontrar outra coisa para brincar?”

Isso mudou tudo. Em vez de ter uma briga com o irmão, ela agora estava enfrentando um conflito interior entre o bem e o mal. Ela não pode mais desculpar o próprio comportamento dizendo: “Foi ele que começou.” Não importa quem começou, se ela bater nele, fez uma escolha errada. Era ao seu próprio yetser hará que ela iria sucumbir.

Por outro lado, se escolhesse não machucar o irmão e se afastar, ela não é a perdedora, mas uma vencedora. Ela não perdeu uma briga com o irmão, mas sim venceu uma batalha contra a própria má inclinação. De qualquer maneira, a opção é dela, que é responsável pela própria escolha.

Ela pensou a respeito por um minuto e então tomou a decisão. Deu um tapa no rosto do irmão.

Bem, pelo menos eu tentei.

Porém, não foi um fracasso. Embora ela não tivesse feito o que eu queria, ela ouviu o que eu tinha a dizer. Esse episódio reforçou em sua jovem mente a ideia de que há uma batalha interior entre o bem e o mal. A longo prazo, com repetição e paciência, aquela mensagem vai ficar gravada.

Crianças brigam. Não vão mudar tão depressa. Porém, movendo o campo de batalha do exterior para uma batalha interior, podemos ajudar nossos filhos a canalizarem a agressão para uma luta contra seu próprio lado mau, e por fim, seu lado bom vencerá.


RABI ARON MOSS ensina Cabalá, Talmud e Judaísmo prático em Sydney, Austrália, e contribui frequentemente com Chabad.org.

Fonte: PT.CHABAD.ORG – Revista Semanal