SINAGOGA BETH ISRAEL DE SAN DIEGO – USA – POR FELIPE DAIELLO

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O templo de madeira, Beth Israel, ainda está em atividade. Interessante observar os móveis, o órgão, a sala de espera, os sanitários, tudo bem conservado.


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Numa colina próxima da antiga povoação de San Diego, local edificado pelos espanhóis vindos do vice-reinado do México, onde porto aberto e amigo acolhia viajantes de todo o mundo, encontramos a sinagoga. Distante da cidade do México e das cidades do leste dos Estados Unidos, San Diego era local diferenciado, onde todas as nacionalidades eram aceitas. O monopólio da Coroa Espanhola não era obedecido.

No início, apenas a carne era o único alimento disponível, básico no cardápio dos primeiros colonizadores.

A Praça Central era o local onde as efemérides mexicanas, as tradicionais feiras e as atividades dos dias festivos, incluindo o Dia dos Mortos, eram comemoradas. Agora, nos domingos, podemos reviver as antigas tradições. Uma festa para os olhos e para as máquinas fotográficas.

As antigas casas de adobe, restauradas algumas, reconstruídas outras ou edificadas conforme a arquitetura da época são marcos importantes para perceber o desenvolvimento da primitiva San Diego. A parte antiga é verdadeiro museu.

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Frei Junipero Serra, na sua passagem pela trilha do Rio Grande, deixou também a sua colaboração. Outra missão franciscana, onde o lema era: “Nunca olhe para trás, siga sempre em frente”.

Foi nesse cenário, após a descoberta do ouro em 1847/1848, origem da famosa corrida rumo à Califórnia, que judeu alemão, em 1851, vindo de New Orleans e passando pelo Texas, estabeleceu comunidade na fé de Israel. Swhartzman era o nome.

O templo de madeira, Beth Israel, ainda está em atividade. Interessante observar os móveis, o órgão, a sala de espera, os sanitários, tudo bem conservado.

Após as guerras entre México e os Estados Unidos, quando os cavaleiros americanos chegaram a tomar o Palácio Presidencial na Cidade do México, pelo tratado de Guadalupe – Hidalgo de 1848, as fronteiras foram alteradas, imensos territórios anexados.

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Califórnia, Texas, Novo México, fariam parte da nação que surgia líder na América do Norte.

Com o desenvolvimento do comércio com a Rússia, com a China, com o próprio México, com a descoberta de jazidas de prata pela região, outros membros de fé de Israel aportaram a cidade que continuava bem independente. Longe dos centros de decisão, era possível administrar no local as necessidades da cidade. San Diego sempre senhora do seu destino.

No comércio local circulavam moedas de prata e de ouro do México, bem como os dólares de prata da América.

Pela produção local de prata, moedas eram cunhadas em San Diego O museu local é testemunha. Inclusive, a prata, as riquezas locais, atraiam salteadores. Assaltos às diligências, aos trens que começavam a chegar, eram frequentes. Rotinas.

Os avisos de “Procurados, “Vivo ou Morto”, com valores em dólares, números expressivos para época, ainda podem ser vistos nos museus e lojas locais.

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Uma mistura racial, incluindo escravos libertos ou fugitivos, bem como colonos vindos de tão longe, religiões diferentes, tinham em San Diego, local de acolhida. Duas culturas principais se mesclavam, hábitos, alimentação e métodos de trabalho, roupas e estilo de vida surgiam em San Diego. Globalização.

Foi nesse ambiente que a comunidade Beth Israel cultivou os seus valores e formou comunidade ativa até hoje.

Pelos jornais e informativos da época, a família Straus, cinco irmãos, teria atividade no ramo de roupas que traria fama aquele nome. Pioneiro em San Diego, Levi Straus, percebeu que poderia usar a lona não vendida para cobrir as carroças dos mineradores, em roupa de trabalho ultra resistente; duráveis essenciais para o trabalho pesado nas minas. Sucesso que ainda não terminou.


FELIPE DAIELLO – Autor de “Palavras ao Vento” e ” A Viagem dos Bichos” – Editora AGE – Saiba mais.

www.daiello.com.br

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