VIVER VALE A PENA – RABINO KALMAN PACKOUZ
Felicidade é uma questão de nos concentrarmos no presente. Ao apreciarmos o que há de bom em cada momento, então, em última análise, as nossas vidas serão preenchidas com milhões de momentos de felicidade – e será uma vida feliz.
O que você diria para impedir alguém de cometer suicídio? O que aconteceria se depois de ouvir sobre toda a dor e sofrimento que a pessoa passou na vida, você lhe perguntasse: “Diga-me, e se além de todos os seus problemas, você fosse cego também, e aí, logo antes de saltar, um milagre acontece e você começa a enxergar.
Ainda assim você saltaria?” São grandes as chances de a pessoa dizer: “Você está louco? Eu quero ver como são os meus filhos, a cor do céu, ver o mar, uma montanha! De jeito nenhum eu me mataria!”.
No entanto, existem muitas pessoas que enxergam e que se matam, embora possam ver seus filhos, a cor do céu, o mar e a montanha. Por quê? Nós nos acomodamos e passamos a não enxergar nada de especial com os nossos prazeres na vida. A pessoa pode se acostumar com qualquer coisa – boa saúde, ser multimilionária, jatos particulares, belas casas, até mesmo um cônjuge amoroso e filhos – e não enxergar nada de mais em tudo isto. É triste. Pior, é trágico. O que podemos fazer para nos concentrarmos nos prazeres da vida?
Eis aqui uma ideia: se você for casado, combine com a sua esposa/marido que, ao final de cada dia, vocês vão compartilhar duas coisas boas que aconteceram naquele dia. Muitas vezes gastamos o nosso tempo com o nosso cônjuge reclamando sobre o que saiu de errado naquele dia. Apenas compartilhemos duas coisas boas antes de irmos para os problemas. A cada dia tem de haver duas coisas novas! E se você é solteiro, planeje com um amigo fazer isto todos os dias.
O que você responde quando alguém lhe pergunta “Como vai?” Muitas vezes encontro pessoas que dizem: “Não tenho do que reclamar”. Esta resposta não é proveitosa para mim e menos ainda para a pessoa que respondeu. Às vezes eu tento fazê-los perceber que, se não têm do que reclamar, então provavelmente têm algo de bom do que ter prazer. Como faço isto? Pergunto-lhes: “E por que não? Eu sou um rabino. Pode falar e eu vou ouvir as suas reclamações sobre a vida”. A maior parte das pessoas responde que realmente não têm nada do que reclamar. (Eu não sou ingênuo; eu sei que é bem provável que a pessoa simplesmente prefere não ter esta discussão comigo …).
Então eu sugiro: “Por que não treinar-se a responder: ‘Bem, graças a D’us’ — ou se realmente quer apreciar a vida, responda: ‘Ótimo, graças a D’us’. E se a pessoa quer realmente desfrutar do encanto da vida, responda: ‘Fabuloso, graças a D’us’ ou ‘Magnífico, graças a D’us’”. Isto não apenas anima a pessoa
que responde, mas também empolga quem perguntou!
Por que eu sempre sugiro que se diga “Graças a D’us”? É importante na vida ter gratidão e demonstrar gratidão. Tudo o que temos na vida é, em última análise, um presente do Todo-Poderoso. Ao nos concentrarmos sobre esse fato e reagirmos de acordo, isto não só faz a pessoa mais feliz, mas também uma pessoa melhor.
Em um nível ainda mais profundo, o Talmud (Berahot 54a) ensina que a pessoa é obrigada a abençoar o Todo-Poderoso por um infortúnio com a mesma alegria que quando O abençoa por uma notícia boa. Como é possível cumprir esta obrigação? Ao reconhecermos que o Todo-Poderoso nos ama e só nos envia aquilo que é bom para nós – para o nosso crescimento espiritual – então poderemos trabalhar sobre focar em que aquilo que parece ‘ruim’ agora será, em última análise, para o bem.
Além desta abordagem filosófica a longo prazo, cada um de nós tem a escolha sobre no que quer se concentrar no presente imediato. A antiga pergunta: “o copo está meio cheio ou meio vazio?” aplica-se diariamente, momento a momento. (A propósito: talvez o copo seja demasiado grande? Ou, talvez, depende de se você o está enchendo ou bebendo?).
Felicidade é uma questão de nos concentrarmos no presente. Ao apreciarmos o que há de bom em cada momento, então, em última análise, as nossas vidas serão preenchidas com milhões de momentos de felicidade – e será uma vida feliz.
Alguém que foca apenas no passado, muitas vezes é com lamentos sobre oportunidades desperdiçadas ou benefícios perdidos. (É verdade: não há problema em se concentrar no passado, mas não há futuro nisto!) Por outro lado, se a pessoa olha para o futuro com expectativas ou desejos de que as coisas sejam diferentes, ela perde em apreciar o que está acontecendo agora – provavelmente está se concentrando apenas naquilo que está ‘faltando’ agora.
Certa vez vi uma bela citação que resume tudo isso: “O passado é história, o futuro, um mistério e agora é uma dádiva – e é por isso que é chamada de ‘presente’”. Desfrutemos o presente!
Mais uma maneira de se evitar um suicídio
Há aqui nos Estados Unidos casos de pessoas bem-intencionadas, responsáveis, amorosas e gentis que cometem suicídio para prover a subsistência de seus familiares com o prêmio do seguro de vida. Elas tiveram uma mudança de sorte para pior e não querem causar a dor das dificuldades financeiras para a sua família.
Ocorreu-me que se encontrarmos alguém contemplando o suicídio por esse motivo, podemos dizer-lhe o seguinte: “Por favor, converse sobre o assunto com a sua família. Coloque tudo para fora sobre como será difícil a vida se você não se matar para prover-lhes com segurança financeira”. Em seguida, pergunte o que eles preferem.
É bem provável que irão dizer: “Nós preferimos VOCÊ! Não se mate! Nós o amamos!” Se for esse o caso, então não se mate.
E se disserem: “Sabe, você tem razão. Será realmente um terrível fardo financeiro sobre nós; nós realmente apreciamos o seu sacrifício!” Se for esta a sua resposta e o modo como se sentem – então por que matar-se por pessoas como estas?
RABINO KALMAN PACKOUZ – Do Aish Hatorá, é o criador do Meór Hashabat, boletim semanal com prédicas. Saiba mais.
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