QUANTO CUSTA A INTEGRIDADE? – RABINO KALMAN PACKOUZ

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Nossos Sábios declararam: “Se uma pessoa rouba de outra pessoa, mesmo que seja apenas o valor de uma pequena moeda, este fato é considerado como se tivesse tirado a sua alma (Talmud Baba Kama 119a)”.


A seguinte história foi contada pelo Rabino Yisroel Reissman, um dos mais populares palestrantes da atualidade (você pode ouvir suas palestras em

http://www.ishiur.com/Speakers/P1/Reisman-Yisroel-6.html).

Um homem, em um pequeno vilarejo russo, estava observando a venda de um cavalo pelo preço incrivelmente baixo de 500 rublos. Depois de concluída a venda, o homem se aproximou do vendedor e perguntou: “Este cavalo vale pelo menos 2.500 rublos!

Como é possível que você o vendeu por tão pouco?” O vendedor olhou-o com desprezo: “Seu tolo! Aquele cavalo está tão manco que daqui a duas quadras o homem vai ter de carregá-lo para casa nos ombros!”

O homem correu para o comprador e, quase sem fôlego, perguntou: “Você sabia que o cavalo que comprou está manco?” O comprador gargalhou: “Tolo! É lógico que eu sabia. Ele está com um prego em seu casco. Logo que eu tirá-lo, terei um cavalo perfeito por apenas 500 rublos!”

Correndo de volta para o vendedor, o homem exclamou: “O cavalo está com um prego no casco! Logo que ele tirá-lo, o cavalo estará ótimo”. O vendedor riu: “Você é um idiota maior do que eu pensava! Ninguém iria comprar um cavalo manco. Fui eu que coloquei o prego no casco para enganar o comprador!”

Quase sem fôlego, ele voltou ao comprador: “Você foi enganado! Ele colocou o prego no casco para enganá-lo!” O comprador deu de ombros e falou: “Não importa. De qualquer maneira os rublos eram falsos também!”

O que a Torá tem a dizer sobre enganar ou trapacear nos negócios?

No terceiro livro da Torá, Vaikrá, consta o seguinte versículo: “Se você vender alguma coisa ao seu companheiro ou comprar alguma coisa de seu amigo, vocês não devem enganar um ao outro (25:14)”.

A Torá é um manual para a vida. A palavra ‘Torá’ significa ‘instrução’. Ela é o nosso guia para nos aperfeiçoarmos, nos assemelharmos ao Todo-Poderoso e nos aproximarmos Dele. A Torá legisla sobre três áreas de relacionamentos: entre a pessoa e o Todo-Poderoso, entre a pessoa e o seu semelhante e entre a pessoa e ela própria. As leis que regem os negócios são uma parte importante da Torá, para podermos viver corretamente e construirmos um mundo melhor.

O versículo acima nos proíbe de ludibriar os outros ao comprar ou vender. As leis sobre esta proibição são vastas e às vezes complexas. Uma autoridade Haláchica (um expert nas leis do Talmud) deve ser consultada toda vez que uma questão destas surgir.

O Shulchan Aruch, o Código de Leis Judaicas, nos informa que somos obrigados a informar um possível comprador de qualquer defeito existente num item que estejamos vendendo, mesmo se o preço for favorável a ele (Hoshen Mishpat 228:6).

O Rabino Moshe Chaim Luzzato (conhecido como Ramchal, Itália, 1707-1746) escreveu: “É muito fácil uma pessoa cair nas garras do pecado em relação a enganar um comprador. A pessoa deve tentar tornar sua mercadoria atraente e usar táticas honestas de venda com seus clientes para torná-los mais receptivos à sua oferta. Entretanto, se não for cuidadosa, acabará violando a proibição de enganar os demais. Alguém que engana o outro é considerado pela Torá como ‘incorreto’, ‘odioso’, ‘abominável’, ‘baixo’ e ‘desprezível’ (Sifrá 19:35)”. Nossos Sábios declararam: “Se uma pessoa rouba de outra pessoa, mesmo que seja apenas o valor de uma pequena moeda, este fato é considerado como se tivesse tirado a sua alma (Talmud Baba Kama 119a)”.

Porém, se perguntarmos: “Como é possível não tentar influenciar um possível cliente a comprar a minha mercadoria?”, devemos saber que há uma grande diferença entre os métodos que podem ser utilizados. Quando tentamos mostrar ao cliente o verdadeiro valor e a beleza de um artigo, isto é correto e apropriado. Entretanto, ocultar defeitos num dado objeto é algo enganoso e proibido. Este é um princípio básico na integridade dos negócios.

O Rabino Luzzato conclui: “Alguém que se aperfeiçoa em assuntos relacionados a compras e vendas atinge um nível espiritual muito alto, pois existem muitos que conseguem ser corretos em outras áreas da vida, mas não conseguem se aprimorar a ponto de desprezar os ganhos desonestos (Messilát Yesharim, capítulo 11).”

Existem muitos bons livros disponíveis sobre este tema, como por exemplo: ‘Kosher Money’, escrito pelo Rabino Yoel Schwartz, disponível em http://safrajudaica.com/store/product/25702/Kosher-Money/.


RABINO KALMAN PACKOUZ – Do Aish Hatorá, é o criador do Meór Hashabat, boletim semanal com prédicas. Saiba mais.

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Pensamento: “O oposto de integridade é a desonestidade!” – Rabino Biniamin Beinish Finkel – Rosh Yeshivá anterior da Yeshivá de Mir, em Jerusalém (1913-1990)