HOMENAGEM A ALEKSANDER KENRYK LAKS Z’L

Faço minhas as palavras do jornalista Osias Wurman, aqui transcritas juntamente com outras mensagens publicadas na Rua Judaica, para homenagear este ser humano tão especial e que muito fez para perpetuar a lembrança do Holocausto, do qual ele mesmo era um sobrevivente. – Glorinha Cohen


NÓS JAMAIS ESQUECEREMOS: HOLOCAUSTO NUNCA MAIS!

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Não posso dizer que esteja surpreso pela quantidade e qualidade dos que prestaram uma última homenagem ao nosso querido amigo Aleksander Kenryk Laks z’l.

Seu trabalho e dedicação à causa do “Jamais Esqueceremos” comoveu a todos que o conheceram.

Laks tinha um constante sorriso nos olhos que a todos cativava, e sua mensagem era de justiça, jamais de vingança.

Esta doçura de pessoa conseguiu, com suas emocionantes palestras, carrear uma multidão de jovens para a causa do bem: Tornar o lema “Holocausto Nunca Mais” um dever de todos que conviveram com ele.

Laks foi uma testemunha viva do maior genocídio na história da Humanidade.

Laks recebeu, em 2003, a medalha de Cidadão Benemérito do RJ por iniciativa da Deputada Estadual Jurema Batista.

A jovem Anne Frank, vítima dos nazistas, dizia que os humanos cultuam mais os mortos do que os vivos pois o sentimento de remorso é mais forte do que a gratidão.

Cedo este meu espaço semanal para três mensagens que resumem o sentimento de
todos nós.

A primeira da família Laks; a seguinte de uma jovem de 16 anos, que nos foi enviada por seu avô, o Acadêmico Imortal Arnaldo Niskier; e a mensagem da Desembargadora Denise Levy Tredler, Diretora de Direitos Humanos da Bnai Brith.

Osias Wurman – Jornalista


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Agradecimento da família LAKS

O núcleo familiar dos Laks é pequeno.

Aleksander Henrik e Dwojra Sylka (Cecília) Laks geraram dois filhos, que lhes retribuíram com noras e três netos. O núcleo da família Laks, então hoje, conta com somente sete pessoas. Os primos e tios em primeiro grau são todos provenientes da família Zelazo e Orgler, por parte materna, e Guterman, em segundo grau, por parte de Aleksander, pois foi na casa de sua tia Fany, irmã de seu pai Yakov, que ele ficou ao chegar ao Rio de Janeiro.

O Sr. Laks era uma pessoa de uma curiosidade extrema. Tudo o que era novidade na tecnologia da informação era logo alvo de interesse. Não pela tecnologia em si, mas porque a sua necessidade de se comunicar e relacionar era o que o movia na vida. Trocar e receber carinho, afeição e ideias era o motor da sua vida. E isso o Sr. Laks, o vovô Laks, fazia incessantemente, sem limites de tempo, hora, ou lugar. Viajava sem parar, pelo Rio de Janeiro, pelo Brasil e para a Alemanha (todos os anos, inclusive este ano, há dois meses atrás) para as suas palestras e voltava sempre dizendo que conhecera lugares e pessoas, às quais sempre se referia como grandes amigos e aos jovens e crianças como “netinhos”.

A passagem de nosso pai, sogro e avô ocorreu exatamente da mesma forma como foi sua vida. Comovente, comovida, apaixonada, forte. Estes últimos dias, o pequeno núcleo familiar dos Laks foi envolvido de tanto afeto, solidariedade, amor e consideração de todas as instituições judaicas e de tantas outras não judaicas que nenhuma palavra pode descrever como estamos confortados e agradecidos.

As instituições não fizeram declarações formais apenas, protocolares. As pessoas das instituições e todas as pessoas que nos contataram por todos os meios e as que vieram ao Chevrá Kadisha para se despedirem do Sr. Laks demonstraram que o Aleksander Laks que chegou sozinho, sem os pais ao Brasil, não passou pela vida para deixar apenas sete pessoas no seu núcleo familiar. Ele reuniu uma imensa família.

O nosso emocionado agradecimento a todos pelo carinho e conforto que têm nos proporcionado nesta hora. A Família Laks hoje é grande, e nós temos orgulho e satisfação em compartilhar com todos vocês a vida e a memória do Aleksander Henryk Laks.

Família Laks


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Mensagem de uma jovem de 16 anos

Incrivel como o mundo pode desabar em questão de segundos.

Entender os próprios sentimentos sempre me pareceu tão fácil, mas esse de agora é novidade.

Ainda não consegui achar palavras para a falta que esse abraço fará. Que não só me transmitia carinho, mas a força que tem o amor ao outro, à propria identidade e, principalmente, à vida.

Sorte a minha ter podido usufruir dessa energia fomentadora que tanto reinava na sua presença, e que guardarei comigo, sendo minha maior inspiração e exemplo, aonde quer que eu vá.

Não te considero herói somente pelo seu passado, mas pelo seu efeito no futuro, em ter contribuido para fazer das gerações vindouras humanos conscientes que caminham na direção certa.

Para sempre em meu coração, descanse em paz, eterno sobrevivente.

Bruna Flanzer


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O dedo aponta Laks, o único sobrevivente de todas estas crianças.
Foto de 1940.


Mensagem da B’nai B’rith

A comunidade judaica brasileira, e por que não dizer, os judeus de todo o mundo, perderam sua maior voz contra o esquecimento do Holocausto, Aleksander Henrik Laks, presidente da Sherit Hapleitá, a Associação das Vítimas do Holocausto na cidade do Rio de Janeiro e irmão da B’nai B’rith.

Esteve em campo de concentração nazista, onde perdeu sua família no curso da Segunda Guerra Mundial sendo, pois, testemunha viva das atrocidades praticadas no período da guerra.

Contribuiu para a memória desta grande tragédia da humanidade em inúmeras palestras nas capitais brasileiras, e mesmo em pequenos municípios, sempre pronto a transmitir o seu testemunho do Holocausto, certo da importância desta memória não apenas para o povo judeu.

Sua contribuição a seu povo é inestimável e foi muito além das fronteiras do Brasil, inclusive na Alemanha.

Sua grande mensagem foi a de valorização da vida e do amor entre todas as pessoas, sem discriminação de qualquer espécie.

Sentimos todos, com a sua ausência física, um misto de profundo pesar e de felicidade por termos convivido com esta grande alma.

Desembargadora Denise Levy Tredler
Diretora de Direitos Humanos da Bnei Brith RJ

Destacamos a edição do Jornal Nacional, dentre os diversos órgãos da imprensa maior, que registraram e homenagearam a figura humana de Aleksander Henryk Laks:

http://globotv.globo.com/rede-globo/jornal-nacional/t/edicoes/v/polones-sobrevivente-de-campo-de-concentracao-nazista-e-enterrado-no-rj/4340531/

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Na capa da página do Facebook de Laks está retratado um dos momentos mais felizes que teve em comunidade, quando foi ovacionado ao receber na Hebraica-Rio o Prêmio “Homens de Valôr”.

Fonte: Rua Judaica

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