COMIDA KASHER: SIMBOLOGIA E BENEFÍCIOS
Na comunidade judaica existe a tradição de passar as receitas de geração em geração. Confira alguns pratos regados com a simbologia e história.
As tradições da comunidade judaica têm se mantido por séculos. Da celebração dos dias sagrados aos cuidados dedicados à alimentação, esse povo cultiva laços religiosos e culturais.
Festas como a Pessach, a Páscoa, são repletas de simbologias relacionadas aos alimentos. A data relembra a fuga dos judeus da escravidão no Egito, há mais de 3 mil anos.
Conta a tradição que eles não tiveram tempo de esperar a massa do pão crescer antes de fugir. O pão fino e seco, chamado matzá, é o único alimento que os judeus praticantes consomem durante os oito dias da Pessach. Nessa celebração há também outras tradições, como a mesa enfeitada com ervas amargas que simbolizam o sofrimento e a água salgada para lembrar as lágrimas dos judeus durante a escravidão.
Faz parte das práticas judaicas se alimentar apenas de comida kasher – que em hebraico significa apropriado, adequado –, pois o povo judaico acredita que o alimento nutre não apenas o corpo, mas a alma. De acordo com o site Chabad.org, da Chabad-Lubavitch, instituição mundial de fomento à cultura judaica, a energia divina no alimento é a verdadeira fonte de sua capacidade de sustentar e nutrir o corpo.
A comida kasher não é um tipo específico, assim como a italiana ou a francesa, pois os judeus vieram de várias partes do mundo. O termo refere-se aos preceitos que devem ser seguidos durante seu preparo. A partir daí o cardápio pode ir dos alimentos tradicionais da culinária judaica a pratos típicos orientais, mexicanos, italianos.
Vantagens nutricionais
Afora as tradições, a forma como o judaísmo enxerga os alimentos também traz algumas vantagens do ponto de vista nutricional. “Quando pensamos no passado, em que não havia refrigeração e técnicas adequadas de conservação dos alimentos, os preceitos judaicos além de ter finalidade religiosa, acabavam contribuindo para a boa saúde”, diz Luci Uzelin, nutricionista e coordenadora do Serviço de Alimentação do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE).
Uma das grandes regras é não misturar o leite e seus derivados à carne. Sabe-se que o leite prejudica a absorção do ferro proveniente dos alimentos pelo organismo. “Embora seja positivo do ponto de vista alimentar, esse não é o objetivo da prática. Quando se fala em não misturar leite e carne, os judeus praticantes separam panelas, talheres, louças e até a pia para cada um desses grupos de alimentos”, explica Luci. Nas refeições judaicas tradicionais, quando há carne não pode haver manteiga ou sorvete como sobremesa, por exemplo.
O consumo de peixe também acaba trazendo benefícios para a saúde. São permitidos apenas os pescados com escamas e barbatanas, entre os quais arenque, salmão, pintado, bacalhau e atum. As barbatanas e as escamas são barreiras à absorção de toxinas, como o mercúrio, que poderiam contaminar a carne.
Alimentos apropriados
A comida kasher é classificada em três categorias: carne, leite e parve (vegetais, frutas e verduras).
No grupo das carnes podem-se consumir apenas as de animais ruminantes e de casco fendido, como a vaca, o carneiro e o cervo. Portanto, estão fora do cardápio o porco e o coelho, por exemplo.
Do mar, como se consomem apenas os peixes com barbatanas e escamas, naturalmente estão excluídos todos os crustáceos e moluscos.
Entre as aves, não são permitidas as de rapina, que se alimentam de outros animais, mas sim frango, peru, ganso, faisão e pato.
Quando se fala em não misturar leite e carne, os judeus praticantes separam panelas, talheres, louças e até a pia para cada um desses grupos de alimentos
A forma de abate dos animais também deve seguir algumas regras: eles não podem sofrer e, depois do abate, o sangue deve ser completamente drenado. “Após o abate, o animal é lavado e salgado para que se extraia todo o sangue”, conta a nutricionista. Os alimentos preparados com sangue, como morcela e molho pardo, também não devem ser consumidos.
Frutas, verduras e legumes fazem parte da categoria parve e não há restrições para o consumo. Entretanto, devem ser examinados cuidadosamente para extrair vermes e insetos, considerados impuros.
Sabor e tradição
Na comunidade judaica existe a tradição de passar as receitas de geração em geração. Confira alguns pratos regados com a simbologia e história.
GEFILTEFISH (BOLINHO DE PEIXE)
6 porções
· 3 cebolas
· 2 kg de peixe (traíra e carpa). Reserve as cabeças e as espinhas
· 2 litros de água
· 2 gemas
· 3 ovos inteiros
· 50 g de amêndoas moídas
· 1 colher de farinha de matzá, sal, pimenta e açúcar a gosto
· 2 cebolas em rodelas
· 2 cenouras
· Raiz-forte a gosto
1. Doure uma cebola picada no óleo quente e moa junto com o peixe. Depois, adicione as gemas, os ovos, as amêndoas, a farinha de matzá, sal, pimenta e açúcar. Misture até obter uma massa homogênea e lisa. Reserve.
2. Numa panela grande, frite 2 cebolas em rodelas sem deixar escurecer. A seguir, coloque os 2 litros de água, as cabeças e as espinhas dos peixes, as cenouras cortadas, sal, pimenta e deixe ferver por 20 minutos.
3. Faça bolinhos com a massa de peixe e cozinhe-os nesse caldo em fogo lento, por 2 horas.
4. Coloque os bolinhos numa travessa e enfeite com as cenouras cortadas em rodelas. Sirva frio acompanhado da gelatina que se forma com o caldo e da raiz-forte.
KLOPS DE FRANGO COM FARFALLE
Para os klops de frango
· 1 kg de filé de frango temperado e moído no processador
· 3 ovos inteiros
· 1 colher de farinha de matzá
· Salsa, cebolinha, sal e pimenta-do-reino
· 2 colheres de gergelim
· 1 cebola cortada em rodelas
· Azeite de oliva
1. Aqueça o forno a 180° (médio-alto)
2. Misture todos os ingredientes, exceto a cebola e o gergelim. Unte com azeite de oliva uma fôrma retangular (para bolo inglês) e coloque nela essa mistura. Cubra com a cebola. Polvilhe com o gergelim.
3. Asse por 45 minutos, ou o suficiente para dourá-lo.
Para o farfalle
· 1 kg de farfalle (macarrão gravatinha)
· 1 cebola picada
· Caldo de frango natural ou 2 tabletes de caldo de galinha industrializado (o suficiente para cobrir o farfalle)
· 1 kg de shitake
1. Refogue o farfalle na cebola picada e cubra com o caldo de frango até secar.
2. Termine o cozimento em banho-maria.
3. Tempere o shitake com sal e frite na manteiga.
4. Misture o shitake ao farfalle.
5. Sirva acompanhado de klops de frango.
BOLO DE MATZÁ (PESSACH)
· 1 copo de mel
· 1 colher (café) de bicarbonato de sódio
· 1 copo de açúcar
· 4 ovos
· 3 copos de farinha matzá
· ½ copo de óleo
· Manteiga (para untar a forma)
· 1 colher (sopa) de geleia de abacaxi
· 2 maçãs raladas
· ½ xícara de uva-passa
· ½ xícara de nozes picadas
1.Aqueça o forno à temperatura média.
2.Bata o mel com o bicarbonato. Misture todos os ingredientes, menos a uva-passa e as nozes, que são acrescentadas no final, sem misturar.
3.Despeje numa forma redonda, untada com manteiga e farinha de matzá, e leve ao forno por 45 minutos.
Crédito: receitas retiradas do site da jornalista Guta Chaves (www.gutachaves.com.br).
Fonte: www.einstein.br