LIVROS NOVOS: DE ANITA NOVINSKY E BEATRIZ COELHO SILVA E CLÁSSICOS DE J. A. GAIARSA

ANITA NOVINSKY LANÇA O LIVRO “OS JUDEUS QUE CONSTRUÍRAM O BRASIL”

LIVRO DE BEATRIZ COELHO SILVA CONTA HISTÓRIA ESQUECIDA DOS NEGROS E JUDEUS NA PRAÇA ONZE, NO RIO

ÁGORA LANÇA NOVAS EDIÇÕES DE LIVROS CLÁSSICOS DO PSIQUIATRA JOSÉ ÂNGELO GAIARSA


ANITA NOVINSKY LANÇA O LIVRO “OS JUDEUS QUE CONSTRUÍRAM O BRASIL”

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A historiadora Anita Novinsky lançou no dia 10 de dezembro o livro “Os Judeus Que Construíram O Brasil”, em que conta a história da Inquisição portuguesa, que transferiu para a colônia a perseguição aos judeus e aos cristãos-novos. O livro, escrito em conjunto com Daniela Levy, Eneide Ribeiro e Lina Gorenstein, é o resultado de pesquisas realizadas em todo o mundo e, em especial, no arquivo do Santo Ofício da Inquisição, que somente ficou disponível ao público na década de 1960.

A Inquisição contra os judeus começou em 1478 na Espanha e em 1536 em Portugal. Mas só em 1591, os portugueses mandaram quadros para o Brasil para vigiar e perseguir os judeus. O país foi o destino de muitos convertidos, os cristãos-novos.

Anita Novinsky é graduada em Filosofia, mestre em Psicologia, doutora em História Social e livre-docente em História e Ciências Humanas, pela Universidade de São Paulo. É considerada uma das maiores especialistas mundiais em Inquisição Portuguesa e pioneira no estudo dos cristãos-novos no Brasil.

Lina Gorenstein é doutora em História pela Universidade de São Paulo. Autora de “Heréticos e Impuros – Inquisição e cristãos-novos no Rio de Janeiro” e “A Inquisição contra as mulheres” . Daniela Levy é doutoranda em História pela Universidade de São Paulo. Autora de diversos artigos sobre Inquisição, cristãos novos e antissemitismo, publicados no Brasil e no exterior. Eneida Ribeiro é pesquisadora do Departamento de Documentação e Pesquisa do Museu da Tolerância. Doutora em História pela Universidade de São Paulo.



LIVRO DE BEATRIZ COELHO SILVA CONTA HISTÓRIA ESQUECIDA DOS NEGROS E JUDEUS NA PRAÇA ONZE, NO RIO

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Praça Onze, 1930. No destaque, a capa do livro “Negros e Judeus na Praça Onze. A história que não ficou na memória”.

Nas quatro primeiras décadas do século 20, negros vindos da Bahia e da região cafeeira do Estado do Rio e judeus do Leste Europeu dividiam ruas, escolas e mesmo casas no bairro Praça Onze. Eles vendiam mercadorias, produziam boa música e boa comida. Ao redor da praça, os judeus criaram sinagogas e escolas. Esta história quase esquecida é contada pela jornalista e pesquisadora Beatriz Coelho Silva, que busca reconstituir essa convivência, com depoimentos, dados biográficos e estatísticas, no livro “Negros e Judeus na Praça Onze. A história que não ficou na memória” (Editora Bookstar) foi lançado no último dia 10 de dezembro no Rio de Janeiro.

“Meu interesse é mostrar que negros e judeus, juntos na luta pela sobrevivência, criaram importantes elementos da cultura brasileira”, explica Beatriz. “Na Praça Onze, havia seis jornais em iídiche e muitas instituições judaicas: a Federação Sionista, o Grêmio Juvenil Kadima, a sinagoga Beith Iaakov [A Casa de Jacob, em iídiche], a Sociedade Beneficente das Damas Israelitas e o Centro Obreiro Morris Wintschevsky. A coloração política era variada, mas todos se uniam mas causas comuns, como em setembro de 1929, quando 3.000 judeus cariocas foram em passeata até o Consulado Britânico protestar contra os pogroms na Palestina”, conta ela.

Em 1942, o bairro foi demolido para construção da Avenida Presidente Vargas, mas entrou para a mitologia carioca. Muito se fala da Praça Onze em sambas clássicos e textos acadêmicos. A historiadora e arquiteta Fânia Fridman também atribui a demolição à necessidade que o governo brasileiro, simpatizante das ideologias antissemitas dos anos 1930 e 1940, tinha de conter os judeus que lá se refugiaram e que combatiam o governo em seus jornais, suas associações e seus clubes.



ÁGORA LANÇA NOVAS EDIÇÕES DE LIVROS CLÁSSICOS DO PSIQUIATRA JOSÉ ÂNGELO GAIARSA

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Falecido em 2010, pouco depois de completar 90 anos de idade, J. A. Gaiarsa deixou inúmeros discípulos e uma legião de fãs de todas as idades. Nos livros Tratado geral sobre a fofoca e A família de que se fala e a família de que se sofre, ele expressa pensamentos que nortearam toda a sua trajetória, da neurose, criada pela estrutura familiar clássica, à frustração, que é a base da fofoca.

Tratado geral sobre a fofoca – Uma análise da desconfiança humana e A família de que se fala e a família de que se sofre são duas obras fundamentais do psiquiatra José Ângelo Gaiarsa. Relançadas pela Editora Ágora, as novas edições, revistas e atualizadas, trazem toda a irreverência do autor sobre temas em que ele se especializou. São leituras provocantes e prazerosas para o público leigo e para profissionais interessados em psicologia e comportamento e que apreciam uma pitada de irreverência, sua característica marcante.

Lançado originalmente em 1978 e já na 15ª edição, o livro Tratado geral sobre a fofoca – Uma análise da desconfiança humana (232 p., R$ 62,80) permanece tão atual que parece ter sido escrito ontem. A obra traz uma análise sociológica, filosófica, histórica e psicológica da fofoca – esse fenômeno tão antigo que acompanha a humanidade desde seus primórdios. Para Gaiarsa, é o mais fundamental dos fatos humanos e acontece de tal forma que se esconde na medida em que aparece. “Quase ninguém diz ou sequer reconhece que faz fofoca”. Segundo o autor, a fofoca é o dispositivo social que mantém – ou tende a manter – cada um no seu lugar. Trata-se, diz ele, da mais lídima expressão da burrice social.

Em A família de que se fala e a família de que se sofre (312 p., R$ 82,10), Gaiarsa se concentrou em alguns dos temas que ele mais defendeu: a reavaliação do relacionamento com a família e, principalmente, a forma como educamos os nossos filhos. Segundo ele, ao comparar uma criança a um adulto “normopata”, estamos eliminando suas melhores qualidades, como a curiosidade, a versatilidade e a capacidade de sentir prazer.

Por trás dessa educação equivocada, segundo o autor, estaria a família atual, que, ao contrário do que se pensa, “está, deveras, muito longe de ser o melhor lugar do mundo para o desenvolvimento dos seres humanos”. A proposta do psiquiatra nessa obra é inspirar novas leis sobre a família e ajudar o leitor a repensar o assunto e se recolocar diante dele. Trata-se de um completo estudo sobre a família e seus problemas com o olhar arguto de Gaiarsa.

O autor

Em 54 anos de carreira, J. A. Gaiarsa publicou mais de 30 livros, a maioria deles pela Editora Ágora. Conhecido como um dos mais iconoclastas psiquiatras brasileiros e pioneiro da psicoterapia corporal no Brasil, tratou de temas como família, sexualidade, educação e relacionamento amorosos.

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