SAIBA TUDO SOBRE O VÍRUS ZIKA E A MICROCEFALIA

255_medicina_1_1Nas últimas semanas, os diagnósticos de microcefalia aumentaram assustadoramente no Brasil, especialmente na região Nordeste. Estes estão sendo relacionados ao Vírus Zika, um arbovírus emergente da família Flaviviridae, que inclui os vírus da dengue, do Oeste do Nilo, da febre amarela e da encefalite japonesa. Pessoas infectadas pelo vírus Zika tem sintomas semelhantes ao da dengue, por isso é comum que pessoas com zika sejam diagnosticadas erroneamente.


Neste artigo:

Introdução
Características do vírus
A doença causada pelo vírus Zika
Exames
Conclusões
Referências bibliográficas

Introdução

O Vírus Zika (ZIKV) é um arbovírus emergente da família Flaviviridae, que inclui os vírus da dengue, do Oeste do Nilo, da febre amarela e da encefalite japonesa. O vírus causa uma doença transmitida por mosquito do gênero Aedes, e que teve surtos recentes no Pacífico Sul.

A transmissão mediada por vetor do ZIKV é iniciada quando uma fêmea do mosquito Aedes, ao se alimentar de sangue, injeta o vírus na pele do hospedeiro mamífero, seguindo-se a infecção de células permissivas através de receptores específicos. Com efeito, as células imunitárias da pele, incluindo fibroblastos da derme da epiderme, os queratinócitos, e células dendríticas imaturas, foram todas encontradas como sendo permissivas para infecção pelo ZIKV


Características do vírus

O ZIKV é um vírus de RNA contendo 10.794 nucleotídeos que codificam 3.419 aminoácidos. Ele está intimamente relacionado com o vírus Spondweni; os dois vírus são os únicos membros de seu clado dentro do cluster flavivírus transmitido por mosquitos. Os vírus mais próximos do ZIK incluem os vírus das encefalites Ilhéus, Rocio, e da encefalite de St. Louis; o vírus da febre amarela é o protótipo da família, que inclui também a dengue, encefalite japonesa e vírus do Oeste do Nilo. Estudos realizados na Floresta Zika, próxima a Entebe, em Uganda, sugeriram que a infecção pelo ZIKV chegava a embotar a viremia causada pelo vírus da febre amarela em macacos, mas não bloqueava a transmissão do vírus da febre amarela.

As informações sobre a patogênese do ZIKV são escassas, mas acredita-se que os flavivírus transmitidos por mosquitos se repliquem inicialmente em células dendríticas perto do local da inoculação, e depois se espalhem para os gânglios linfáticos e para a corrente sanguínea. Embora acredite-se que a replicação flaviviral ocorra no citoplasma celular, um estudo sugeriu que os antigenos ZIKV poderiam ser encontrados no núcleo das células infectadas. A infecção pelo ZIKV tem sido detectada no sangue humano tão precocemente quanto no dia de início da doença; o ácido nucleico viral foi detectado tão tardiamente quanto 11 dias após o início. O vírus foi isolado a partir do soro de um macaco nove dias após a inoculação experimental. O ZIKV pode ser morto pelo permanganato de potássio, éter, e por temperaturas acima de 60°C, mas não é eficazmente neutralizado pelo etanol a 10%.

A doença causada pelo vírus Zika

Pessoas infectadas pelo vírus Zika tem sintomas semelhantes ao da dengue. O quadro é bastante variável, e pode se iniciar com uma leve dor de cabeça, seguido por possível erupção cutânea maculopapular cobrindo o rosto, pescoço, tronco e braços, e que se espalha para as palmas das mãos e plantas dos pés. A pessoa infectada pode apresentar, ainda, febre transitória, mal-estar e dores nas costas.

A variabilidade dos sintomas leva a evoluções diferentes dos quadros – existe relato de um inicio com febre aguda, cefaleia e dores nas articulações, mas nenhum prurido. Na evolução, o caso se resolveu em aproximadamente uma semana.

Exames

Os testes de diagnóstico para a infecção ZIKV incluem testes de PCR em amostras de soro na fase aguda, que detectam o RNA viral e outros testes para a detecção de anticorpos específicos contra ZIKV no soro. Um teste ELISA foi desenvolvido no Arboviral Diagnostic and Reference Laboratory of the Centers for Disease Control and Prevention (Ft. Collins, CO, USA) para detectar a imunoglobulina (Ig) para arbovírus.

Conclusões

O ZIKV tem o potencial de se espalhar por áreas onde o mosquito vetor Aedes está presente e pode ser um risco para o Sul da Europa e para o Brasil. Estratégias para a prevenção e controle da doença ZIKV devem incluir o uso de repelente de insetos e erradicação do mosquito vetor.

Uma vez que a epidemiologia da transmissão do ZIKV se assemelha ao da dengue, as estratégias de prevenção e controle da doença ZIKV deve incluir a promoção do uso de repelente de insetos e intervenções para reduzir a abundância de potenciais vetores do mosquito. Deve-se estar atento para a possível confusão diagnóstica entre a doença pelo ZIKV e a dengue.

Referências bibliográficas

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MICROCEFALIA E VÍRUS ZIKA – EXISTE MESMO UMA RELAÇÃO?

O estado de Pernambuco registrou 646 casos de microcefalia em recém-nascidos em 2015, em comparação com uma média de 10 casos por ano no período 2010-2014. Observou-se um aumento de dez vezes na incidência de microcefalia entre os recém-nascidos em outros estados brasileiros do Nordeste.

Como o aumento ocorreu no prazo de nove meses a contar do surgimento do vírus Zika (ZIKV), o Ministério da Saúde do Brasil sugeriu uma possível relação entre o aumento da microcefalia e o surto Zika que está ocorrendo. Embora as investigações ainda estejam em curso, as autoridades emitiram recomendações específicas para as mulheres grávidas em matéria de proteção de picadas de mosquito: como manter portas e janelas fechadas ou teladas, vestir calças e camisas de mangas compridas e usar repelentes.

Em comparação, na Polinésia Francesa, houve um aumento de malformações do sistema nervoso central em fetos e recém-nascidos seguindo-se uma epidemia de infecção ZIKV: pelo menos 17 desses casos foram notificados durante 2014-2015, coincidindo com a surtos de Zika nas ilhas da Polinésia Francesa; quatro das mulheres testadas foram encontradas como positivas para flavivirus.

A microcefalia congênita é um diagnóstico descritivo para um transtorno neurológico que leva a uma cabeça pequena no recém-nascido. Ela pode ser causada por uma variedade de fatores, tais como a doença genética, lesão cerebral, o consumo de drogas teratogênicas, exposição a produtos químicos, assim como infecções transplacentárias.

O envolvimento do ZIKV na microcefalia não está documentado na literatura científica; no entanto, sabe-se que outras infecções por Flavivirus temm o potencial para provocar parto prematuro, defeitos congénitos e microcefalia.

Nest último fim de semana, o Ministério da Saúde confirmou que há relação entre o surto da doença no Nordeste e o zika vírus, pelo fato de ter sido identificada a presença do vírus nos tecidos de um bebê que nasceu com microcefalia e outras malformações congênitas, na cidade de Belém do Pará. O bebê veio a falecer.

Fonte: European Centre for Disease Prevention and Control – 25/11/2015

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Fonte: www.boasaude.com.br

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