QUANTO VALE A GRATIDÃO – RABINO KALMAN PACKOUZ
A chave para a alegria é a gratidão. Ao sermos gratos por aquilo que temos, seremos felizes. Se uma pessoa é ingrata, talvez nem saiba, mas está segurando a chave da Miséria e do Sofrimento em sua mão.
Certa vez visitei o Museu do Holocausto, em Washington, EUA. O que mais me impressionou foi uma entrevista ocorrida durante a 2ª Guerra que estava gravada em vídeo. Um senhor de idade contava que encontrou um amigo orando. “Haim, por que você está rezando? Já é muito tarde para a oração da manhã e muito cedo para as orações da tarde”.
Haim respondeu: “Estou rezando para agradecer a D’us”.
O homem idoso perguntou: “Haim, pelo que você está agradecendo? Olhe ao seu redor: Estamos morrendo de fome! Os nazistas estão nos torturando e nos matando! Pelo que seria possível agradecer a D’us?”
Respondeu Haim: “Estou agradecendo a D’us por eu ser um de nós e não um deles”.
Podemos definir a vida como sendo constituída de 10% do que acontece conosco e 90% de como encaramos aquilo que nos acontece. Todos conhecem pessoas que são perpetuamente negativas. Por experiência, quando pergunto a elas sobre sua perspectiva, elas respondem: “Estou apenas lidando com a realidade”.
Entretanto, precisamos de uma definição aqui: A realidade é aquilo que acontece conosco. A maneira como entendemos as coisas que nos acontecem – como enquadramos ou nos ajustamos a elas – depende apenas de nós. Como certa vez alguém disse: “Na vida existe dor, mas o sofrimento é opcional!”
O que é fascinante é que todos temos a capacidade de mudar nossas perspectivas e até de alterar nossas vidas num instante – se tivermos discernimento e levarmos o bom senso para dentro de nossos corações. E trazer um sentimento para o coração não é fácil. Winston Churchil (1874-1965), o primeiro ministro britânico durante a 2ª Guerra mundial, certa vez falou: “As pessoas às vezes ‘tropeçam’ e encontram a verdade, mas a maioria se ‘levanta’ rápido e corre como se nada houvesse acontecido”.
A chave para a alegria é a gratidão. Ao sermos gratos por aquilo que temos, seremos felizes. Se uma pessoa é ingrata, talvez nem saiba, mas está segurando a chave da Miséria e do Sofrimento em sua mão. Recentemente estava relendo o livro “Thank You!”, escrito pelo Rabino Zelig Pliskin. Queria fortalecer meu apreço por tudo que tenho e as coisas que acontecem comigo. Este livro é repleto de histórias, fórmulas e dicas positivas de como encararmos a vida. Eis uma história que me tocou muito e que gostaria de compartilhar com você, querido(a) leitor(a). Escreve o Rabino Pliskin:
Encontrei um amigo que não via há quase 5 anos. Da última vez que o vi, ele era um sujeito pessimista, negativo, infeliz e deprimido. Quando voltamos a nos encontrar, estava sorrindo e irradiava alegria.
“Como você mudou tanto?”, eu lhe perguntei. “Você parece uma pessoa nova. Como desenvolveu esta alegria que vejo em você agora?”
Respondeu o meu amigo: “Quando conversamos há alguns anos atrás, você tentou influenciar-me a me tornar uma pessoa mais positiva. Até me sugeriu a fazer diariamente uma lista com pelo menos 10 coisas boas que me aconteceram no dia”, ele disse. “Eu retruquei que isto não iria ajudar. Não era minha culpa que eu era tão infeliz. A culpa era dos meus pais. Ninguém nunca me deu nada do que eu precisava para ser uma pessoa feliz. A culpa também era dos demais e eu estava zangado com todos que conhecia”.
“Há quase um ano atrás, depois de um jogo de futebol, contei a um treinador ‘durão’ todo o meu ‘longo discurso’. Aí ele começou a falar: disse que eu estava escolhendo ser uma pessoa infeliz e coitada. Eu gritei com ele, dizendo que a maneira como ele estava falando comigo apenas tornava as coisas piores. Pensei que ia voltar atrás, como a maioria das pessoas que intimidei com minha fúria, mas para minha surpresa e choque, ele falou comigo como ninguém nunca havia falado:
‘Você pode sair por aí botando a culpa em todo mundo’, ele falou. ‘Mas é sua própria responsabilidade ser feliz na vida. Quanto mais você culpar os outros, menos fará para mudar seu padrão de pensamento. É o seu próprio padrão de pensamento que está destruindo a sua vida. Pare com isto! Pare de arruinar a sua vida! Há muitas coisas boas pelas quais você deveria ser grato. Perceba isto e viverá uma vida de contentamento. Porém, se continuar fazendo o papel de ‘cego’, você será um dos seres humanos mais infelizes do planeta. Depende de você. Eu posso tentar ajudá-lo a desenvolver um comportamento de gratidão, mas apenas você pode fazê-lo. Se quiser continuar evitando enxergar as coisas pelas quais poderia ser bem agradecido, a decisão é sua. Entretanto, se a partir deste momento você se comprometer totalmente a ser um ‘especialista’ em perceber coisas pelas quais ser bem agradecido, perceberá coisas novas todos os dias. Pare de agir como um imbecil e comece a raciocinar com um ser humano inteligente!’ Tudo isto foi falado com tanta intensidade, que fiquei sem palavras”.
“Estava furioso com ele. Eu procurava empatia e não consegui. Senti-me muito mal. Então, no dia seguinte, falei para mim mesmo: ‘Tenho que admitir que ele estava certo: eu sempre olho para as coisas negativamente. Vou testar o que acontece se tentar, com convicção, ver se há algo a ser grato na vida, No dia seguinte percebi algumas coisas pelas quais poderia ser grato”.
Pensamento: “Por que ninguém se pergunta:‘Por que isto está acontecendo comigo”, quando coisas boas acontecem?”
RABINO KALMAN PACKOUZ – Do Aish Hatorá, é o criador do Meór Hashabat, boletim semanal com prédicas. Saiba mais.
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