ELISA RAQUEL GRINER – VP DE JUVENTUDE – POR GLORINHA COHEN

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Carisma não lhe falta e o sotaque carioca não engana, deixando transparecer descontração, simplicidade e simpatia, marca registrada daqueles nascidos na Cidade Maravilhosa. Por tais atributos, Elisa Raquel Griner, a vice-presidente de Juventude, é uma das mais queridas integrantes da nova safra de dirigentes de A Hebraica de São Paulo.

Economista com pós graduação em análise de conjuntura econômica, ambos pela UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, funcionária concursada do Banco Central do Brasil, onde atuou na área de fiscalização bancária e lavagem de dinheiro, Elisa é casada com Carlos Alberto Griner e tem 3 filhos (Victor, de 15 anos, Rodrigo de 14 e Leonardo de 10). Foi membro da Comissão de Administração e Finanças da Hebraica nos últimos quatro anos e é colaboradora da divisão feminina do Fundo Comunitário.

Nesta entrevista exclusiva ao portal, Elisa faz um balanço de um ano e meio de gestão e fala sobre o novo projeto O MERKAZ, inaugurado no último dia 2 de junho em parceria com a CIP e o Fundo Comunitário com a idéia de criar um espaço de coworking, aceleradora e incubadora de start ups, onde o jovem poderia trabalhar, trazer seus projetos, fazer networking com outros jovens e desenvolver empresas.


GC – Está em SP há quanto tempo? E por quê SP?

ERG – Moro em São Paulo há 8 anos. Deixamos o Rio em 2002 para acompanhar a carreira de executivo do meu marido. Ele trabalhava na GE e fomos para os EUA e moramos em Cincinnatti. Depois de 2 anos mudamos para a cidade do México onde ele assumiu o cargo de Diretor de RH. Lá moramos por 3 anos e meio e nasceu meu caçula. Depois disto meu marido foi transferido para SP para assumir o cargo de diretor para a América Latina. E assim viemos morar aqui.

GC – Você é uma genuína carioca, sempre descontraída, alegre e é considerada uma das mais queridas integrantes da gestão Gelberg. Mas, existe algo que a tire do sério?

ERG – Acho que o espírito do carioca é esse mesmo!!! Tento estar sempre de bom humor e alegre, apesar dos meus filhos não concordarem com isso. Mas o que me tira do sério são as injustiças, pessoas querendo tirar vantagem de situações e aquelas que olham para o individual em detrimento do coletivo. Para o nosso mundo evoluir e a nossa comunidade se fortalecer precisamos unir forças, pois juntos somos muito mais.

GC – Defina família e amigo.

ERG – Familia é tudo para mim. É o meu pilar e a minha estrutura. Ela é sempre a minha prioridade. E foi o primeiro motivador para eu me lançar no trabalho voluntário. Os amigos são a familia que escolhemos. Como não temos familia aqui em SP, D´us foi muito generoso com a gente e colocou em nosso caminho amigos-irmãos que estão sempre ao nosso lado.

GC – O que o Judaismo significa pra você?

ERG – O Judaísmo é a minha religião, mas acima de tudo é a maneira como eu enxergo o mundo. Frequento aulas de Torah, de Cabala e adoro usar o Pirke Avot , A Ética dos Pais, para me basear e tomar algumas decosões do meu dia a dia.

GC – O que é ser uma mulher elegante?

ERG – Para mim elegante é a pessoa simples, é quem demonsta interesse por assuntos que desconhece, é quem cumpre o que promete, é fazer algo por alguém. Elegância é ser autêntica e respeitar o outro.

GC – Do que gosta e do que não gosta.

ERG – Adoro a praia, um café com as amigas, ver filme com os meus filhos e dançar principalmente Harkada. Apesar de amar São Paulo, não gosto de morar longe dos meus pais, Sara e Isaac, e meus irmãos Zé e Daniel. Sempre fomos muito unidos e a falta deles no meu dia a dia é enorme.

GC – Lugar inesquecível.

ERG – Israel. Cada vez que piso em Israel é uma emoção única e a minha alma se alegra. E toda vez que vou embora meu coração fica pequeno. Tenho uma ligação de outras vidas com essa terra.

GC – Conte um pouco de sua vida profissional.

ERG – Sou economista formada pela UFRJ, com pós graduação em análise de conjuntura economica. Fiz estágio na área de câmbio e meu primeiro trabalho foi na Arthur Andersen como auditora. Depois decidi prestar concurso para o Banco Central do Brasil e passei. Fui para a fiscalização de bancos na área de câmbio e lavagem de dinheiro. Larguei o banco em 2001 para viajar para os Estados Unidos acompanhando o meu marido.

GC – No trabalho, sofreu algum preconceito por ser mulher?

ERG – Não diria que já sofri preconceito por ser mulher, mas acho que no mundo corporativo a voz masculina é mais respeitada e ouvida.

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GC- Quando começou no voluntariado e qual foi seu primeiro trabalho?

ERG – Meu primeiro trabalho voluntário foi na Cidade do México em 2004, quando me convidaram a participar do grupo de mães da escola. Cheguei a ser vice-presidente do Comite de Madres. A comunidade mexicana é muito bem estruturada e organizada, com instituições judaicas fortes e muito ativas. Aprendi muito com essa experiência.

GC – Quais outros cargos comunitários já exerceu e onde?

ERG – Aqui em São Paulo, junto com uma grande amiga, Patricia Idesis, formamos o grupo de mães da escola Bialik – o Grupo Juntas -, que até hoje realiza diversas atividades na escola Alef. Fiz parte do Conselho do Bialik, sou do grupo Israel Shelanu do Fundo Comunitário, Conselheira e vice-presidente de Juventude da Hebraica.

GC – Teve influência de alguma pessoa?

ERG – Sem dúvida!!! A minha família, Nigri de pai e Cohen de mãe, é o meu maior exemplo. Meu avô materno fundou a sinagoga e a escola Maguen David no Rio de Janeiro e a minha avó paterna, que carrego o nome, fundou o clube Macabeus e realizava diversos eventos para os jovens da comunidade carioca. Vários casamentos aconteceram pelas suas mãos. A minha mãe, Sara Nigri, é voluntária de quase todas as instituições no Rio e o meu irmão, Zé Nigri, fundou a revista Messiba e realizou as melhores viagens para jovens dos últimos anos.

GC – Desde 2015 você é a VP de Juventude. O que a levou a aceitar o cargo e o que isto significa pra você?

ERG – Formamos uma chapa de renovação na Hebraica, com amigos queridos e decidimos encarar esse desafio sob a batuta do nosso maestro presidente Avi Gelberg. Foi muito acirrada a disputa e ganhamos por poucos votos mas ficamos muito emocionados e honrados com essa vitória. Hoje o grupo todo está se dedicando muito no sentido de revitalizar a Hebraica através de eventos, fidelizar os sócios nas atividades e buscar novos sócios. Desde o primeiro momento quis entrar para a juventude, pois os jovens são as nossas joias, nosso futuro e ao mesmo tempo o nosso maior desafio.

GC – Em quantas áreas está dividido o Departamento de Juventude?

ERG – O Departamento de Juventude da Hebraica está dividido em 14 áreas, sendo elas: Escola Maternal e Infantil, Espaço Bebê, After School, Brinquedoteca, Hebraikeinu, Meida Curso de Líderes, Jovens sem Fronteiras, Adventure Family, Teatro, Danças, Centro de Música, Aulas de Bar-Mitzva , Curso de Bat-Mitzva e Coral. A estrutura do departamento e a forma como ele está organizado é fundamental para conseguirmos contemplar todos os associados de 0 a 35 anos e as familias, escopo do departamento através dos cursos, aulas, atividades e facilidades oferecidas aos sócios da Hebraica.

GC – Quais as dificuldades que tem encontrado até agora para comandar uma das áreas mais importantes do clube?

ERG – Na verdade tenho recebido um apoio incondicional dos sócios e de amigos. Formamos um grupo enorme e ativo de assessores e diretores da área de juventude que me ajuda a pensar em eventos, trazer ideias, novos projetos e oportunidades. Tudo isso aliado à experiência do Gaby Milevski que é um expert em jovens.

GC –E quanto à competição de vaidades, como lida com isto?

ERG – Infelizmente egos e vaidades existem em todos os lugares. O importante é realizar e focar no seu trabalho, pensando sempre em ajudar o próximo.

GC – Quais os mais importantes projetos que já conseguiu implantar no clube?

ERG – Conseguimos imprimir um ritmo de eventos para todos os públicos que fazem parte do alvo da juventude. Para o público infantil e família, semanalmente temos shows infantis, pecas de teatro, música, contação de histórias, oficina de artes etc. O clube ganhou vida nos fins de semana e os pais têm elogiado bastante a programação diversificada. O público adolescente está sendo brindado com baladas, peças de teatro voltadas para a idade deles, saidas culturais, palestras. Trouxemos uma profissional especializada em empreendedorismo e lançamos o projeto incubadora de ideias para jovens até 17 anos. Eles escolhem um projeto de start up ou um aplicativo e terão acompanhamento profissional e aulas. Por último, estamos trabalhando em uma nova frente relacionada a projeto de vida. A ideia é promover um forum de carreiras com palestras de profissionais de alto nivel e em todas as áreas para que o nosso jovem possa ter mais informações na hora de escolher a sua carreira profissional. Para os jovens 18 também promovemos várias atividades. Iniciamos um projeto incrível – o Hebraica Business Fórum – , onde toda a primeira quinta-feira do mês realizamos um fórum sobre empreendedorismo, tecnologia e start ups com palestrantes bem sucedidos na sua área de atuação de mercado. O debate é de um nível ímpar e os jovens se inspiram e mantém um contato direto com o palestrante. Estamos ainda promovendo festas, palestras mensais com enfoque social e retomamos a festa do Yom Kipur, que o clube havia deixado de fazer, e conseguimos juntar 700 jovens em uma noite memoravel.

GC – Quais projetos ainda pretende realizar e qual seria o principal deles?

ERG – No último dia 2 de junho, a Hebraica, a CIP e o Fundo Comunitário inauguraram, em parceria, um projeto bastante inovador: O Merkaz. A ideia foi a de criar um espaço de coworking, aceleradora e incubadora de start ups, onde o jovem da comunidade poderia trabalhar, trazer seus projetos, fazer networking com outros jovens e desenvolver empresas. Esperamos que esse projeto seja um divisor de águas para o público jovem, que poderá voltar a frequentar o clube diariamente. No projeto teremos ainda a participação de executivos seniors da comunidade onde eles exerceriam um papel de mentoria e tutoring. Dentro do Merkaz serão promovidos cursos, palestras, webinar (seminários via internet) e claro, happy hour e encontros sociais. Outra área que estamos trabalhando é a comunicação com esses jovens. Queremos mudar a cara da revista na parte juventude, criar um facebook e instagram onde o jovem pode ser participativo e ele mesmo criar e dar as ideias para os futuros eventos e projetos.

GC – Qual o balanço que faz de um ano e meio de gestão?

ERG – O balanço é extremamente positivo. Estamos trabalhando bastante e nos dedicando incansavelmente à Hebraica, seja de forma presencial ou remota. O mais importante é que as mudanças estão sendo sentidas pelos sócios, que são o nosso termômetro, e nada é mais gratificante do que receber um feed back positivo por parte deles.

GC – Qual a mensagem que daria a quem quer ser voluntário?

ERG – Ser voluntário é ser altruísta, é doar seu tempo, seu trabalho e habilidades para causas sociais e comunitárias. O trabalho voluntário exige o mesmo grau de comprometimento que um trabalho normal, mas a recompensa é muito maior. É um exemplo que você transmite para os seus filhos e para as futuras gerações. Ser voluntário requer a você amar alguma causa e se dedicar a ela. É muito bom quando podemos compartilhar aquilo que aprendemos e temos de melhor dentro da gente. Seja um voluntário.

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