COMUNIDADE JUDAICA PARTICIPA DE FÓRUM CONTRA O ANTISSEMITISMO

Com grande participação da comunidade judaica brasileira, foi realizado nos dias 17 e 18 de julho em Buenos Aires o 1º Fórum contra o Antissemitismo na América Latina, uma iniciativa do Congresso Judaico Latino-Americano, Ministério das Relações Exteriores de Israel e Coalizão de Lideranças Israelo-Hispânica, uma organização americana que congrega diversas entidades evangélicas.

A presença dos evangélicos deu ao evento um aspecto inovador, ao levar a reflexão sobre o antissemitismo para além da comunidade judaica. O debate se deu em quatro comissões: Educação para a convivência e o respeito mútuo, Legislação na luta contra o antissemitismo, Diálogo inter-religioso como forma de mitigar o antissemitismo, Antissemitismo na Internet e os meios de comunicação.

O Brasil enviou uma delegação de 15 pessoas, além do presidente do Congresso Judaico Latino-Americano, Jack Terpins. Em destaque, a presença do deputado federal Pedro Vilela (PSDB/AL), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, que interagiu de forma intensa com o grupo.

A Conib foi representada por seu vice-presidente, Paulo Maltz, e seu diretor de Relações Institucionais, Sergio Napchan. A Fisesp, por seu presidente executivo, Ricardo Berkiensztat. Também presentes, os professores Samuel Feldberg e Rachel Mizrahi. Os jovens Mauricio Samuel Homsi, de São Paulo, e Thais Spiegel, do Rio, viajaram a convite da Conib. Leia mais abaixo o depoimento de alguns participantes.

No cenário internacional, estiveram presentes autoridades do Judiciário, Legislativo e Executivo de diversos países da América Latina. Entre eles, Gabriela Michetti, vice-presidente da Argentina; Maria Júlia Minoz, ministra da Educação e Cultura do Uruguai; Camilo Montoya, juiz da Suprema Corte da Colômbia; Ira Forman, enviado especial do Departamento de Estado dos EUA para o combate ao antissemitismo; Mario Cimadevilla, titular da unidade especial de investigação do atentado à AMIA; Shmuel Shimson, representante do Centro Simon Wiesenthal.

Um dos momentos marcantes foi o ato em memória das vítimas do atentado à AMIA, que teve início com o toque de uma sirene às 9h53, o mesmo horário em que explodiu a bomba no 18 de julho de 1994. O presidente Mauricio Macri esteve na cerimônia e renovou a esperança de que será possível alcançar a justiça – até hoje, os responsáveis não foram punidos. Em destaque, o pronunciamento de Sofia Guterman, mãe de uma das vítimas, que falou em nome dos familiares das vítimas. Pedro Vilela ficou bastante impactado com a solenidade.

Depoimentos de membros da delegação brasileira:

“O evento foi uma excelente oportunidade para estreitar relações com outras comunidades latino-americanas. Impressionou-me o engajamento do grupo evangélico, inclusive jovens adolescentes, que discutiam questões relativas ao antissemitismo como se fossem judeus. Os brasileiros foram muito bem representados por professores, jovens e ativistas comunitários, além do deputado Pedro Vilela.

A cerimônia em homenagem aos mortos da AMIA deixou marcas em nossos corações e não será esquecida. Dói ver como o Estado argentino foi omisso na apuração do crime, por interesses pessoais e corrupção. A violência do discurso de uma mãe que perdeu a filha no atentado mostra que a ferida continuará aberta até que os responsáveis sejam levados a julgamento”.
Paulo Maltz

“O fenômeno do antissemitismo foi tratado como deve ser, uma ameaça generalizada aos direitos humanos e um dos primeiros sintomas de que uma sociedade está enferma.

Os grupos de trabalho abordaram vários aspectos da questão, como educação e disseminação pelos novos meios de comunicação, e propostas de trabalho foram formuladas a partir das várias perspectivas.

A homenagem às vítimas do ataque à AMIA foi um evento marcante com a presença, pela primeira vez em muitos anos, do presidente argentino, de um novo governo que promete apurar as responsabilidades e apontar os culpados.

Os parentes das vítimas continuam clamando por justiça, para que seus mortos possam descansar em paz”.
Samuel Feldberg

“Conversar sobre alguns temas muitas vezes é necessário, por mais complexo e indesejado de sejam. O antissemitismo é assim: começa com a indignação, passo a um nó no estômago e termina com esperança de mudança.

Pode não parecer, mas o antissemitismo afeta toda humanidade: além de ser muito grave, tem raízes próximas de outros tipos de discriminação. Infelizmente, episódios como o atentado à AMIA se repetem, mostrando que a ameaça não está distante de nós. Apesar de tudo, ainda é tempo de mudar e aceitar o diferente. Por meio da educação para o respeito e informação sobre diferentes culturas, o antissemitismo e outras formas de racismo podem vir a ser apenas objetos de estudo e de memória das vítimas no futuro.”
Mauricio Samuel Homsi

Fonte: CONIB

270_first_3_1Grupo brasileiro em Buenos Aires. Foto: Divulgação.

270_first_3_2Pedro Vilela e Paulo Maltz. Foto: Divulgação.

270_first_3_3Presidente Mauricio Macri e rabino Sergio Bergman na cerimônia em Buenos Aires. Foto: Samuel Feldberg.

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