PALAVRA DO PRESIDENTE – O TEATRO DOS ABSURDOS – POR AVI GELBERG

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Mal acabamos de vencer os primeiros dias do ano judaico e já nos deparamos com pronunciamentos absurdos no Brasil, e fora. Aqui, o Partido Socialismo e Liberdade (Psol) emitiu nota acerca da morte de Shimon Peres falando coisas sem pé nem cabeça a respeito de um dos maiores estadistas mundiais, pessoa que dedicou a vida toda pela paz e foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz. O PSOL chamou Peres de genocida, numa demonstração clara do baixo nível e da ignorância dos políticos que compõem esse partido. E fez isso ao mesmo tempo em que chefes de governo e de Estado e lideranças mundiais acorreram a Jerusalém para acompanhar o sepultamento do líder israelense. Entre eles, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abas, que até pediu autorização do governo para participar da cerimônia fúnebre. Enquanto isso, um bando de ignorantes, em vez de uma atitude pelo menos respeitosa, se revelam em uma manifestação que envergonha a nós brasileiros.

Dias depois, foi apresentada nova sessão desse teatro de absurdos e festival de ignorância, desta vez no palco da Unesco, em Genebra, onde foi aprovada proposta de resolução árabe negando o elo do povo judeu com o Monte do Templo. Neste caso, o premier israelense Bibi Netaniahu deu rápida e adequada resposta: convidou os membros da Unesco para viajarem a Roma e examinarem atentamente o Arco de Tito, construído pelo imperador Domiciano em homenagem ao irmão Tito e suas vitórias bélicas, entre elas o cerco a Jerusalém e o saque ao Templo, que destruiu. No Arco vê-se uma menorá esculpida em baixo relevo, que, aliás, serviu de modelo para o emblema do Estado de Israel, depois da independência, em 1948. Além do Muro das Lamentações, o pessoal da Unesco também poderia

aproveitar a estada e visitar as escavações do que restou do Templo.

E o atual governo do Brasil, que se imaginava ter uma visão mais equilibrada das coisas, nos decepcionou votando a favor desta resolução. Será que para o nosso governo os interesses econômicos estão acima da história e dos direitos dos povos?

Nosso papel é repudiar veementemente essas declarações e essas atitudes. Não podemos nos calar diante de atitudes assim, que podem legitimar ou criar condições para atos e ações que, digamos, coloquem em risco os direitos das minorias, por exemplo.

O que me conforta é a tomada de posição das entidades de representação política, como a Fisesp e a Conib, e parlamentares como Floriano Pesaro e o vereador eleito Daniel Anenberg, entre outros.

Mas isso é pouco. Cada um de nós deve colaborar manifestando-se em todos os lugares, e onde for possível, lembrando a todos quem somos, de onde viemos, para onde vamos, o que queremos, nossa história e nossa tradição, de modo a impedir novas sessões desse teatro de absurdos.

Shalom.


Fonte: Revista Hebraica – novembro 2016 –