UMA PELOTAS JUDAICA – POR ISRAEL BLAJBERG (*)

Uma viagem ao Sul nos enseja curta visita à Pelotas. Temos apenas um final de tarde de domingo, quando somos recebidos pelos ativistas da Sociedade Israelita de Pelotas – SIP, Jaime Roberto Bendjouya e Silvia Pekelman.

Cem anos se passaram desde que os primeiros judeus chegaram à cidade. Como ocorre em qualquer lugar, alguns olvidaram suas origens, na convivência com a comunidade maior, desmentindo a calunia dos anti-semitas, que os judeus não se misturam. Outros se mudaram para a Capital, jovens partiram em busca de oportunidades na cidade grande, os mais idosos se foram. Os judeus se integraram muito bem na terra, desde os primeiros prestamistas até os profissionais liberais de hoje.

Pelotas é uma das poucas cidades brasileiras que não sendo de grande porte, ainda tem uma comunidade judaica organizada. Ao longo dos anos, muitas pequenas comunidades simplesmente se dissolveram, deixando apenas recordações de um passado que não volta mais. Por isso, devemos agradecer aos abnegados ativistas pelotenses, por manterem acesa a chama do judaísmo, a centenas de quilômetros do centro judaico mais próximo, Porto Alegre, uma viagem que leva várias horas.

Há em torno de 120 judeus na cidade, numero que já foi cerca de 10 vezes maior. Comunidade tradicional, observante, piedosa, igual a tantas. Em rua central, um prédio de esquina logo denota que ali está uma casa judaica. A porta tem uma menorá e estrela de David, e as grades das janelas também são adornadas por estrelas.

Há uma pequena sinagoga, e um grande salão, onde se realizam aulas de krav-magá e de hebraico. Quadros nas paredes recordam a coroação de Rainhas Esther, em passado não muito longínquo. Na sinagoga, há 3 pergaminhos da Torá, sendo um oriundo de antigo templo que encerrou as atividades, e outro trazido de Uruguayna, onde chegou a haver uma pequena comunidade.

A cidade completou 200 anos, e a comunidade ofereceu uma placa à Prefeitura, ela que já existe e pelo menos metade deste período.

A SIP mantém um cemitério, ainda em regular estado, onde sepultamentos tem sido realizados em passado recente. O muro baixo favorece as invasões de vândalos que furtam as letras metálicas e outras peças, e removem lápides para venda como peças de mármore para soleiras.

Pelotas esconde algumas surpresas e segredos para o turista que busca o passado e o presente judaico, mas o tempo passou mais depressa que gostaríamos, e logo chegou a hora de partir.

A lembrança que levamos é das estrelas de David que adornam a sede da SIP, e a certeza da Eternidade de Israel.

SHALOM !


(*) iblajberg@poli.ufrj.br

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