PALAVRA DO PRESIDENTE AVI GELBERG

285_hebraica_1_1Comunicação sim, mas sempre com respeito


Nos dias de hoje, com esse mundo tecnológico, a comunicação virou instrumento importante e, ao mesmo tempo, perigoso. Facebook, Instagram, Twitter, Snap Chat, Whatsapp, entre outros, invadiram nossa vida de uma maneira fulminante.

Sem dúvida que todos nós, independentemente de idade, temos que nos atualizar e saber usar essas ferramentas que podem facilitar nossa vida. Usar isso como benefício requer sabedoria e, por isso, devemos verificar as fontes, a veracidade e a origem daquilo que nos enviam, e recebemos.

De outro lado, muitas pessoas usam essas ferramentas de maneira negativa, o fato de empunhar um celular e sentar-se diante de um computador sem ver o outro lado, concede a estas pessoas uma coragem ímpar de escrever tudo que se lhes passa pela cabeça, quebrando regras de ética, respeito e, principalmente, em muitas ocasiões uma falta com a verdade, que se agrava com os comentários de outras pessoas que fazem de versões fatos verdadeiros. O que, definitivamente, não são.

Devemos ler mais, nos informar mais, aprofundar mais e manter os bons hábitos de nos abastecer da leitura de outros meios como os jornais, revistas, livros, etc., que devem continuar parte do nosso cotidiano. Sempre temos de pensar que ainda tratamos de relações humanas e saber que fazer o bem traz o bem e a paz para nós mesmos. Por isso, quero dividir com vocês uma história e uma reflexão.

Perto de Tóquio, vivia um grande samurai, já idoso, agora dedicado a ensinar zen aos mais jovens. Apesar da idade, segundo a lenda, ainda conseguia derrotar qualquer adversário. Eis que um guerreiro, conhecido pela falta de escrúpulos, apareceu. Era famoso como provocador. Inteligente para observar os erros dos adversários, esperava o primeiro movimento do contendor, contra-atacava com velocidade. Jamais havia perdido uma luta. Conhecia a reputação do samurai, foi lá para derrotá-lo e ficar mais famoso. Todos os estudantes foram contra, mas o velho e sábio samurai aceitou o desafio. Na praça da cidade o provocador começou a insultar o velho mestre. Chutou pedras em sua direção, cuspiu no rosto e gritou os insultos que conhecia, ofendendo até ancestrais. Fez tudo para provocá-lo, mas o velho sábio permaneceu impassível. No final da tarde, exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro desistiu e retirou-se.

Desapontados porque o mestre aceitou insultos e provocações, os alunos perguntaram:

— Como o senhor pôde suportar tanta indignidade? Por que não usou a espada, mesmo sabendo que poderia perder a luta, em vez de se revelar um covarde e medroso diante de nós?

O samurai respondeu com uma pergunta:

— Se alguém vem com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente?

— A quem tentou entregá-lo, respondeu um dos discípulos.

– Isso vale para a inveja, a raiva e os insultos — disse o mestre. Quando não aceitos, continuam pertencendo a quem os carrega. Sua paz interior depende exclusivamente de você. As pessoas não podem tirar a serenidade, só se você permitir.

Esta reflexão nos ajuda a melhor compreender e saber tirar um proveito positivo das novas formas de comunicação que podem aproximar ou afastar as pessoas com a mesma intensidade. As novas tecnologias têm um efeito devastador para o bem ou para o mal. Cabe a nós fazer delas instrumento de boa convivência em todos os meios.

Shalom
Chag Purim Sameach


Fonte: Revista da Hebraica – março/2017

20
20