MATERIALISMO EXCESSIVO – RAV EFRAIM BIRBOJM

289_historia_2_1Yossef era uma pessoa extremamente materialista. Ele era comerciante e estava sempre pensando em como ganhar mais e mais dinheiro. Costumava se aproveitar do desespero das pessoas, cobrando dos clientes preços exorbitantes. Quanto maior a necessidade do cliente, maior o preço que ele cobrava. Mas algo fez Yossef mudar sua atitude.

Há cerca de 20 anos, Yossef estava com sua família de férias em um local de acampamento. Depois de alguns dias muito agradáveis, era hora de voltar para casa. Yossef tentou dar a partida no carro, mas nada aconteceu. Desesperado, ele caminhou para fora do acampamento em busca de ajuda, porém não havia mais ninguém. Sem alternativa, Yossef decidiu ir a pé até a vila mais próxima e procurar ajuda.

Depois de uma hora de caminhada e um tornozelo torcido, Yossef se alegrou muito ao avistar um posto de gasolina. Porém, ao se aproximar, percebeu que estava fechado. Lembrou-se então, desesperado, que era domingo. Yossef não tinha mais forças para continuar caminhando. Foi então que viu um telefone público e uma lista telefônica com as folhas tão velhas que já estavam rasgando. Conseguiu ligar para a única companhia de auto-socorro que encontrou na lista, que se localizava a cerca de 30 quilômetros dali. “Não tem problema”, disse a pessoa do outro lado da linha, de forma muito simpática, “normalmente estou fechado aos domingos, mas posso ajudar. Chego aí em mais ou menos meia hora”.

Yossef se sentiu momentaneamente aliviado. Porém, começou a ficar preocupado com as implicações financeiras que aquela oferta de ajuda causaria. Se o homem do telefone fosse como ele, aproveitaria a situação de desespero para cobrar uma fortuna.

Algum tempo depois Yossef escutou uma buzina e viu um caminhão-guincho se aproximando. Marcos, o mecânico, se apresentou e foram juntos ao acampamento. Quando desceram do caminhão, Yossef observou que Marcos andava com a ajuda de muletas. Foi então que Yossef percebeu que Marcos não tinha uma perna. Yossef voltou aos cálculos de quanto aquela ajuda custaria e foi ficando cada vez mais preocupado. Certamente aquele homem “enfiaria a faca” na hora de cobrar. Então Marcos chamou-o, interrompendo seus pensamentos:

– Não se preocupe, senhor, é só uma bateria descarregada. Vou dar uma pequena carga, deixamos o motor ligado para recarregar um pouco a bateria e em 10 minutos vocês podem seguir viagem.

Marcos era impressionante. Enquanto a bateria recarregava, distraiu o filho de Yossef com truques de mágica e chegou a tirar uma moeda da orelha, presenteando-a ao garoto. Enquanto ele colocava os cabos de volta no caminhão, Yossef tomou coragem e perguntou quanto devia pelo serviço. Marcos respondeu que não devia nada. Yossef não entendeu, achou que tinha escutado errado e insistiu mais uma vez. Marcos então falou:

– Há muitos anos, alguém me ajudou a sair de uma situação de desespero, quando perdi a minha perna. A pessoa que me socorreu simplesmente disse: “Somos todos anjos de uma asa só, precisamos nos abraçar para alçar vôo. Quando tiver uma oportunidade, passe isso adiante”. Esta é a minha oportunidade.

Aquilo foi um verdadeiro “tapa na cara” de Yossef. A partir daquele dia, ele mudou a forma de viver sua vida. Parou de se aproveitar do desespero dos outros para ganhar mais dinheiro e passou a pensar mais em como ajudar as pessoas em situações de necessidade.


RAV EFRAIM BIRBOJM – Mestre em Engenharia pela Escola Politécnica da USP, começou seu processo de Teshuvá (retorno ao judaísmo) aos 25 anos, através da Instituição “Binyan Olam”. Saiba mais.
Email: efraimbirbojm@gmail.com

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