UMA VIDA COM SENTIDO, OU PRAZEROSA – O QUE É MAIS IMPORTANTE – AKIM ROHULA NETO

292_life_3_1Cada vez mais os índices de depressão têm aumentado e não vemos tantos jovens adultos satisfeitos com suas vidas. O que está acontecendo?


“Faça o que você gosta”. Esta é a frase que mais tenho ouvido quando o assunto é escolha pessoal. Desde a profissão, viagens, lazer ou parceiro o mote é “gostar”. Porém, não tenho visto pessoas realizadas com isso ao longo do tempo. Cada vez mais os índices de depressão têm aumentado e não vemos tantos jovens adultos satisfeitos com suas vidas. O que está acontecendo?

O problema, a meu ver, é simples. Está localizado no que há por detrás de “gostar”. Esta palavra, em geral, está associada ao prazer. Então, escolher algo que se gosta é escolher algo que lhe dá prazer. Porém, prazer nem sempre está associado com realização pessoal ou sentido da vida. Esta é a pegadinha da qual poucos falam.

Prazer é associado com os sentidos, a excitação dos sentidos gera prazer. Porém ele tem vida curta, acaba logo depois que a excitação sensorial termina. Outro porém é que o prazer tem vida curta, pois tendemos a nos habituar com ele e não senti-lo mais depois de certo tempo. Apenas “gostar” do que faz, rapidamente lhe guia para o tédio.

Sentido da vida e realização é diferente.

Para compreenderem, vou dar o meu exemplo pessoal. Sou psicólogo, mas a minha emoção fundamental não é “gostar” de Psicologia. Pensem: passo oito horas sentado ouvindo problemas. O que há de prazeroso nisso? Sou uma pessoa de movimento, gosto de estar ao ar livre e praticar exercícios físicos e, no entanto, fico o dia todo sentado, isso não me dá prazer.

A emoção que me motiva é a curiosidade, inquietação, o que sinto ao ter sucesso em uma intervenção não é prazer, mas completude e interesse. Essas outras sensações são muito mais importantes do que prazer quando pensamos em longo prazo e em termos de vida como um todo e não como um momento. O prazer termina assim que o estímulo que o gerou termina, já sensações que provocam a construção de caráter não. Elas duram e se infiltram em outras áreas da vida.

O que precisamos ensinar, hoje em dia, é serenidade, tranquilidade, alegria (expansiva e introvertida), orgulho, interesse, comprometimento. Isso para que as pessoas possam ir além do “o que eu gosto” de fazer e comecem a pensar: o que me motiva a fazer? Essa pergunta, sim, é mais interessante porque leva a pessoa a refletir sobre o que move e mantém o seu comportamento.

Construir aquilo que nos dá sentido também envolve o uso de nossas habilidades pessoais. Características específicas que cada um de nós tem e que se não são usadas causam uma estranha sensação de “potencial desperdiçado”. Essas forças combinadas com emoções positivas (ao invés de prazer) e uma perspectiva de longo prazo é o que nos ajuda a criar o sentido de nossas vidas.

O que precisamos passar aos jovens é isso, ao invés do pequeno e simplório “o que você gosta” de fazer? Vê-los se descobrir e entender a diferença entre a vida boa (de prazeres) e a boa vida (de virtudes) é lindo e sempre me emociono com a beleza disso no consultório, choro, mas de alegria.


AKIM ROHULA NETO – Graduado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em Psicologia Corporal pelo Instituto Reichiano Psicologia Clínica e Centro de Estudos e em Programação Neurolingüística. Saiba mais.

akimrohula@gmail.com