BRUGGES, SEUS ENCANTOS E O MERCADO DA CERVEJA- POR FELIPE DAIELLO
Não é possível esquecer que a utilização da cerveja, como bebida do dia a dia, era mais saudável do que consumir água, na maioria contaminada. O consumo podia alcançar 5 a 6 litros por dia.
A antiga região de Flandres, das guerras entre protestantes e católicos, após a libertação do jugo espanhol, constitui hoje o território Belga. Região de museus, de tradições, de antigas cidades medievais, como Brugges e Gant.
No momento, a Bélgica é o país que concentra a maior parcela de abadias beneditinas que podem e estão autorizadas à fabricação da cerveja mais apreciada no mundo.
Seguindo tradições de séculos, fórmula secreta na elaboração da bebida, os monges trapistas estão na vanguarda tanto na propaganda quanto na qualidade do que produzem.
Podemos fazer roteiros turísticos em busca das preciosidades; são sete locais na Bélgica e um no norte da França.
Os beneditinos, seguindo a tradição de São Bento, nascido em Nochia na Umbria Italiana, além da oração seguiam o mandamento do trabalho, do não a preguiça, da necessidade da ocupação racional do tempo, das tarefas essenciais à ampliação da ordem. Para nossa alegria e prazer, a fabricação artesanal da cerveja foi uma das atividades escolhidas.
Não é possível esquecer que a utilização da cerveja, como bebida do dia a dia, era mais saudável do que consumir água, na maioria contaminada. O consumo podia alcançar 5 a 6 litros por dia.
Cada abadia, possui a sua marca; no rótulo temos todas as informações necessárias. Importante distinguir aquele toque, o diferencial.
Tendo a cevada como base, malte especial, o lúpulo adequado e aquele mistério que não divulgam, as cervejas rivalizam com os produtos da Bohemia, na atual República Checa.
Não são baratas, mas a tentação, o prazer, merecem o desfalque no nosso bolso ou no limite do nosso cartão de crédito.
Encontramos diversas possibilidades, tanto no teor alcoólico como na cor e no sabor. Mistura com frutas, principalmente vermelhas, sabores adocicados, cervejas bastante apreciadas nos séculos XIV, XV e XVI podem ser degustadas.
Para o brasileiro, o paladar condicionado ao gelo pode ser considerado mais uma heresia.
– Naqueles anos, era saudável e vital beber cerveja – o nosso guia explicava porque a água era evitada como bebida para matar a sede.
– Por isso, a população andava em estado de meio embriaguez, pronta para iniciar a primeira briga logo depois do terceiro copo – era o que nós podíamos dizer.
-Verdade! Boa maneira de acertar as discussões naturais do dia – rindo ele aceitava a nossa brincadeira.
Apesar de não ser grande apreciador, não resisti a provocação e aos poucos foi dominado por aquela danada.
Com teor alcoólico elevado, mais de 10%, era a maneira mais adequada de encerrar a noite, quando após nossa pesquisa chegava ao hotel para o devido repouso.
Em Brugges, etapa obrigatória, além da Pietá, única obra de Michelangelo fora da Itália e que foi roubada pelos nazistas durante ocupação na 2ª Guerra Mundial, uma visita a cervejaria Halve Maan não pode ser negligenciada.
Além dos chocolates, outra perdição, a cerveja na Bélgica alcança patamares de joias, o que exige e redobra o nosso interesse.
A propaganda, intensa, nos leva a caminhos de perdição, rotas que não podemos escapar. Siga o pecado.
FELIPE DAIELLO – Autor de vários livros, dentre os quais “Palavras ao Vento” e ” A Viagem dos Bichos” – Editora AGE – Saiba mais.
daiello@mrpost.net
www.daiello.com.br