POR QUE CENTENAS DE IMIGRANTES BRASILEIROS ESTÃO REUNIDOS NESTE SUBÚRBIO ISRAELENSE? – POR MARCUS MORAES
De infraestrutura, passando pela localização da atmosfera amigável para estrangeiros, Ra’anana está rapidamente se tornando a melhor escolha para esta comunidade em desenvolvimento.
Esta cidade pequena e tranquila com fácil chegada à Tel Aviv pode não ter as paisagens e praias de tirar o fôlego do Rio de Janeiro ou a cultura e a vida noturna que fazem de São Paulo uma cidade famosa. No entanto, a sonolenta Ra’anana – apesar de sua tendência a fechar quase que completamente no Shabat – tornou-se rapidamente o principal destino entre os brasileiros que estão se mudando para Israel . Cerca de 220 famílias brasileiras residem na cidade de 80 mil habitantes e que se tornou a primeira escolha entre os 1.800 brasileiros que iniciaram o processo aliah com a Agência Judaica, uma organização que auxilia o governo israelense com imigração e absorção.
Hoje, de sinagogas aos pátios escolares, o fluxo de brasileiros é palpável em toda Ra’anana. “Você pode ouvir português em todos os c antos aqui”, afirma Oshra Sharvit, diretor do ulpan local – escola subsidiada pelo Estado, onde novos imigrantes aprendem hebraico. Sharvit estima que cerca de um quarto dos estudantes da escola são do Brasil.
“Ra’anana foi rotulada como a cidade escolhida pelos brasileiros”, disse Sandro Maghidman, imigrante que vive em na cidade desde 2012. Maghidman é organizador da Kehila Yalla Chaverim, um grupo no Facebook com mais de 400 membros que un e virtualmente os brasileiros de Ra’anana e seus arredores, onde podem trocar experiências, se reunir para eventos ou anunciar serviços desde cachorrinhos &a grave;encomenda de coxinhas e salgados fritos, tão amados no Brasil.
“O grande grupo de residentes brasileiros, desde os ” vatikim “[veteranos] e os
“chadashim “[novatos] desempenham um papel fundamental que facilita a integração dos recém-chegados”, disse Maghidman durante um piquenique neste mês no Ra’anana Park para comemorar o aniversário do grupo. “Viver em Ra’anana é um privilégio”.
Somente ano passado cerca de 700 brasileiros imigraram para Israel, fazendo do país sul-americano a sexta maior fonte de novos imigrantes para o estado judaico, depois da Rússia, Ucrânia, França, Estados Unidos e Reino Unido.
A violência é a razão mais comum que os judeus brasileiros citam para fazer aliá. O Brasil tem uma das maiores taxas de homicídios do mundo – quase 60 mil assassinatos por ano ou 26 para cada 100 mil habitantes, de acordo com o “Think Tank do Instituto Igarape.”
Em contraste, Ra’anana é considerada uma das cidades mais seguras de Israel: “Aqui eu ando na rua sem olhar para trás e com fones de ouvido”, disse Denise Faldini, que se mudou para Ra’anana ano passado com seu marido e filhos de 5 e 9 anos. “Meus filhos aprenderam que aqui as janelas do carro podem ser abertas”. “Voltar para o Brasil não é uma opção para mim”, acrescentou Faldini, que passou dois anos usando remédios antidepressivos, após sofrer um sequestro em São Paulo: “Eu não quero morrer por causa de um telefone celular e deixar meus filhos órfãos, nem enterrá-los pelo mesmo motivo. A vida não é valorizada lá “.
Michel Abadi preside uma rede de 120 voluntários espalhados por Israel, que apoia brasileiros antes, durante e após chegarem ao país. < /span> Abadi está em Ra’anana com sua esposa e três filhos desde 2003. Logo em seguida vieram seus primos e seu quarto filho nasceu em Israel.
“É um conjunto de fatores: situação política, violência na rua, economia, qualidade dos serviços públicos, maior transparência da informação sobre a realidade israelense entre os judeus brasileiros”, disse Abadi sobre a onda de imigração. “E mesmo um efeito de bola de neve – quanto mais brasileiros vierem, mais brasileiros eles trarão”.
Esses novos imigrantes são atraídos para certas instituições, como por exemplo a escola TALI – que em hebraico significa “Estudos Judaicos Avançados”. Ao contrário da maioria das escolas israelenses, a TALI enfatiza os valores judaicos e tradicionais no espírito do pluralismo – semelhante ao que a maioria dos judeus brasileiros aprenderam nas escolas. Também na escola israelense h&aa cute; uma divisão entre o religioso e o propositalmente secular.
Em 2016 eram três crianças brasileiras em toda a escola de quase 500 alunos. Este ano, no entanto existem sete crianças brasileiras na primeira série da TALI sozinhas: “Queríamos uma escola que oferecesse um pouco de religião, mas que não fosse muito religiosa e com um currículo de inglês forte”, disse Lea Kaczemorska que tem dois filhos frequentando a escola.
Outro exemplo do crescimento desta comunidade em Israel é uma pequena, mas aconchegante sinagoga ortodoxa de 60 famílias, criada em janeiro de 2017 e liderada pelo rabino brasileiro Ivo Zilberman, que faz seus sermões em português.
“Isso vai além de ser apenas um lugar de encontro para os brasileiros orarem”, disse Martin Teitelbaum, que ajuda como gabbai( aquele que auxilia a leitura da Torá), na sinagoga. “Há também o lado social e comunitário, onde cada membro se sente parte de uma grande família”.
Ra’anana está centralmente localizada – está a menos de 15 km de Tel Aviv e é intercalado pelas cidades de Herzliya e Kfar Saba. As três cidades têm a maior concentração de indústrias de alta tecnologia no país – uma espinha dorsal da economia de Israelense.
Ra’anana também é conhecido como um centro para judeus “anglo” ou aqueles de países de língua inglesa. A cidade foi fundada na década de 1920 por um grupo de nova-iorquinos e cerca de 20% dos seus residentes falam inglês como sua primeira língua. Para os judeus brasileiros que uma vez sonhavam em imigrar para os EUA, mas achou difícil fazê-lo legalmente, morar em Ra’anana – com seu estilo de vida sofisticado, abundância de casas unifamiliares e preponderância da língua inglesa é a melhor escolha.
Nehama Efrati, gerente do departamento de absorção no município de Ra’anana, resumiu o interesse dos brasileiros pela cidade: ” O brasileiro combina com Ra’anana com muita perfeição. Aqui eles têm o melhor dos dois mundos – mantém sua cultura evivem interagindo. Nós respeitamos ambos os lados desta identidade. Nós não queremos ser apenas azuis e brancos, que remos ser todas as cores “, disse.
Fonte: Rua Judaica
Nota – Matéria publicada no jornal Times of Israel