BASTA DE ONDAS – RABINO ILAN STIEFELMANN

319_história_1_1Mas, a bem da verdade, será que realmente faz sentido sofrer e chorar até hoje pela destruição de uma edificação (Templo de Jerusalém)?


Conta-se que certa vez Napoleão passou por uma sinagoga em Tishá Beav e, intrigado com o choro que ouviu, perguntou o que tinha acontecido.

“Estamos de luto pela destruição do nosso Templo de Jerusalém”, explicaram-lhe.

Impressionado, Napoleão exclamou: “Um povo que vem se lamentando há 1.700 anos certamente merecerá ver o seu Templo reconstruído”.

Mas, a bem da verdade, será que realmente faz sentido sofrer e chorar até hoje pela destruição de uma edificação?

Acontece que o Templo não era uma edificação qualquer, mas sim a janela entre o céu e a terra – o ponto de encontro entre o físico e o espiritual. Assim, a sua destruição não constituiu apenas um evento histórico isolado; os seus efeitos reverberam até hoje. Enquanto permanecer a tensão entre o físico e o espiritual, estaremos perdendo o Templo.

Sob um ângulo ainda mais profundo, o tempo não é linear, e sim espiral. Os eventos que acontecem em uma determinada época do ano têm relação com o fluxo de energia daquele tempo específico. E esse fluxo de energia se repete a cada ano, ou seja, os eventos históricos são meramente manifestações externas de forças invisíveis que estão sempre atuando nos bastidores.

O calendário hebraico é uma espécie de guia de viagem no tempo que nos alinha com os ritmos internos dos ciclos da vida.

Luto e dor não representam tristeza e desespero. Pelo contrário, um bom nadador reconhece a natureza dinâmica da água e ajusta-se a ela. Chorar pela perda do Templo é como nadar através de ondas bravas. Por não ignorá-las nem lutar contra elas, as lágrimas tornam-se parte do mergulho, parte da jornada, que em última análise, conduz o nadador ao seu destino.

Pedimos ao bom D-us que nos faça alcançar finalmente o nosso destino. Basta de ondas, dilúvios e tsunamis! Queremos rir e celebrar no terceiro Templo, todos juntos – e que seja em breve.

Amên! Shabat Shalom!


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