DEMANDAS DA VIDA – POR AKIM ROHULA NETO

321_saude_1_1Ter a coragem e a ousadia de ouvir algo que já nos habita e tomar decisões com isso é o que fazem os “grandes”, este é o tal “feeling” que as pessoas de sucesso aprendem a ouvir ao longo da vida.


Cada vez mais a percepção de que a vida é feita de mudanças penetra em nossa sociedade. Porém, existem muitas formas de lidar com esta percepção.

Você já se percebeu preso em um sentimento de ansiedade diante do futuro, por não conseguir imaginar no que investir seu tempo, dinheiro e energia, visto que tudo pode mudar? Já se sentiu ultrapassado diante de novas perspectivas, mas com a cruel evidência de que você está “indo bem”, o que te coloca na dúvida: estou indo bem mesmo ou me iludindo?

Se você já sentiu isso já se percebeu diante do paradoxo da mudança. A perspectiva de que a vida é dinâmica, apresenta-se em nossa sociedade como um problema. Este problema precisa de uma solução e então você “tem que” fazer coisas. Aparecem inúmeros gurus que dizem o que “precisa” ser feito. Porém, como eles próprios podem saber disso, visto que tudo muda?

Não podem. Este é o fato. A questão mais importante a ser percebida é que o fato da vida trazer mudanças é um “contra o qual” não precisamos fazer absolutamente nada. A vida continuará trazendo mudanças quer você “faça alguma coisa”, quer não. O rio continua fluindo se você mergulha nele ou não. Esta percepção é importantíssima para nos retirar de um redemoinho de demandas completamente inadequadas.

O desejo de “fazer alguma coisa” está vinculado ao desejo de controlar as mudanças que a vida traz. Não somos plenamente capazes de fazer. Nossa visão de futuro é sempre limitada e restrita. O que podemos fazer é buscar olhar o nosso futuro. Então a preocupação muda de perspectiva. Ela se localiza dentro de um campo que é possível de ser compreendido.

Neste campo podemos fazer algo. Porém este algo não é correndo atrás de algo que será a “nova demanda do mercado”, o “próximo hit”. Evidencia-se de uma forma mais simples e pé no chão como a percepção de nossa trajetória. Bons profissionais, conectados com sua profissão e vida fazem mudanças sem a pressão externa que afeta tantos de nós. Eles simplesmente sabem que vão mudar, então não se ocupam disso, apenas ficam abertos para perceber isso.

Esta percepção é que indica os novos caminhos. O próximo passo é ter a coragem para se permitir guiar-se por sua própria vida, por esta centelha de desejo que compreende aquilo que somos, aquilo que fomos e, principalmente, aquele que seremos. E este é o ponto interessante do processo, o “ser” é, como colocam os existencialistas, um “vir-a-ser”. Assim sendo, nosso eu já se encontra conectado com este movimento da vida.

Ao contrário do que dizem os gurus, não precisamos fazer nada com isso, precisamos nos entregar à isso. Esta entrega nos mostra o que fazer. Não controlamos o processo ou os destinos, mas sim aquilo que fazemos enquanto caminhamos nesta direção. Ter a coragem e a ousadia de ouvir algo que já nos habita e tomar decisões com isso é o que fazem os “grandes”, este é o tal “feeling” que as pessoas de sucesso aprendem a ouvir ao longo da vida.

As demandas da vida estão dentro da própria vida, basta à nós ter a coragem e sensibilidade de ouvir e se guiar por isso. O restante sim, é esforço.


AKIM ROHULA NETO – Graduado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em Psicologia Corporal pelo Instituto Reichiano Psicologia Clínica e Centro de Estudos e em Programação Neurolingüística. Saiba mais.

akimrohula@gmail.com

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