A IMPORTÂNCIA (OU NÃO) DAS ROUPAS – EDUARDO S. KLEIN

Não podemos esquecer que o mais importante não é a roupa (o que está do lado de fora) que conta,

mas o que está por dentro.

A parashá de Tetsavê faz uma primeira referência ao Ner Tamid, passa uma grande parte do tempo falando sobre as vestimentas dos cohanim (sacerdotes) e outra grande parte dando instruções de como Aarão e seus filhos serão ungidos como tais, bem como os sacrifícios que deverão fazer na dada ocasião.

Por que tanta ênfase nas roupas dos sacerdotes? Passa-se um capítulo inteiro nesta descrição com detalhes minuciosos. Alguns comentaristas dizem que as vestimentas especiais serviam, de um lado, para distinguir os cohanim do resto do povo e, do outro, para lembrar aos próprios cohanim que as obrigações deles eram sagradas. Obrigações sagradas, roupas sagradas.

Certamente, nossas roupas falam sobre nós e sobre as funções e ocasiões às quais participamos. Talvez o costume de os rabinos, chazanim e shlichei tzibur colocarem o talit durante o Kabalat Shabat venha desta parashá.

Jovens quando fazem bar/bat-mitzvá ou vão à um bar/bat-mitzvá de uma amigo(a) não põem a mesma roupa como se fossem à escola ou a uma festa de aniversário. Roupas melhores são claramente uma indicação de uma ocasião especial.

Na França, o mais novo movimento social tem seu nome derivado da roupa que os manifestantes usam: “gilets jaunes” ou “coletes amarelos”. Infelizmente, este movimento, que tinha e tem reivindicações razoáveis, virou mais um movimento complotista e com traços antissemitas, racistas e retrógrados de maneira geral.

Não podemos esquecer que o mais importante não é a roupa (o que está do lado de fora) que conta, mas o que está por dentro. Nossa parashá nos mostra isso com as obrigações que os cohanim deveriam cumprir. Suas roupas eram importantes, no entanto, seus atos mais ainda! E não é à toa que dois dos filhos de Aarão morrerão logo em seguida ao oferecer um sacrifício que não deveriam.

Mesmo nos vestindo diferentemente do comum em certas ocasiões, não podemos nos esquecer dos nossos valores e agir com responsabilidade.

Shalom.


Eduardo S. Klein – Associação Religiosa Israelita