RAUL WASSERMNN Z’L E ALFREDO SIRKIS Z’L – DUAS GRANDES PERDAS PARA A COMUNIDADE

Fundador do Grupo Editorial Summus, Raul Wassermann fez sua passagem no último dia 9 de julho, aos 77 anos, e Alfredo Sirkis, um dos fundadores do Partido Verde, dia 10, aos 69 anos.


MORRE RAUL WASSERMANN, FUNDADOR DO GRUPO EDITORIAL SUMMUS

É com pesar que o Grupo Editorial Summus comunica o falecimento do seu fundador e diretor, Raul Wassermann, aos 77 anos. Depois de 12 anos de luta contra um câncer, morreu nesta quinta-feira, dia 9 de julho, às 23h40, no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, de complicações em decorrência do tratamento. Ele deixa a esposa, Edith Elek, três filhos e cinco netos e uma história de mais de 45 anos no mercado editorial.

Descendente de judeus migrados da antiga Bessarábia, hoje Moldávia, ele nasceu em Santos e herdou da mãe, leitora compulsiva, o gosto por livros. Veio para a capital de São Paulo nos anos 1960. Formou-se em engenharia pelo Mackenzie, enveredou pela publicidade e turismo, mas sempre quis ser mesmo um empresário.

Ainda na faculdade, entrou como sócio da gráfica Planinpress, que se tornaria uma das maiores produtoras de house organs no País, publicações empresariais que então proliferavam, na virada dos anos 1960 para 1970. Foi o início do Grupo Editorial Summus, hoje, uma referência em títulos de não-ficção nas áreas de Educação, Comunicação, Psicologia e Saúde.

Sua experiência o sagrou membro ativo por cerca de vinte anos na CBL – Câmara Brasileira do Livro, tendo sido presidente da entidade entre 1999 e 2002. Foi também responsável por importantes avanços na produção da Bienal do Livro. Nesse período foi ainda incentivador do grande desenvolvimento das feiras locais, sendo que a mais brilhante perdura até hoje, a de Ribeirão Preto.

Trajetória do editor

Durante sua formação em Engenharia, participou de grêmios estudantis e foi diretor do Centro Acadêmico Horácio Lane, da Escola de Engenharia Mackenzie. Já nessa época começou a se dedicar à edição, dirigindo o departamento de publicações do CA. Suas origens o conduziram a atuar como presidente da regional de São Paulo do Grupo Universitário Hebraico do Brasil, o que o levou à participação no congresso estudantil em Israel.

Ao fundar o Grupo Editorial Summus foi precursor em publicações segmentadas como o Selo Negro Edições e Edições GLS, além de outros cinco selos – Summus Editorial, MG Editores, Mescla Editorial, Editora Ágora e Plexus Editora.

Lançou no Brasil teorias da psicologia como Gestalt, Programação Neurolinguística e outras. O selo Ágora é considerado um grande divulgador do Psicodrama no mundo. Entre os grandes autores que compõem o catálogo do Grupo estão nomes como Flávio Gikovate, Moacyr Scliar, José Ângelo Gaiarsa, Nei Lopes e Doc Comparato.

Raul foi fundador e o primeiro presidente da ABDR – Associação Brasileira de Direito Reprográfico, entidade dedicada a defender os direitos de autores e editoras contra a cópia não autorizada. Integrou ainda o Conselho da IFFRO – International Federation of Reprografic Rights.


AOS 69 ANOS, MORRE ALFREDO SIRKIS, UM DOS FUNDADORES DO PARTIDO VERDE, EX-VEREADOR E EX-DEPUTADO FEDERAL

Vítima de um acidente automobilístico, morreu no último dia 10 de julho o político, escritor, jornalista, roteirista de TV e cinema, Alfredo Hélio Sirkis. Ele tinha 69 anos e foi um dos fundadores do PV – Partido Verde.

O carro que ele dirigia em direção à Vassouras/RJ, saiu da pista, colidiu contra um poste e capotou no Arco Metropolitano na BR-493, em Nova Iguaçu (RJ).

Alfredo foi Secretário Municipal de urbanismo e presidente do Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos (IPP), entre 2001 e 2006 e Secretário Municipal de Meio Ambiente, entre 1993 e 1996, na cidade do Rio de Janeiro. Exerceu por 4 mandatos o cargo de vereador e foi Deputado Federal (2011 a 2015).

Autor de nove livros, dos quais o mais conhecido é Os Carbonários (1980) – ganhador do Prêmio Jabuti de 1981 -, ele iniciou seu trabalho como jornalista, em Paris, em 1973, no recém fundado jornal Liberation, dirigido por Jean Paul Sartre, e foi seu correspondente freelancer em Santiago (1973, durante o golpe de estado) e em Buenos Aires(1974).

Filho de imigrantes judeus poloneses, seu pai, Herman Eugenio Sirkis, nasceu na cidade industrial de Lodz em 1916, tendo falecido no Rio em 2002. Foi Capitão do Exército Popular Polonês e participou da Batalha de LENINO, tendo sido agraciado com a Cruz de Bravura, Cruz de Mérito de Prata e Medalha Pro-Memoria.

Sua mãe, Liliana Binensztok, 97 (na foto com a família), nasceu em Pinsk, pequena cidade de maioria judaica hoje na Bielorússia, tendo se tornado conhecida dama da alta costura carioca, em uma das primeiras “maisons” da então Capital, a Casa Colette, principal criadora de vestidos de noiva nas décadas de 50 e 60.

Alfredo Sirkis era filho único e seu nome homenageia o avô materno, oficial dentista do exército polonês, que pereceu em 1940 no massacre de Katyn, sob ordens de Stalin, quando foram assassinados cerca de 8 mil oficiais do Exército Polonês, evento inicialmente atribuido aos nazistas.

Em 2009 sua mãe escreveu o livro autobiografico LILA, que mais tarde serviu de base para o filme do mesmo nome, com canção-tema de Gilberto Gil. Em 2013 retornou a sua Pinsk natal com a irmã Janete, o filho Alfredo e a equipe de filmagem, apos 70 anos da sua saida de Pinsk, quando junto com a mãe, foram deportadas pelos ocupantes russos para a Sibéria, como familiares de um oficial do Exercito Polones. Lá permaneceram internadas em condições durissimas por quatro anos, entretanto ao terminar a guerra, haviam escapado do destino de quase todos os 30 mil judeus de Pinsk, que lamentavelmente pereceram no Holocausto. O documentário, de 2018, foi dirigido pelo filho Alfredo, Silvio Darin e produzido por Belisário Franca da Giros.

Alfredo Sirkis foi um dos pioneiros na luta pela preservação do meio ambiente no Brasil. Era o Diretor Executivo do think tank Centro Brasil no Clima (CBC). Entre outubro de 2016 e maio de 2019 foi o Coordenador Executivo do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima (FBMC), tendo organizado a campanha Ratifica Já! que propiciou a ratificação, pelo Brasil, em tempo recorde, do Acordo de Paris; do processo para a elaboração da Proposta Inicial para Implementação da NDC brasileira e da avaliação Brasil Carbono Neutro 2060.

Quando deputado federal (2011-2015) presidiu a Comissão Mista de Mudança do Clima do Congresso Nacional (CMMC) e foi um dos vice-presidentes da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados.

Colaboração: Israel Blajberg – Rio de Janeiro

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