FAZENDO O BEM SEM SEGUNDAS INTENÇÕES – RAV EFRAIM BIRBOJM
“Aqui na nossa Yeshivá estudam homens, e quando cada um deles se preocupa em como seu companheiro pode viver bem ao seu lado, e o objetivo de cada um é fazer o bem ao próximo, não há problemas para ninguém”.
Uma universidade americana decidiu descobrir a “receita” para ser um milionário. Cem milionários foram acompanhados por alunos, que observavam seu dia a dia. Ao final de meses de acompanhamento, os estudantes reuniram seus relatórios para analisá-los. Apenas um destoou completamente, pois a pesquisa apontou que os milionários dedicavam bastante tempo “guerreando” com seus concorrentes, e somente um deles não “lutava” contra ninguém e não tinha inimigos. Este milionário, o proprietário de uma grande rede de farmácias, explicou:
– No início da minha carreira, eu seguia a filosofia do meu falecido pai, que sempre dizia: “Estabeleça objetivos e os alcance a qualquer custo”. Porém, tudo mudou há alguns anos, quando me reuni com alguns diretores e decidimos viajar para observar farmácias em diversas partes do mundo. Um dos países que visitei foi Israel. Passeamos por todo o país e aproveitamos bastante. No último dia, o nosso guia disse que iria nos levar a um lugar impressionante. Imaginamos que seria um sítio arqueológico com relíquias de 3.000 anos ou algo parecido. Porém, a van entrou em um bairro antigo em Jerusalém, de ruas estreitas, e parou diante de um prédio grande e movimentado. O guia nos perguntou qual deveria ser o tamanho de um local de estudos para comportar 4 mil alunos, e quantos funcionários deveriam trabalhar por esse local. Começamos a fazer as contas: auditórios, salas de estudos, dormitórios, refeitórios, escritórios. Chegamos à conclusão que seria necessário ao menos 130 mil metros quadrados e cerca de 350 pessoas no staff. Porém, o guia nos apresentou à Yeshivat Mir, onde estudam mais de 4 mil alunos em uma área de somente 3 mil metros quadrados. O staff da Yeshivá é composto por 20 pessoas e um único diretor. Nós ficamos mudos. O guia nos levou para conhecer a Yeshivá. Os salões de estudo estavam lotados. Os estudantes estavam tão concentrados que nem perceberam nossa presença. Fomos de andar em andar, e em cada canto possível havia pessoas sentadas estudando. Era uma visão incrível, que nos deixou sem palavras. De todos os lugares do mundo que havíamos visitado, aquele foi o que mais nos impressionou.
– Ao final do tour – continuou o milionário – o guia agendou um encontro com o Rosh Yeshivá, o Rav Natan Tzvi Finkel zt”l (EUA, 1943 – Israel, 2011), Entramos em uma casa muito simples, mobiliada apenas com o estritamente necessário. Ao lado da mesa da sala estava sentado o Rosh Yeshivá. Ele tinha muitos problemas de saúde e muita dificuldade para falar, mas nos recebeu com uma face irradiante. Um dos diretores da minha empresa disse: “Prezado rabino, todos nós aqui administramos grandes negócios, mas não conseguimos entender como uma instituição como a de vocês é dirigida. Qual é o segredo?”. O Rosh Yeshivá sorriu e respondeu: “Caros amigos, vocês sabem qual é a diferença entre um homem e um animal? Quando um animal deseja algo, ele faz de tudo para alcançar seu objetivo, mesmo que para isso ele tenha que pisar nos que estiverem no seu caminho. O homem, por sua vez, consegue abdicar de seus desejos e vontades para não causar danos ao seu companheiro. Mais ainda, o homem pode inclusive deixar de ter um proveito em prol de seu companheiro. Aqui na nossa Yeshivá estudam homens, e quando cada um deles se preocupa em como seu companheiro pode viver bem ao seu lado, e o objetivo de cada um é fazer o bem ao próximo, não há problemas para ninguém”.
– As palavras do sábio rabino entraram como uma faca no meu coração – concluiu o milionário – pois era exatamente o oposto do que eu expressava até então. Comecei a entender que isto era uma atitude de animais. A partir daquele dia decidi não causar mais sofrimentos a ninguém, pelo contrário, decidi alegrar, a querer o bem e o sucesso dos outros. E, acreditem em mim, não perdi nada com isso. Como vocês podem testemunhar, só lucrei mais, principalmente por ter me tornado mais humano”.
RAV EFRAIM BIRBOJM
Mestre em Engenharia pela Escola Politécnica da USP, começou seu processo de Teshuvá (retorno ao judaísmo) aos 25 anos, através da Instituição “Binyan Olam”. Saiba mais.
Email: efraimbirbojm@gmail.com