JERRY LEWIS, O GRANDE PALHAÇO JUDEU – POR MENDY TAL
Jerry Lewis tornou o mundo um lugar mais engraçado. Suas rotinas de comédia pastelão frequentemente o mostravam bancando o bobo, fazendo planos grandiosos e caindo de cara no chão.
No panteão dos grandes humoristas judeus, como Os Irmãos Marx, Danny Kaye, Gene Wilder, Mel Brooks, Woody Allen Jerry Seinfeld e dezenas mais, uma figura é considerada um gigante da comédia, Jerry Lewis.
Jerry, um importante palhaço judeu do cinema americano, cuja compreensão inovadora do meio garantiu que sua identidade étnica fosse uma parte inevitável de sua celebridade no mundo.
Como seu biógrafo Shawn Levy enfatiza, Lewis mal precisava lembrar o público de seu judaísmo, uma vez que sua essência e ambiente estavam obviamente imbuídos de ídichkeit.
Lewis nasceu Joseph Levitch em 16 de março de 1926, em Newark, New Jersey, em uma família judia. Seu pai, Daniel “Danny” Levitch era um mestre de cerimônias e vaudevillian, e sua mãe, Rachael “Rae” Levitch), pianista e diretora musical de Danny.
Sua carreira no entretenimento começou como um garoto de 5 anos cantando “Brother, Can You Spare a Dime” em resorts no estado de Nova York, no chamado Circuito do Borscht. “Borscht Belt”.
Aos 15 anos, ele desenvolveu seu “ato de identificação” fazendo mímicas com as letras de músicas enquanto um fonógrafo tocava fora do palco.
Um perfil do Washington Post de 1982 diz: “Aos 15 anos, Joseph Levitch foi chamado à sala do diretor de sua escola em Irvington, NJ, por interromper um curso de química laboratório. Lá, ele socou o diretor na boca. Tudo isso porque, em sua sala, o diretor primeiro chamou Lewis de “espertinho”. E então o diretor disse: “Por que são apenas os judeus?” Essa observação provocou o soco. Esse foi o começo de sua luta contra o antissemitismo.
Em seu início de carreira, o comediante conseguiu um show em uma casa burlesca em Buffalo, mas seu desempenho não deu certo e não conseguiu agendar mais shows. Um veterano comediante burlesco, Max Coleman, que havia trabalhado com o pai de Lewis anos antes, o convenceu a tentar novamente.
Irving Kaye, um comediante, viu a atuação de Lewis em Nova York, no verão seguinte, e o público ficou tão entusiasmado que Kaye se tornou o agente e guardião das suas aparições.
Durante a Segunda Guerra Mundial, ele foi rejeitado para o serviço militar por causa de um sopro no coração.
Em 1946, aos 20 anos, Lewis começou a trabalhar em estreita colaboração com o cantor Dean Martin, como a dupla de comédia “Martin e Lewis”.
No final da década de 1940, os dois alcançaram fama nacional, primeiro com seu show popular em uma boate e depois como estrelas de cinema. A dupla se tornou extremamente famosa em filmes de sucesso como “O Palhaço do Batalhão (1951) e “Ou Vai ou Racha”(1956).
Olhando as fotos da multidão se aglomerando para ter um vislumbre dele e de seu parceiro, Dean Martin, em seus hotéis, poderíamos pensar que estávamos testemunhando a Beatlemania. Entretanto, Martin e Lewis tiveram esse sucesso 10 anos antes.
Lewis com Dean Martin fizeram 16 filmes juntos, além de inúmeras aparições em boates e televisão.
Eles continuaram a se apresentar juntos, até sua separação em 1956, que criou uma rivalidade de longa data entre os homens. Os observadores atribuíram a separação ao interesse de Lewis em produzir e dirigir filmes, seu ego e necessidade de controle, bem como ao desejo de aprovação do frequentemente distante Martin. Cada um deles teve carreiras de sucesso por conta própria.
Só no final dos anos 1980, após a morte do filho de Martin, os dois homens enfim se reconciliaram.
Um outro grande amigo de Jerry Lewis, Frank Sinatra, com sua aprovação, o chamava carinhosamente de “judeu”, e não pelo nome ou sobrenome.
Lewis dirigiu e produziu vários outros filmes que co-escreveu, incluindo O Terror das Mulheres e O Professor Aloprado.
Lewis foi o ator de cinema mais bem pago de Hollywood na década de 1960.
Depois de uma longa ausência do cinema, Lewis voltou no início dos anos 1980 com “Vai Trabalhar, Malandro!”, um filme que dirigiu e estrelou. Em 1983, ele teve uma atuação aclamada pela crítica no filme de Martin Scorsese O Rei da Comédia, com Robert de Niro. Durante a década de 1990, Lewis continuou trabalhando em pequenos filmes.
Lewis deu aulas de direção de cinema na University of Southern California em Los Angeles por vários anos.
Seus alunos incluíam George Lucas, cujo amigo Steven Spielberg às vezes assistia às aulas.
Lewis exibiu o primeiro filme de Spielberg, Amblin ‘e disse a seus alunos: “É disso que se trata o cinema”.
A aula cobria todos os tópicos relacionados ao cinema, incluindo pré e pós-produção, marketing e distribuição e filmagem de comédia com ritmo e tempo.
Seu livro The Total Film Maker (1971), foi baseado em 480 horas de suas aulas teóricas.
Lewis também viajava para escolas de medicina para seminários sobre riso e cura com o Dr. Clifford Kuhn e deu palestras corporativas e universitárias, palestras motivacionais e promoveu a empresa de tratamento da dor Medtronic.
Igualmente, Lewis era conhecido pelos Teletons anuais de Distrofia Muscular, que aconteciam no Dia do Trabalho, que ele organizou de 1966 a 2010. Convidando celebridades como Sammy Davis Jr. e Johnny Carson para o programa, Lewis acabou levantando US$2,45 bilhões para a Associação de Distrofia Muscular. Em 1977, ele foi até nomeado para o Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho com a Associação.
Em 2003, Lewis viajou para Tel Aviv para um festival de cinema de uma semana em sua homenagem, produzido em associação com o Steven Spielberg Jewish Film Archives.
O artista morreu em 2017, aos 91 anos, de doença cardíaca.
Jerry Lewis tornou o mundo um lugar mais engraçado. Suas rotinas de comédia pastelão frequentemente o mostravam bancando o bobo, fazendo planos grandiosos e caindo de cara no chão.
Na vida real, também, Lewis sonhava alto e às vezes ficava aquém de seus objetivos e esperanças. Ainda assim, de certa forma, sua determinação de sonhar alto valeu a pena: arrecadar bilhões para caridade, criar um legado de filmes, mostrar publicamente que é possível se desculpar e continuar crescendo, não importa em qual estágio da vida – e, acima de tudo, nos fazendo rir.
Mendy Tal – Cientista político e ativista comunitário.