EM BUSCA DA FELICIDADE – RABINO YACOV GERENSTADT
Não existe uma tristeza ou desapontamento mais profundo que a falta de objetivo na vida de uma pessoa.
É muito comum, na vida moderna, nos depararmos com muitas pessoas insatisfeitas com suas vidas. Muitas delas pensam também que encontrarão a felicidade mudando de emprego, trocando de cônjuge ou mudando de casa. As pessoas parecem acreditar que podem alcançar a felicidade com mudanças, mas raramente tentam fazer a única mudança que realmente poderia ser eficaz, uma mudança em si mesmas.
Rabi Moishe, certa vez, teve um sonho no qual ele era levado ao paraíso. Ele ficou profundamente admirado ao perceber e sentir tanta paz e serenidade pairando naquele ambiente.
De repente, Rabi Moishe ouviu uma voz: “Moishe, Moishe, filho de Hana, você realmente acredita que os sábios estão no paraíso? Você está enganado! É o paraíso que está dentro dos sábios!”.
Rabi Moishe acordou pela manhã com uma nova pérola de sabedoria. O paraíso e o inferno não são lugares que você se encontra, mas sim, aquilo que está dentro de você.
A fonte de nossa insatisfação é proveniente de nosso ego. Julgamo-nos merecedores de muitas coisas que não possuímos, almejamos alcançá-las, mas, quando não conseguimos, nos decepcionamos, nos sentimos infelizes e insatisfeitos. O acúmulo de decepções e descontentamentos leva ao desânimo e, mais tarde, à decepção. Uma pessoa verdadeiramente humilde não teria esse tipo de problema, pois, ao seu ver, ela não se sente merecedora de tudo isso.
De acordo com os ensinamentos místicos da Cabala, a pessoa se encontra totalmente anulada perante D’us, e esta autoanulação que é a chave de tudo. Na verdade, essa pessoa pode se sentir orgulhosa e privilegiada por ter sido incumbida pelo Soberano de todo o Universo de cumprir uma missão. Assim, se alegrará com esta honra e procurará fazer juz a ela.
Portanto, mesmo naqueles momentos em que as circunstâncias não dão muito motivo para a alegria, existe, apesar de tudo, razão para estar alegre. Talvez possamos entender a alegria comparando-a ao seu oposto, a dor do sofrimento.
Uma velha parábola: conta-se que certa vez um homem foi condenado à vinte e cinco anos de trabalhos forçados. Ele foi, então, algemado à uma manivela de uma grande e pesada roda e, de manhã até a noite, ele tinha que girar esta pesada roda. Os dias e os anos passavam lentamente e, durante estas muitas horas, à medida em que ele sentia seus músculos se tornarem cansados e os ossos de suas costas se rompendo com a pressão, ele se perguntava o quê exatamente ele estava realizando com seu trabalho árduo. Talvez a roda fosse parte de um moinho e ele estivesse moendo grãos, transformando-os em farinha. Ou talvez estivesse girando algo, como a roda de um oleiro, ou talvez gerando algum tipo de energia que era usada para ativar algum tipo de máquina.
Quando a longa sentença finalmente foi cumprida e as algemas foram retiradas dos braços musculosos de um homem velho e alquebrado, a primeira coisa que ele fez foi ir para o lado de fora da casa, para ver no quê ele ficara trabalhando esses vinte e cinco anos. Horrorizado, ele descobriu que não havia nada lá, apenas uma roda na parede, desligada de qualquer alavanca ou engrenagem.
O homem irrompeu em prantos. “Vinte e cinco anos de trabalho pesado”, lamentava, “e tudo em vão. Se alguém tivesse se beneficiado com isto, quer fosse uma pessoa ou um animal, eu poderia aceitar. Mas ter trabalhado e sofrido em vão, isso eu não posso suportar!”
Não existe uma tristeza ou desapontamento mais profundo que a falta de objetivo na vida de uma pessoa. Todos os nossos esforços podem ser empreendidos com facilidade somente se existir um propósito nisso tudo.
Mas se, como alguns cientistas querem nos fazer crer, nós formos obras do acaso, sem nenhum objetivo supremo em nossa existência, então as tragédias da vida se tornam insuportáveis. Assim como o sentimento de falta de propósito é o extremo do desespero, a percepção do propósito é o ápice da alegria. Tudo tem uma razão, tudo serve a um propósito. Existe alegria na realização.
Uma mulher que sofre as dores do parto pode realmente chorar de dor, mas seu sofrimento é atenuado por ela saber que está concebendo um filho e, se ela deseja ter mais filhos, ela o fará tendo plena consciência da dor que terá que suportar. A antecipação da alegria suprema de criar um filho permite que ela exclame alegremente: “Parabéns!”, enquanto as lágrimas provocadas pela dor ainda escorrem por sua face.
Portanto: alegria, alegria. Tudo vale a pena. Tudo.
Fonte: www.galeinai.com.br
RABINO YACOV GERENSTADT – Em 1988, com apenas 18 anos de idade, o Rabino Yacov Gerenstadt ingressou em uma jornada de conhecimento e estudo da Torá. Saiba mais...