Comendo os frutos dos bons atos – Rav Efraim Birbojm
Existem coisas pequenas que representam muito na vida. Precisamos estar atentos, para não perdermos essas ricas oportunidades de dar alegria a alguém. Um simples passeio, uma volta pelo jardim, um bate-papo. Esteja atento para os gestos quase insignificantes. Eles podem representar, para alguém, toda a felicidade.
“Era tarde da noite quando Paulo, um taxista, recebeu um chamado. Dirigiu-se para a rua e o número indicados. Tratava-se de um prédio simples, com uma única luz acesa no térreo. Porém, não havia ninguém esperando. Paulo começou a ficar irritado. Pensou em buzinar e, se ninguém chegasse logo, iria embora. Mas logo pensou que, se alguém havia chamado um táxi tão tarde, poderia estar com alguma dificuldade. Por isso, saiu do carro, foi até a porta do prédio e tocou a campainha. Ele ouviu uma voz fraca dizer: “Estou indo. Um momento, por favor”. Uma senhora idosa, pequena, franzina, abriu a porta do prédio. Equilibrava-se em uma bengala e, na outra mão, trazia uma pequena mala.
– Pode me ajudar com a mala? – perguntou a senhora.
Paulo apanhou a mala e ajudou a passageira a entrar no táxi. Ela forneceu o endereço e pediu se poderiam ir pelo centro da cidade. Paulo informou que o caminho sugerido era muito mais longo.
– Não tem importância – afirmou a senhora – Não tenho pressa. Desejo olhar a cidade, pela última vez. Estou indo para um asilo, porque não tenho mais família e estou muito doente.
Paulo, ao escutar aquelas palavras, sutilmente desligou o taxímetro. Ele a levou até a área central da cidade. Ela mostrou o edifício onde trabalhava quando ainda era mocinha. Depois, passaram pela casa onde ela morou, recém-casada, com seu falecido marido. De vez em quando ela pedia para que ele parasse em frente a algum edifício. Suspirava e olhava. Assim, as horas passaram e ela manifestou cansaço.
– Por favor, agora estou pronta. Podemos ir para o asilo – pediu a senhora.
O asilo era uma bela casa, cercada de árvores. Apesar do horário, ela foi recebida de forma cordial por dois atendentes. Logo mais, já sentada em uma cadeira de rodas, ela se despediu do taxista.
– Quanto lhe devo? – perguntou a senhora.
– Nada – disse Paulo – É uma cortesia.
– Você precisa ganhar a vida, meu rapaz! – disse a senhora, preocupada com o taxista.
– Há outros passageiros – respondeu Paulo – não se preocupe.
Sensibilizada, ela se levantou e deu nele um abraço afetuoso. Com um sorriso, disse palavras de gratidão:
– Você deu a esta velhinha um grande presente. D’us o abençoe.
Naquela madrugada, Paulo resolveu não trabalhar mais. Ficou refletindo: e se ele apenas tivesse buzinado e ido embora? E se tivesse recusado a corrida por ser muito tarde? Ele então entendeu a riqueza que é ser gentil, dedicar-se a alguém. Dois dias depois, retornou ao asilo para saber como estava a senhora. Ela havia falecido na noite anterior.”
Existem coisas pequenas que representam muito na vida. Precisamos estar atentos, para não perdermos essas ricas oportunidades de dar alegria a alguém. Um simples passeio, uma volta pelo jardim, um bate-papo. Esteja atento para os gestos quase insignificantes. Eles podem representar, para alguém, toda a felicidade.
RAV EFRAIM BIRBOJM
Mestre em Engenharia pela Escola Politécnica da USP, começou seu processo de Teshuvá (retorno ao judaísmo) aos 25 anos, através da Instituição “Binyan Olam”. Atualmente comanda uma comunidade em São Paulo, cuja missão é oferecer a oportunidade de crescimento espiritual para o público já observante da Torá, bem como oferecer a oportunidade de pessoas não observantes se aproximarem um pouco mais do judaísmo. Saiba mais.
Email: efraimbirbojm@gmail.com