O sentimento sadio da culpa – Por Rabino Nissim Katri
Raramente vertemos lágrimas genuínas quando confessamos nossos pecados, algo que deveria ocorrer espontaneamente se nosso remorso fosse tão sincero quanto profundo.
Rabi Shalom Shachna de Probish pergunta: “Como foi que o Rei David conseguiu o perdão após o episódio de Batsheva? Foi pela profundidade do arrependimento do Rei David quando o profeta o repreendeu que não foi menos intensa que sua paixão por Batsheva”.
Durante os dez dias do arrependimento, batemos em nossos peitos e confessamos nossos pecados. Mas, muito frequentemente, isto é apenas um mero ritual. Mesmo quando compreendemos as palavras que pronunciamos e nos arrependemos do erro, a emoção que acompanha o arrependimento nem de perto é igual à emoção que acompanhou o pecado do qual confessamos.
Se nos arrependemos de ter ofendido alguém no calor da raiva, a dor da consciência de ter cometido o erro raramente é da mesma magnitude da raiva que instigou o insulto. Raramente vertemos lágrimas genuínas quando confessamos nossos pecados, algo que deveria ocorrer espontaneamente se nosso remorso fosse tão sincero quanto profundo.
Culpa pode ser tão sadia e construtiva como a dor que sentimos quando tocamos em algo muito quente, porque o desconforto da culpa nos fará evitar repetir um ato impróprio, e esta retração traz o perdão. Para chegar a este fim, a dor da culpa deve ser tão profunda quando a de uma queimadura, porque só assim vamos manter a guarda para não sermos machucados de novo.
RABINO NISSIM KATRI
RABINO NISSIM KATRI – É emissário do Rebe de Lubavitch e diretor do Beit Chabad de Belo Horizonte/MG. . Foi dos primeiros rabinos a serem ordenados no Brasil. Saiba mais.