O que é realmente nosso? – Rav Efraim Birbojm

Nossos bens materiais vêm e vão. Além disso, quando partirmos deste mundo, todos eles ficarão aqui. Somente levaremos os nossos bons atos. Por isso, é preciso ter claridade de onde estamos investindo o nosso tempo, em algo passageiro ou algo infinito.

“Certo rei tinha um ministro judeu que, além de ser muito sábio, era extremamente competente e bem sucedido em tudo o que fazia. Aos poucos ele foi crescendo e enriquecendo. Como era de se esperar, os demais ministros o invejaram. Começaram a buscar maneiras de denegrir o ministro judeu perante o rei. Eles inventaram calúnias e tentaram convencer o rei de que o ministro estava roubando dinheiro do Tesouro Real. O rei, que era um homem astuto, não dava ouvidos aos rumores, pois conhecia bem o ministro judeu e confiava em sua honestidade.

– Vocês estão com inveja – zombava o rei, ignorando as calúnias dos ministros.

Mas os ministros invejosos não desistiram. Eles continuaram a importunar o rei, repetindo constantemente que o ministro o roubava. Por fim, o rei se rendeu e chamou o ministro judeu para esclarecimentos.

– Quanto dinheiro você tem? – questionou o rei.

– Um milhão de dólares – respondeu o ministro.

O rei desconfiou que ele possuía muito mais dinheiro do que havia declarado. Irritado, ordenou que trouxessem ao palácio toda a riqueza do ministro judeu. Quando conferiram, constataram que o ministro havia mentido e que o seu patrimônio era dez vezes maior do que ele havia declarado. O rei não perdoou a mentira. Se fosse dinheiro honesto, por que ele estaria escondendo? Os ministros pareciam estar certos em sua suspeita! O rei imediatamente mandou prender o ministro judeu, confiscou todo o seu dinheiro e marcou um julgamento para seu caso.

No dia do julgamento, trouxeram o ministro diante do rei, que questionou com indignação:

– Como ousou mentir assim para mim? Sua riqueza é dez vezes maior do que o valor que você declarou!

– Vossa Majestade, eu não menti, é tudo verdade – defendeu-se o ministro judeu – Eu anoto todo mês em um bloco especial o “Maaser”, um décimo do meu salário, valor que eu costumo doar para Tzedaká. Quando Vossa Majestade questionou quanto dinheiro eu tenho, respondi baseado na quantia registrada no meu bloco de Tzedaká. Essa é a quantia que será sempre minha e que ninguém pode tirar de mim. Quanto ao resto do dinheiro, eu não posso garantir que estará sempre em minhas mãos. Por exemplo, neste momento Vossa Majestade confiscou todo o meu dinheiro, e agora, o que me restou dele? Somente a quantia que doei para Tzedaká, um mérito garantido para sempre.

O rei, maravilhado com a explicação do ministro judeu, conferiu o bloco de Tzedaká e verificou que a informação era verdadeira. Imediatamente ordenou que todo o seu dinheiro fosse devolvido e que ele fosse trazido de volta ao seu importante cargo.”

Nossos bens materiais vêm e vão. Além disso, quando partirmos deste mundo, todos eles ficarão aqui. Somente levaremos os nossos bons atos. Por isso, é preciso ter claridade de onde estamos investindo o nosso tempo, em algo passageiro ou algo infinito.


RAV EFRAIM BIRBOJM

Mestre em Engenharia pela Escola Politécnica da USP, começou seu processo de Teshuvá (retorno ao judaísmo) aos 25 anos, através da Instituição “Binyan Olam”. Atualmente comanda uma comunidade em São Paulo, cuja missão é oferecer a oportunidade de crescimento espiritual para o público já observante da Torá, bem como oferecer a oportunidade de pessoas não observantes se aproximarem um pouco mais do judaísmo. Saiba mais.

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