Aprendendo com os animais – Rav Efraim Birbojm

Muitas vezes quem faz a diferença e será querido por D’us não são aqueles que mais aparecem e se sobressaem, e sim aqueles humildes, que fazem seu trabalho sem chamar a atenção.

“Na cocheira de um famoso palácio real, um burro de carga vivia imerso em intensa amargura, por causa da zombaria dos seus companheiros. Ele tinha o pelo maltratado, profundas cicatrizes no lombo e a cabeça tristonha. Aproximou-se dele um formoso cavalo árabe, que havia recebido muitos prêmios, e disse:

– Triste destino que você recebeu! Você não inveja minha posição? Sou acariciado por mãos de princesas e elogiado pela palavra dos reis!

– Como conseguiria um burro entender o brilho da fama? – questionou o fino potro, de origem inglesa.

– Há dez anos vi este miserável sofrendo nas mãos do seu adestrador – disse outro soberbo cavalo, de procedência húngara – É tão covarde que não reagia, nem mesmo com um coice. Não nasceu senão para transportar carga e receber pancadas. É vergonhoso ser seu companheiro!

O burro recebia as agressões verbais sem reagir. Os insultos ainda não haviam terminado quando o rei entrou no recinto, em companhia do chefe das cavalariças.

– Preciso de um bom animal, para um serviço de grande responsabilidade – informou o rei – Quero um animal dócil e educado, que mereça absoluta confiança.

Todos os cavalos encheram o peito. O empregado ofereceu o cavalo árabe, mas o rei rejeitou imediatamente. Por ele ser orgulhoso, só servia para desfiles. Também ofereceu o potro inglês, mas o rei não aceitou, por ser um animal muito irrequieto. Também o cavalo húngaro foi oferecido e imediatamente dispensado pelo rei, por ser bravio, sem educação. Decorridos alguns instantes de silêncio, o rei perguntou:

– Onde está o meu burro de carga?

O chefe das cocheiras indicou-o, encolhido entre os demais animais. O próprio rei puxou-o carinhosamente para fora, mandou enfeitá-lo com os símbolos reais e colocou sobre ele o pequeno príncipe para uma longa viagem, tranquilo por saber que podia confiar naquele animal.”

Assim também acontece na vida. Muitas vezes quem faz a diferença e será querido por D’us não são aqueles que mais aparecem e se sobressaem, e sim aqueles humildes, que fazem seu trabalho sem chamar a atenção.


RAV EFRAIM BIRBOJM

Mestre em Engenharia pela Escola Politécnica da USP, começou seu processo de Teshuvá (retorno ao judaísmo) aos 25 anos, através da Instituição “Binyan Olam”. Atualmente comanda uma comunidade em São Paulo, cuja missão é oferecer a oportunidade de crescimento espiritual para o público já observante da Torá, bem como oferecer a oportunidade de pessoas não observantes se aproximarem um pouco mais do judaísmo. Saiba mais.

efraimbirbojm@gmail.com