Reconheça o que você tem de bom – Rav Efraim Birbojm
Em todos os seres humanos há sempre algo que falta. Por isso, somos desafiados a responder à pergunta: temos a atitude de fazer algo de bom com o que temos, mesmo que seja incompleto?
Certa noite o famoso violinista Itzhak Perlman estava em Nova York para dar um concerto. Por ter sido acometido de poliomielite na infância, subir no palco não era algo fácil para ele. Ele usava aparelho nas duas pernas e andava com muletas. Perlman cruzou o palco com uma lentidão dolorosa, até chegar à cadeira na qual se sentaria para tocar.
O público aplaudiu e esperou respeitosamente em silêncio. Ele sinalizou ao maestro e começou a tocar. Assim que terminou os primeiros compassos, uma das cordas de seu violino estourou, ecoando como um tiro no silencioso salão. Perlman estava perto o suficiente do início da peça para interromper o concerto, trocar a corda e recomeçar. Mas não foi isso que ele fez. Após alguns instantes de silêncio, ele sinalizou ao maestro para que continuasse exatamente de onde havia parado.
Perlman agora tinha apenas três cordas para tocar sua parte da sinfonia. Com as cordas que lhe haviam sobrado, ele foi capaz de “encontrar” algumas das notas que faltavam. Porém, algumas notas não eram possíveis de serem tocadas. Então ele teve que reorganizar a música em sua cabeça, para que continuasse fluindo. Ele tocou com paixão e arte, reorganizando espontaneamente a sinfonia até o fim. Quando ele finalmente descansou seu arco, a plateia ficou por alguns instantes em silêncio. E, então, eles se levantaram e aplaudiram de forma entusiástica. Eles sabiam que haviam testemunhado uma extraordinária demonstração de habilidade. Perlman então ergueu o arco para pedir silêncio e disse ao público:
– Sabem, às vezes é tarefa do artista descobrir quantas músicas bonitas você ainda pode fazer com o que sobrou.
Nenhum dos presentes sabia se ele estava se referindo às cordas do seu violino ou ao seu corpo. Ambos, apesar dos seus defeitos, ainda assim conseguiram produzir uma música que beirava a perfeição”.
Em todos os seres humanos há sempre algo que falta. Por isso, somos desafiados a responder à pergunta: temos a atitude de fazer algo de bom com o que temos, mesmo que seja incompleto?
RAV EFRAIM BIRBOJM – Mestre em Engenharia pela Escola Politécnica da USP, começou seu processo de Teshuvá (retorno ao judaísmo) aos 25 anos, através da Instituição “Binyan Olam”. Atualmente comanda uma comunidade em São Paulo, cuja missão é oferecer a oportunidade de crescimento espiritual para o público já observante da Torá, bem como oferecer a oportunidade de pessoas não observantes se aproximarem um pouco mais do judaísmo. Saiba mais.
Email: efraimbirbojm@gmail.com