Um show de solidariedade – Por Arnaldo Niskier
Um jogo de futebol no Maracanã, com renda total para as vítimas da tragédia no Sul do país (quase 200 mortos) foi um dos gestos mais bonitos de solidariedade do nosso povo diante do que está acontecendo no Rio Grande do Sul.
Na verdade, os brasileiros se mobilizaram para mostrar que os gaúchos não estavam sozinhos. Têm (como sempre tiveram) o carinho e o respeito dos seus irmãos dos outros Estados.
O Brasil deve muito ao povo gaúcho. Deu ao país nomes que fazem parte da nossa história, nos mais variados campos do conhecimento e da cultura. Gostando ou não das suas ideias, podemos recordar as figuras de Getúlio Vargas e Leonel Brizola. Na música, a cantora Elis Regina. No magistério, o Desembargador Ney Cidade Palmeiro, que foi diretor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da então Universidade do Distrito Federal (hoje, Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
No futebol, lembro de Dunga, Renato Gaúcho, Ronaldinho e do craque Tesourinha, que foi ponteiro direito da seleção brasileira. Nas artes, o pintor Carlos Scliar, que foi também herói da Força Expedicionária Brasileira. Na literatura, a figura esplêndida de Érico Veríssimo. Não entrou para a Academia Brasileira de Letras porque não quis. Quem entrou foi o escritor Moacyr Scliar, de obras notáveis. Lembro também de Mário Quintana. Hoje, existe como candidato possível a figura do médico oncologista Gilberto Schwartsman, que dirigiu o Teatro São Pedro e agora toma conta da Orquestra Filarmônica de Porto Alegre. É um grande intelectual. Temos na Academia Brasileira de Letras o excelente poeta Carlos Nejar, que fez um lindo poema sobre a tragédia das águas. Ficará como um registro para sempre.
Não há como passar ao largo do que aconteceu no Sul do país. Como se não fosse conosco. Se foi imprevidência ou falta de cuidado das prefeituras da região, pouco importa. Todos sofremos com o vulto da tragédia e a nossa consciência patriótica pede ações concretas de solidariedade. Seja através do envio de água, mantimentos, roupas, socorro, dinheiro, o que for possível, na demonstração de que jamais falhamos quando instados a prestar apoio aos mais necessitados.
ARNALDO NISKIER
Imortal. Sétimo ocupante da Cadeira nº 18 da Academia Brasileira de Letras. Professor, escritor, filósofo, historiador e pedagogo. Professor aposentado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Foi presidente da Academia Brasileira de Letras e secretário estadual de Ciência e Tecnologia e de Educação e Cultura do Rio de Janeiro. Presidente Emérito do CIEE/RJ.