A COMUNIDADE ESTÁ DE LUTO COM O FALECIMENTO DE LILIANA SYRKIS
Liliana Syrkis faleceu no último dia13/02/25, no Rio de Janeiro, aos 101 anos. Deixa 3 netos e sobrinhos.
Liliana Sirkis, Binensztok de solteira, nasceu em 1923 em uma família judaica de Pinsk, então na Polônia, hoje Bielorússia, uma das muitas cidades onde floresciam grandes comunidades judaicas, um mundo que acabou.
Em 1947 Lila chegou ao Rio, onde se tornou famosa dama das primeiras “maisons” de alta costura da então capital, a Casa Colette, principal criadora de vestidos de noiva nas décadas de 50 e 60. Casou-se no Rio com o veterano de guerra judeu Herman Eugenio Syrkis (1916-2002), Capitão do Exército Popular Polonês, participante da Batalha de LENINO, tendo sido agraciado com a Cruz de Bravura e Cruz de Mérito de Prata.
Seu único filho, Alfredo Sirkis (1950-2020) faleceu em acidente de carro no Arco Metropolitano, em Nova Iguaçu.
Foi um dos pioneiros na luta pela preservação do meio ambiente no Brasil, e um dos fundadores do Partido Verde. Foi escritor, jornalista, deputado federal. Militante da luta armada contra o governo militar, após retornar do exilio tornou-se conhecido ambientalista. Um sitio ecológico no Morro da Gavea leva seu nome. Recebeu o nome do avô materno, oficial dentista do exército polonês, que pereceu em 1940 no massacre de Katyn, sob ordens de Stalin, quando foram assassinados cerca de 8 mil oficiais do Exército Polonês, massacre que os nazistas tentaram atribuir à União Soviética.
Já aos 90 anos, Lila retornou à Pinsk 73 anos depois, com a irmã Janete e o filho Alfredo, onde foram tomadas cenas do filme autobiográfico que conta a saga de Lila, sua mãe e irmã, deportadas pelos soviéticos à Sibéria, onde passaram 4 anos duríssimos, por ser o pai e marido oficial do Exército Polonês, o que paradoxalmente salvou suas vidas, enquanto acontecia o infame Holocausto na Europa, que só em Pinsk levou 30 mil almas judaicas. O filme “Lila” foi dirigido por Alfredo Sirkis e o consagrado cineasta Silvio Da-Rin. Lançado em 2018 é baseado em seu livro autobiográfico de 2009, contando com bela canção-tema de Gilberto Gil.
Da. Lila deixa um importante legado de vida e acervo profissional.
Texto: ISRAEL BLAJBERG