O QUE AS CRIANÇAS QUEREM – RABINO KALMAN PACKOUZ, AISH HÁ TORÁ

Rabino Kalman Pa


Diz-se que os pais devem apenas três coisas aos filhos: exemplo, exemplo e exemplo.

Há alguns anos atrás, meu filho estava atrasado para o jantar. Depois de meia hora ligando para os vizinhos, consegui localizá-lo e chamá-lo ao telefone. Ansioso, preocupado e chateado com seu atraso, perguntei irritado: “Você sabe que horas são?” Após um momento de silêncio, ouvi-o perguntando aos pais do amiguinho: “Desculpem-me, mas meu pai quer saber as horas”. Imediatamente percebi que minha irritação não conseguiu transmitir a mensagem e nem fez efeito. Foi uma maneira errada, num momento errado, de tentar chamar a atenção do garoto.

Acredito que toda criança proporciona a seus pais inúmeras oportunidades de trabalhar e aprimorar uma (ou mais) de suas características. Ser pai (ou mãe) pode ser difícil, mas a recompensa é grande. É conhecido o ditado: ‘Crianças pequenas, problemas pequenos; crianças grandes, problemas grandes’, mas prefiro sua outra versão: ‘Crianças pequenas, oportunidades pequenas; crianças grandes, oportunidades grandes’. Trata-se do único trabalho que após nos especializarmos … perdemos o emprego. Eis um interessante trecho da revista “Quote Magazine” (de 1o./setembro/85) sobre o que as crianças querem de seus pais. Foram entrevistadas crianças entre 8 e 14 anos em 24 países. Eis os 10 comportamentos mais requisitados:

O que as Crianças Querem:

1 Harmonia – os pais não devem ter discussões destrutivas ou bate-bocas na frente das crianças

2 Amor – querem ser tratadas com a mesma afeição que outras crianças da família

3 Honestidade – não querem que lhes mintam

4 Aceitação – desejam tolerância de ambos os pais

5 Que seus pais gostem de seus amigos – desejam que os amigos sejam bem recebidos em casa

6 Proximidade – desejam camaradagem e amizade com seus pais

7 Que seus pais prestem atenção a elas e respondam as suas questões

8 Consideração de seus pais – não ser envergonhadas ou punidas na frente dos amigos

9 Apoio construtivo – que os pais se concentrem em seus pontos positivos e não em suas fraquezas

10 Consistência – desejam que os pais sejam coerentes em sua afeição e seus humores

Parece-me que aquelas crianças queriam o mesmo que todos nós desejamos: respeito, consideração e amor. Estas são excelentes características para treinarmos, não só com as crianças, mas com todos!

Diz-se que os pais devem apenas três coisas aos filhos: exemplo, exemplo e exemplo. Talvez o seguinte quadro nos traga algum entendimento sobre o que as crianças aprendem de nós:

Se Uma Criança Vive …

Se a criança vive com críticas ………………. Ela aprende a condenar

Se a criança vive com hostilidade …………. Ela aprende a brigar

Se a criança vive com medo …………………. Ela aprende a ser apreensiva

Se a criança vive com inveja ……………..…. Ela aprende a se sentir culpada

Se a criança vive com tolerância ……….….. Ela aprende a ser paciente

Se a criança vive com elogios …………….…. Ela aprende a ser agradecida

Se a criança vive com aceitação ……………. Ela aprende a amar

Se a criança vive com aprovação …………… Ela aprende a gostar de si mesma

Se a criança vive com reconhecimento ……. Ela aprende que é bom se ter uma meta

Se a criança vive com honestidade …….….. Ela aprende o que é a verdade

Se a criança vive com lealdade ……………… Ela aprende a justiça

Se a criança vive com segurança …………… Ela aprende a confiar em si e nos demais

Se a criança vive com amizade ……………… Ela aprende que o mundo é um bom lugar para se viver

Com o que nossas crianças estão vivendo?


Dvar Torá: baseado no livro Growth Through Torah, do Rabino Zelig Pliskin

A Torá relata: “E o Rei do Egito falou com as amas Judias, o nome de uma era Shifrá e o da segunda era Pua” (Shemót 1:15). Rashi (França, 1040-1104), o grande comentarista da Torá, explica que Shifrá era o segundo nome de Yoheved, a mãe de Moshe. Ela era chamada Shifrá (do Hebraico “L’shahper — fazer melhor) porque fez coisas para melhorar as condições das crianças que estavam sob sua guarda. Pua era o outro nome de Miriam, a irmã de Moshe. Era chamada Pua por causa dos sons de conforto (“pú pú”) que fazia para as crianças, da maneira que as mães fazem para acalmar uma criança chorando. Por que, entretanto, a Torá dá um segundo nome a elas?

O Rabino Yeruchem Levovitz, da Yeshivá de Mir (Polônia, 1874-1936), explicou que quando a Torá chama alguém por certo nome, é porque este nome representa a essência da pessoa. O fato de Yoheved e Miriam serem chamadas por aqueles nomes e o fato de terem ajudado as crianças, tanto física como emocionalmente, demonstra que estes atos eram parte integral delas mesmas. Vemos daqui que aquilo que pode parecer, a priori, um ato pequeno e simples, pode fazer parte de um elevado nível que engloba toda a pessoa.

Quando sentimos amor e compaixão pelos demais, estamos imitando os atributos do Todo-Poderoso. Quanto maiores nossos atos de bondade, mais elevados nos tornaremos. Uma criança ou adolescente que experimenta carinho e amor, cresce tornando-se uma pessoa mais carinhosa e amorosa. Este condicionamento infantil terá efeitos positivos para o resto da vida. Esta criança achará muito mais fácil sentir amor pelo Criador e pelos outros seres humanos. Sempre que fizermos uma criança sentir-se bem, conscientizemo-nos da extensão de nossa bondade. Quanto mais profundo nosso reconhecimento das bondades que estamos praticando, mais elevados e nobres nos tornaremos!


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Pensamento da Semana: “O coração da mãe é a sala de aula da criança!”