B’NAI B’RITH DO BRASIL REALIZA CERIMÔNIA HISTÓRICA NO PRIMEIRO DIA NACIONAL DA LEMBRANÇA DO HOLOCAUSTO
Com presenças de autoridades e sobreviventes, B’nai B’rith celebrou a nova data nacional e homenageou um herói esquecido
A noite de 16 de abril de 2025 entrou para a história do Brasil como o marco inaugural do Dia Nacional da Lembrança do Holocausto, instituído pela Lei 14.938/24. A data foi celebrada com um emocionante evento realizado pela B’nai B’rith do Brasil, em parceria com o LEER-USP (Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação da Universidade de São Paulo), no auditório da entidade.
Em um duplo ato de memória, o evento homenageou as milhões de vítimas do Holocausto — judeus e não judeus — e reverenciou a coragem do diplomata brasileiro Luiz Martins de Souza Dantas, Embaixador do Brasil na França entre 1922 e 1944, reconhecido pelo Yad Vashem como Justo entre as Nações por ter salvado centenas de vidas ao emitir vistos diplomáticos, mesmo contrariando ordens expressas do governo Vargas.
A cerimônia reuniu autoridades, acadêmicos e representantes da comunidade judaica e diplomática. Discursos foram proferidos pelo presidente da B’nai B’rith do Brasil, Abraham Goldstein; pelo presidente da CONIB, Claudio Lottenberg; pela Cônsul-Geral da França, Alexandra Mias; e por representantes do governo municipal, da USP e do Senado Federal — incluindo uma mensagem especial do senador Carlos Viana, relator da lei recém-aprovada. O evento teve, como mestre-de-cerimônia, o jornalista Alberto Danon, RP da entidade.
A Profa. Dra. Maria Luiza Tucci Carneiro, coordenadora do LEER, foi aplaudida vigorosamente após uma verdadeira aula magna sobre o desprezo do governo Vargas em relação aos judeus que buscavam refúgio no Brasil, o sofrimento dos que tentavam escapar do nazismo e a grandeza de Souza Dantas — comparado a Aristides de Sousa Mendes, de Portugal, por sua coragem moral e humanitária, ainda que ambos tenham sido punidos com a miséria por seus atos heroicos.
Em um dos momentos mais tocantes da noite, sobreviventes do Holocausto ou seus descendentes acenderam sete velas em uma menorá, símbolo eterno do judaísmo e da B’nai B’rith, representando a memória, a resiliência, a resistência e os valores que unem a humanidade. Os sobreviventes presentes eram: Ariella Segre, Liselotte Renate Barochel, Margot Rotstein, Ruth Sprung Tarasantchi, Stefan Lippman, Malvine Zalcberg e Rozy Strozemberg.
“Dantas escolheu a compaixão à conveniência política e a dignidade à obediência cega. Que sua memória seja inspiração universal contra o ódio e pela vida”, destacou o Cônsul de Israel em São Pauloa, Rafael Erdreich, em mensagem enviada à cerimônia.
A celebração foi encerrada com palavras de esperança e renovação, ligadas ao espírito da festa judaica de Pessach, que ocorre no momento e segue até o próximo domingo.
Crédito das fotos: Luciano Piva.