CHEVRA KADISHA ERGUE MEMORIAL PELAS VÍTIMAS DO TERRORISMO
Monumento ocupa amplo espaço no Cemitério Israelita do Embu
Um memorial em homenagem às vítimas do mais grave atentado terrorista contra Israel, ocorrido em 07 de outubro de 2023, foi inaugurado no Cemitério Israelita do Embu.
Marco de uma barbárie, o ‘Memorial para as Vítimas do Terrorismo’, iniciativa da Chevra Kadisha – Associação Cemitério Israelita de São Paulo, com a colaboração da família Maultasch Fuchs, surge como local de lembrança da maior tragédia recente perpetuada contra judeus, um pogrom em pleno século 21.
“Nós, judeus, temos a obrigação religiosa e moral de construirmos matzeivot – monumentos –, para perpetuarmos a memória de cada ente querido que se vai. Da mesma forma, a Chevra Kadisha desejou eternizar a memória dos caídos em Israel em 7 de outubro, com a construção de um monumento imponente que inspire as futuras gerações”, explicou Mauro Zaitz, presidente da Chevra, durante a cerimônia de inauguração, no dia 18 de maio.
Lideranças comunitárias e políticas, como o cônsul-geral de Israel em São Paulo, Rafael Erdreich, e a vereadora Cris Monteiro, prestigiaram a solenidade.
“Os antissemitas de plantão não entendem a nossa resiliência. Com essa homenagem, a gente fica mais forte”, disse Luiz Kignel, vice-presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib).
Para o presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo, Marcos Knobel, “o Memorial é um marco para lembrar a nossa e as futuras gerações do que o povo de Israel, o povo judeu, passou no fatídico 7 de outubro de 2023.”
A construção de memoriais, vale destacar, é uma forma coletiva de preservar eventos significativos, ainda que trágicos, para que não se repitam, e de contribuir para manter vivas as lições que, de outra forma, poderiam ser esquecidas.
“O nosso povo vive para sempre. Não adianta querer nos destruir, porque enquanto existir um judeu, tudo começará de novo”, ressaltou o rabino da Chevra Kadisha, Shie Pasternak.
“Que Deus inspire nossos líderes para que nosso povo continue a contribuir com toda a humanidade”, finalizou Daniel Fuchs, representando a família apoiadora.
PROJETO – Construído em granito tabaco, o monumento, com 25 metros de comprimento, foi concebido pelo Studio MK27. “A ideia era fazer algo muito sóbrio. A cor é coerente com as pedras ao redor”, diz o arquiteto Marcio Kogan, coautor do projeto ao lado de Diana Radomysler e Pedro Ribeiro.
Esse foi o primeiro monumento projetado pelo renomado escritório de arquitetura, que escolheu intencionalmente uma ampla área do campo santo circundada por pedras para instalar o imenso monolito. “O muro das lamentações foi a referência”, conta Diana.
Em um dos cantos, a obra simula uma espécie de interseção com uma luminária interna, em forma de chama, que remete a uma eterna cicatriz.
No outro canto, traz inscrito trecho do discurso de Elie Wiesel (1928 – 2016), sobrevivente do Holocausto e ativista dos direitos humanos romeno, quando do recebimento do Prêmio Nobel da Paz, em 1986:
Porque se nos esquecermos seremos culpados, seremos cúmplices.
Da primeira vez, não pudemos evitar as mortes.
Mas se nos esquecermos deles, eles morrerão uma segunda vez.
E dessa vez, a responsabilidade terá sido nossa.
Ao servirem de espaço para a reflexão e o luto, tais obras permitem que as novas gerações reconheçam a gravidade e importância dos acontecimentos históricos e se inspirem em prol de um futuro melhor.
Memorial para as Vítimas do Terrorismo
Cemitério Israelita do Embu
Estrada Keishi Matsumoto, 07
O presidente da Chevra Mauro Zaitz, com diretores e ativistas
Família Maultasch Fuchs, doadora do monumento
O presidente da Chevra, Mauro Zaitz, faz uso da palavra
Dina Zaitz, vereadora Cris Monteiro e Fernando Rosenthal, presidente da Hebraica de SP
Luiz Kignel entre os convidados
Rabino Shie Pasternak
Arquitetos do Studio MK27
Crédito imagens: Claudia Mifano