UM GRITO DE EXISTÊNCIA: A JORNADA DE UM SIONISTA JUDEU – POR JAIME CIMERMAN
Queridos amigos, leitores, e a todos que me permitem compartilhar este clamor. Meu nome é Chaim Ben ERETZ ISRAEL. Sou um sionista judeu, um dos filhos de Israel, e esta é a minha verdade, a minha essência, aquilo que sou e sempre serei.
Nasci sionista judeu, e não foi uma escolha. Assim como outros nascem com a cor dos cabelos ou a lateralidade, essa foi a minha origem. Contudo, essa simples constatação, esse “assim”, carrega um peso, uma história, e muitas vezes, um desconforto para o mundo. O termo “Judeu” deriva de “Yehudá”, que significa “Agradecer a D’us”. E “sionista”? Em sua essência, sionismo é a ligação profunda com a existência e os direitos do povo Judeu, a autodeterminação que culminou na criação e manutenção de um estado judaico: Israel.
Ser um sionista judeu é acreditar na luz mesmo quando a escuridão parece avassaladora. É a capacidade de rir à beira do abismo, de reconstruir sobre as ruínas, de transmitir nossa história e nossa fé quando tudo nos convida ao silêncio. É ser de todos os lugares e, paradoxalmente, de lugar nenhum ao mesmo tempo.
Minha infância foi moldada por olhares suspeitos, por silêncios carregados de significado e por lágrimas que diziam muito mais do que palavras poderiam expressar. Eu nasci de uma linhagem que repetidamente foi alvo de tentativas de apagamento. Faraós, persas, gregos, romanos, a inquisição, os nazistas, e agora, os islamistas extremistas. A história se repete, mas nós persistimos.
Aprendi a rir disso com meus amigos, a chorar com meus avós. Acostumei-me a caminhar com a presença de policiais na porta das sinagogas, a rezar em silêncio, a celebrar sob vigilância, a simplesmente existir em um estado de constante alerta. Entendi que, por vezes, é preciso calar, evitar certos assuntos, certos bairros, certos olhares.
Disseram-me que o antissemitismo havia acabado. No entanto, a realidade desmentiu essa afirmação repetidamente. Vieram meus avós, depois meus parentes, meus amigos, meus vizinhos. Eventos como Ozar Hatorah e Hypercacher ecoaram, seguidos por nomes como Sara, Jacob, Moisés. E então, veio o 7 de outubro. Foi quando a verdade se revelou em sua forma mais crua: o ódio não acabou, ele nunca acaba.
Assisto com repugnância enquanto alguns negam pogroms, justificam o massacre de bebês, defendem os bárbaros do Hamas e acusam de genocídio aqueles que apenas se defendem. Vejo a cegueira e o ódio em certas manifestações, e a dor e a revolta me invadem.
Mas não sou apenas um traumatizado. Sou herdeiro de um povo de lutas, de exílios e de retornos. Sou herdeiro de Abraão, Isaac e Jacó, filho de uma nação milenar ligada a uma terra que tentaram nos arrancar incontáveis vezes. Sou um levita e jamais abandonarei meu povo.
Nos acusam de sobreviver bem demais, de ter sucesso apesar de tudo, de não desaparecer, de ainda estarmos de pé. E é verdade. Não desaparecemos. Não nos curvamos. Seguimos em frente, construímos. Não temos outra escolha.
O mundo parece se acostumar com nossa dor, negar nosso medo, minimizar nosso sangue. No entanto, ao mesmo tempo, vejo crianças correndo em nossas escolas, famílias celebrando o Shabat, soldados protegendo uma terra reencontrada. Vejo sinagogas cheias, vidas cheias.
Ser um sionista judeu como eu é chorar Auschwitz e amar Jerusalém. É usar quipá ou não, mas sempre levantar a cabeça. É ter uma terra, uma língua, um povo, uma lei e uma promessa. É saber que a luta nunca acaba, que a paz completa pode ser uma miragem distante, mas que sempre estaremos aqui.
Porque é isso que é ser um sionista judeu: sobreviver, transmitir, construir, amar, ter esperança. Sou um sobrevivente de histórias que não vivi e uma testemunha daquelas que estão sendo escritas agora. Carrego a eternidade nas minhas veias.
Com muita honra e orgulho, declaro: sou sionista judeu.
Israel vive e viverá para sempre com a nossa união. Am Israel Chai! Amém.
Jaime Cimerman
Engenheiro, brasileiro, sionista e judeu, 84 anos, formado pela Escola de Engenharia Mackenzie em Engenharia Eletrônica. Professor de Física 2 e Física 3 na Escola de Engenharia Mackenzie e de projetos Eletrônicos na Universidade São José dos Campos. Conselheiro de A Hebraica São Paulo por 50 anos. Presidente da Sinagoga Renascença por mais de 30 anos. Implantou em conjunto com a representante da WZO (Organização Sionista Mundial) o curso de Ulpan há mais de 8 anos, tendo como parceiro principal a WZO do Brasil.