NOVAS TECNOLOGIAS E RECOMENDAÇÕES PARA O TRATAMENTO DE PEDRAS NOS RINS – DR. ANTONIO CORRÊA LOPES NETO*

Nos últimos dias acompanhamos o drama vivido pelo apresentador Edu Guedes, que procurou ajuda para tratar cálculo renal. Uma pedra foi expelida e continua em tratamento de um câncer na região do pâncreas. Ilustro o caso dele, que é uma pessoa pública, para dizer que pedra nos rins é um problema que atinge muitas pessoas e é preciso estar alerta aos sintomas.

Aproximadamente 11% da população já vivenciou o diagnóstico de uma pedra nos rins. E isso pode ter sido em um momento de dor extrema, a famosa cólica renal, ou durante exames de rotina. E neste momento, algo deve ser oferecido ao paciente para removê-la ou apenas controlar a situação. Infelizmente, esta doença é recidivante e ao redor de 50% dos acometidos podem ter novamente dentro de cinco anos. Para isto, temos as orientações clínicas gerais e os tratamentos cirúrgicos, felizmente, nem sempre são necessários.

A mudança em alguns hábitos alimentares e comportamentais devem ser instituídos. Hidratação abundante com água, água de coco, suco de frutas naturais, além de evitar refrigerantes, é a base dos cuidados clínicos. A urina deve ser bem clara e idealmente ingerir dois litros ao dia. Recomenda-se, também, a redução no excesso de proteínas e sal na alimentação, bem como controlar o peso, visto que sabidamente os obesos têm uma maior predisposição a ter pedras.

Uma orientação que sofreu mudança é em relação a ingesta de cálcio, como leite, queijo e derivados. No passado recomendava-se a abolição destes alimentos da dieta, porém, atualmente, a sugestão é que eles devem fazer parte da dieta de forma equilibrada, visto que curiosamente, a não ingesta leva ao aumento na formação de pedras por outras vias.

Evolução tecnológica e tratamentos

Medicamentos podem ser utilizados, à base de citrato de potássio e diuréticos. O envio da pedra para análise ajuda muito para nortear estas orientações. No entanto, existem formas de analisar estas pedras de forma mais precisa e outro métodos pouco fidedignos. Em relação a abordagem cirúrgica, que nem sempre é necessária, vai depender das características de cada caso.

As repercussões que as pedras estejam trazendo, como dor, infecção, sangramento na urina ou prejuízo aos rins. O tamanho e localização das pedras também são informações importantes que ajudam a definir o tipo de procedimento a ser realizado. A boa notícia é que estes procedimentos estão cada vez mais eficientes e pouco invasivos. Nos dias de hoje, raramente, precisamos “cortar” um paciente para remover as pedras. As intervenções são endoscópicas, na maioria das vezes pelo próprio canal urinário, por meio de óticas, fibras de luz, vídeos, laseres e dispositivos para remover as pedras com segurança.

Cada vez mais surgem equipamentos avançados, equipamentos digitais com imagens mais nítidas e dispositivos de segurança para controle de pressão dentro das vias urinárias e aspiração dos fragmentos de pedras. O pós-operatório, geralmente, é muito confortável com rápida recuperação e retorno rápido às atividades diárias. O mais importante é cuidar da alimentação, fazer exercícios físicos e, sempre que possível, estar em dia com os exames de rotina.


*Dr. Antonio Corrêa Lopes Neto é urologista, membro da Diretoria Executiva da Sociedade Brasileira de Urologia / SP. É especialista em Litíase Urinária e Endourologia, e docente da Disciplina de Urologia do Centro Universitário FMABC.