COMER MAIS FIBRAS CULTIVA BACTÉRIAS BOAS QUE COMBATEM BACTÉRIAS PERIGOSAS
O efeito das fibras foi superior ao da ingestão de probióticos, compostos contendo bactérias benéficas.
[Imagem: Anna Pelzer/Unsplash]
Mecânica do microbioma
A composição do microbioma intestinal ajuda a prever a probabilidade de uma pessoa sucumbir a uma infecção potencialmente fatal por Klebsiella pneumoniae, E. coli e outras bactérias.
Isso pode explicar porque algumas pessoas são imunes a algumas condições que podem ser fatais para outras, como recentemente se demonstrou de modo inequívoco durante a pandemia de covid-19.
E a boa notícia é que essa resposta a uma infecção pode ser alterada para melhor mudando apenas a dieta da pessoa – quais e quanto de cada tipo de alimento a pessoa ingere.
O grupo de bactérias chamado Enterobacteriaceae, incluindo Klebsiella pneumoniae, Shigella, E. coli e outras, está presente em níveis baixos como parte de um microbioma intestinal humano saudável. Mas em níveis elevados – causados, por exemplo, pelo aumento da inflamação no corpo ou pela ingestão de alimentos contaminados – essas bactérias podem causar doenças e enfermidades. Em casos extremos, o excesso de Enterobacteriaceae no intestino pode ser fatal.
Qi Yin e colegas da Universidade de Cambridge (Reino Unido) analisaram a composição do microbioma intestinal de mais de 12.000 pessoas em 45 países, para descobrir que a “assinatura” do microbioma de uma pessoa pode prever se o intestino dela tem probabilidade de ser colonizado por Enterobacteriaceae. Os resultados foram consistentes em diferentes estados de saúde e localizações geográficas.
Proteção contra infecções
Os pesquisadores também identificaram 135 espécies de micróbios intestinais que são comumente encontradas na ausência de Enterobacteriaceae, indicando que elas protegem o organismo contra infecções. Entre as espécies protetoras do intestino destacou-se um grupo de bactérias chamado Faecalibacterium, que, ao quebrar as fibras dos alimentos que ingerimos, produzem compostos benéficos chamados ácidos graxos de cadeia curta. Esses compostos protegem contra infecções por uma série de bactérias Enterobacteriaceae causadoras de doenças.
Os pesquisadores sugerem que consumir mais fibras na dieta favorece o crescimento de bactérias benéficas e elimina as prejudiciais, reduzindo significativamente o risco de doenças. Em contraste, tomar probióticos – que não alteram diretamente o ambiente intestinal – tem menor probabilidade de afetar a probabilidade de infecção por Enterobacteriaceae.
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“Ao consumir fibras em alimentos como vegetais, feijões e grãos integrais, podemos fornecer a matéria-prima para que nossas bactérias intestinais produzam ácidos graxos de cadeia curta – compostos que podem nos proteger dessas bactérias patogênicas,” disse o professor Alexandre Almeida, coordenador da pesquisa.
Checagem com artigo científico:
Artigo: Ecological dynamics of Enterobacteriaceae in the human gut microbiome across global populations
Autores: Qi Yin, Ana C. da Silva, Francisco Zorrilla, Ana S. Almeida, Kiran R. Patil, Alexandre Almeida
Publicação: Nature Microbiology
DOI: 10.1038/s41564-024-01912-6
FONTE: Comer mais fibras cultiva bactérias boas que combatem bactérias intestinais perigosas