SENADO FEDERAL E CÂMARA DOS DEPUTADOS HOMENAGEIAM AS VÍTIMAS DO 7 DE OUTUBRO
SENADO REALIZA SESSÃO ESPECIAL EM HOMENAGEM ÀS VÍTIMAS DE 7/10
Com a presença de autoridades, políticos, diplomatas e líderes evangélicos e da comunidade judaica, o Senado realizou nesta terça-feira, 7 de outubro, sessão especial para marcar os dois anos do ataque terrorista do Hamas a Israel e para homenagear as vítimas. (Foto: lideranças judaicas e representantes de Israel com membros do Senado)
O evento contou com a presença de lideranças, como Claudio Lottenberg, presidente da CONIB; Ilana Trombka, diretora geral do Senado; Clarita Costa Maia, Doutora em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo; deputado Gilberto Nascimento; Suzana Bennesby, vice-presidente da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (FIERJ); Tamara Socolik, presidente da Associação Cultural Israelita de Brasília (ACIB); senador Jaques Wagner; professor Denis Lerer Rosenfeld; de Rasha Athamni, Encarregada de Negócios da Embaixada de Israel; de representantes de organizações de afrodescendentes e de embaixadores da Alemanha, Argentina, França, Holanda, Noruega e Zâmbia, entre outros. Rafael Zimerman, o brasileiro que sobreviveu aos ataques do Hamas, emocionou o público presente ao contar sua história.
O senador Sergio Moro (na foto com Ilana Trombka e Claudio Lottenberg), autor da iniciativa que também contou com o apoio do presidente do Senado, Davi Alcolumbe, abriu e concordou com o evento de forma impecável, manifestando solidariedade às famílias das vítimas e às que ainda aguardam a liberação de suas entes retidas em Gaza. “Hoje estamos aqui reunidos para cumprir um dever que transcende ideologias”, disse Moro, ao lembrar os ataques em que mais de 1.200 pessoas foram brutalmente assassinadas pelo Hamas e outras mais de 200 sequestradas. Moro defendeu o direito de Israel à autodefesa, previsto na legislação internacional. “Infelizmente esses ataques nos remetem a outros crimes perpetrados contra os judeus”.
O senador condenou uma “dupla medida” que relativiza esses crimes e o antissemitismo alimentado pelo conflito em Gaza. “O antissemitismo ofende não só a comunidade judaica, mas toda a humanidade”, disse ele. Elogiou as relações de amizade entre Brasil e Israel e “o importante papel da comunidade judaica em nossa cultura”. “Que a memória nos convoca a responsabilidade de contribuir para um futuro de paz”, destacou.
Após a fala de Moro, um vídeo foi exibido com imagens chocantes dos ataques terroristas.
Claudio Lottenberg, presidente da CONIB, falou em seguida: “Falo em nome dos mais de seis milhões de judeus que sucumbiram no Holocausto e dos que foram brutalmente assassinados em 7 de outubro de 2023. Essa não é uma guerra comum, é consequência de um ataque covarde perpetrado por um grupo terrorista a serviço do Irã”. “Os recursos internacionais destinados à supervisão de Gaza foram usados para a construção de túneis cavados para matar”, enfatizou.
Lottenberg também criticou a atual política externa brasileira. “O Brasil tem tradição diplomática que merece respeito e o Brasil que o mundo respeita é o país que defende a vida”, disse ele ao lembrar a atuação do diplomata brasileiro Osvaldo Aranha, que presidiu a assembleia da ONU que promoveu a criação do Estado de Israel. “O Brasil que vemos hoje prefere patrocinar narrativas ideológicas que alimentam o antissemitismo, fechar as portas à comunidade judaica e ignorar os reféns. “O Brasil precisa recuperar sua tradição de equilíbrio, de dignidade. O nosso país merece mais do que ideologia, dignidade merece, porque esse é o desejo do povo. Que o plano de paz possa abrir espaço para que Israel e um estado palestino possam conviver em harmonia, com reconhecimento à existência e à soberania de cada um”, finalizou.
O senador Flavio Bolsonaro também falou na tribuna, destacando as boas relações entre Brasil e Israel e citando a ajuda israelense nas tragédias ocorridas no país, como o episódio de Brumadinho. Criticou as iniciativas que promovem o Hamas. “Se o Hamas baixar as armas a guerra acaba, se Israel baixar as armas o país acaba”, explicou.
Rasha Athamni , Encarregada de Negócios de Israel, abordou a situação dos reféns e defendeu o direito de Israel existir com segurança e prosperar.
O professor Denis Rosenfeld falou sobre “o silêncio surpreendente do governo brasileiro” em relação à posposta de paz apresentada pelo presidente americano. Falou sobre as guerras enfrentadas por Israel e os acordos de paz, que não vingaram, assim como a partilha acordada na ONU, em 29 de novembro de 1947.
Lembrou a Resolução 181 (Plano de Partilha), que propôs dividir o Mandato da Palestina em dois estados independentes: um judeu e um árabe, além de um status internacional especial para Jerusalém, foi aceita pelos judeus, mas rejeitada pelos árabes, que não desejavam o Estado de Israel. Falou também sobre a preferência do Hamas por um cessar-fogo, em vez de um plano de paz. Isso porque um cessar-fogo não desarmaria o Hamas e manteria sua estrutura para se rearmar.
O senador Jorge Seif (PL-SC) criticou a iniciativa de países como França, Reino Unido e Canadá de respeito ao estado palestino, sem, antes, haver uma negociação direta com Israel. E destacou que o Brasil deve classificar de forma inequívoca o Hamas como grupo terrorista.
Carlos Reiss , coordenador do Museu do Holocausto de Curitiba, condenou a relativização da morte de inocentes. “Não se pode ser indiferente com a barbárie”, disse ele, ao lembrar que o Holocausto, que ceifou uma vida de seis milhões de judeus, começou com episódios de antissemitismo.
Rafael Zimerman , o brasileiro que sobreviveu aos ataques do Hamas, foi o ponto alto do encontro. Ele foi aplaudido de pé ao contar a sua história, quando teve que se fingir de morto para sobreviver. “Estava numa festa que celebrava a paz, a coexistência, quando tudo começou. Primeiro, vieram os clarões no céu, que pensaram serem fogos de artifício e depois viram que foram ataques, algo que o país feriu algumas vezes e avisa com o toque de sirenes para buscarmos proteção em abrigos. Mas nesse dia não foi o que aconteceu. Vieram os tiros, gritos e as risadas de terroristas comemorando morte cada”. Rafael disse que buscou abrigo em local onde só cabiam 15 pessoas e havia 40. Desses apenas 9 sobreviveram. Lembrou dos brasileiros Karla Stelzer Mendes, Bruna Valeanu e Ranani Nidejelski Glazer, que morreram no ataque e criticaram a decisão do governo brasileiro de retirar o País da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA). “Isso foi como jogar lama na memória das vítimas do Holocausto”, destacou. “Hoje estamos esperançosos; a paz parece possível”, pontuável.
O senador Jaques Wagner (PT-BA) chamou de abomináveisos ataques terroristas de 7 de outubro e liderou o Hamas como grupo terrorista.
O secretário da CONIB, Rony Vainzof, citou o aumento exponencial do antissemitismo e os ataques online a Israel e aos judeus. Revelou que há mensagens nas redes sociais convocando para manifestação de apoio ao 7 de outubro. Citou o canal de denúncias da CONIB e da DSC-Fisesp, que registra uma média de 5,8 denúncias por dias e que no primeiro ano de guerra registrou um aumento de mil por cento. Destacou que os maiores picos acontecem após falas de autoridades públicas. Vainzof finalizou sua fala fazendo dois apelos aos parlamentares: a criminalização de conduta terrorista e a adoção de política nacional de combate ao antissemitismo.
Também falaram com o senador Efraim Filho ; a Doutora em Antropologia Social Anelise Fróes , o senador Magno Malta (PL-ES); o deputado geral Pazuello (PL-RJ) e o deputado federal Sóstenes Cavalcanti (PL-RJ).
Também participaram do evento o presidente do Congresso Judaico Latino-Americano (CJL), Jack Terpins, o advogado Daniel Bialski, 15 representantes da Associação dos Ex-combatentes da FEB – Força Expedicionária Brasileira – (são filhos e netos dos que participaram da força brasileira que apoiaram o lado dos aliados europeus contra o nazismo durante a Segunda Guerra), além da Comunidade Evangélica Brasileira e seus líderes que sempre, e principalmente após o massacre de 10/07/23, vêm apoiando a comunidade judaica.
Texto: Celia Bensadon
Fotos: Israel Szerman
CÂMARA DOS DEPUTADOS PRESTA HOMENAGEM ÀS VÍTIMAS DO 7 DE OUTUBRO
A Câmara dos Deputados homenageou na quarta-feira (15/10) as vítimas dos ataques terroristas de 7 de outubro de 2023 em Israel. A iniciativa foi do deputado Gilberto Abramo e os requerentes foram ele e a deputada Bia Kicis. A diretora da CONIB Celia Parnes participou do evento.
A homenagem teve início com a apresentação de vídeo com depoimento de sobrevivente do 7 de outubro.
Gilberto Abramo (Republicanos-MG) abriu o evento afirmando: “Há momentos em que o mundo parece esquecer o que significa aspectos da vida. Vivemos tempos de avanços tecnológicos e de comunicação instantânea. A informação circula com rapidez, mas a sensibilidade diante da dor do outro se torna cada vez mais rara. E o resultado é uma sociedade que se move cada vez menos. O maior desafio de nossos tempos talvez seja o de encontrar aquilo que nos torna humanos. Quando essa capacidade se perde, abrimos espaço para a normalização da violência e da indiferença, o que é um risco real e, infelizmente, atual. O ataque brutal de 7 de outubro não foi apenas uma agressão armada contra Israel.
Bia Kicis (PL-DF), autora da iniciativa: “Foi um dos momentos mais sombrios da história dos judeus depois do Holocausto. Mas estamos esperançosos com a libertação dos últimos reféns vivos e com a possibilidade de uma paz na região”. Criticou o governo brasileiro pela decisão de retirar o Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA) e pelo apoio velado ao Hamas.
Carlos Viana (PODEMOS-MG), presidente do Grupo de Amizade Brasil-Israel. “Israel tem muito a nos ensinar. Hoje esta casa fala não apenas de política externa, mas de humanidade. O povo brasileiro é irmão de Israel, o Brasil ama Israel. E quem ama a liberdade, ama Israel; quem ama a vida, ama Israel: Deus abençoe Israel, o povo judeu e o povo brasileiro!”.
Ilana Trombka , diretora Geral do Senado, citou a experiência da irmã, moradora de Israel, que, no dia 7 de outubro de 2023, acordou assustada com os ataques terroristas. “O Hamas não é só inimigo de Israel, é inimigo do povo palestino, a quem expõe e explora. A paz ainda não chegou: o Hamas não entregou as armas e nem todos os corpos dos reféns assassinados. Mas o povo judeu é resiliente. Sobreviveu ao Holocausto e sairá ainda mais forte”.
Celia Parnes: “Hoje estou aqui com o coração apertado, mas com renovada esperança. Porque finalmente os reféns vivos foram libertados. Essa conquista não apagada as feridas, mas nos lembra que a vida humana tem um valor inegociável. Nunca tive problema algum aqui, no País, por causa de minhas origens. Mas hoje estou preocupada: os crimes de antissemitismo cresceram no Brasil em mais de mil por cento. O Holocausto que exterminou mais de 6 milhões de judeus não foi um fato isolado. Começou com caricaturas, insinuações, discursos ambíguos e deslegitimação de um povo e de sua fé”. Lembrou também de outros conflitos enfrentados por Israel ao longo de sua história e de perseguições aos judeus: “Hoje os judeus são atacados no mundo não com armas, mas com narrativas. Terroristas não se importam que Gaza queime, desde que Israel sangre. O antissemitismo não foi extinto. Retorna com nova linguagem, mas com o mesmo sentido. O que hoje é algo isolado amanhã pode se tornar sistêmico e esse é um sinal de que a sociedade está adoecendo”. Também criticou a decisão do governo brasileiro de retirar o País da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), “o que fragiliza a luta contra o antissemitismo”. “A decisão expõe o país e um vácuo simbólico”.
Deputada Geovania de Sá (PSDB-SC): “Os ataques de 7 de outubro foram um dos momentos mais tristes já vistos na história, com ataques incluídos a homens, mulheres e crianças. Esse acordo traz esperança em dias melhores”.
Rasha Athamni, Encarregado de Negócios da Embaixada de Israel, fez questão de falar em português: “O dia 7 de outubro foi o pior ataque contra o povo judeu. Naquele dia Israel sofreu uma tragédia que separou famílias e abalou a estrutura de segurança do país. Agora, 20 reféns retornaram a Israel, mas 28 chegam a voltar em caixões, depois de mais de dois anos em cativeiro em condições desumanas. O país seus filhos acolhem e faz um juramento de lembrar e honrar a memória das vítimas”.
Em seguida, houve apresentação do quinteto de sopro que executou “Jerusalém de Ouro”.
Também falaram os deputados Eros Biondini (PL-MG), Adriana Ventura, (NOVO-SP), Márcio Marinho (Republicanos-BA), Carla Dickson (União-RN); Marcel Van Hattem e apresentou os deputados Kim Kataguiri, Sóstenes Cavalcante, entre outros.













