DANIEL LEON BIALSKI, SECRETÁRIO GERAL – POR GLORINHA COHEN‏

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O semblante geralmente é sério. Mas, se você for em frente e quiser conhecer melhor o Secretário Geral da Hebraica de São Paulo, logo ver-se-á diante de uma pessoa especial que tem, como poucos, o dom de ouvir e de ajudar quem o procura. Acrescente-se a isto uma grande dose de dedicação aos trabalhos comunitários – é Presidente da Sinagoga Beth-El, tesoureiro do Beit Chabad Central, Conselheiro do Museu Judaico e colaborador do Fundo Comunitário – e o valor que ele dá às pessoas que o acompanham em sua lide diária e saberá porque Daniel Leon Bialski, advogado especializado em Direito Penal e graduado Mestre pela Pontifícia Universidade Católica, já se tornou um dos mais destacados e queridos integrantes da nova diretoria. Membro da Comunidade de Juristas da Língua Portuguesa, sócio majoritário do escritório BIALSKI Advogados associados, o capricorniano nascido em 27 de dezembro foi empossado no começo deste ano num dos mais importantes cargos do clube – tem sob sua responsabilidade direta 102 pessoas.

Nesta entrevista que nos foi concedida especialmente, Daniel fala de seus planos, de sua vida e da campanha para atrair mais sócios jovens. Um verdadeiro presente para aqueles que, como ele, querem que seus filhos usufruam momentos de lazer e de cultura num ambiente da mais alta expressividade judaica, como o da Hebraica de São Paulo.


GC – Como você se define?

DLB – Realmente não sei dizer. Sou uma pessoa de fé. Acredito no que eu faço e tento fazer o melhor naquilo que acabo me envolvendo. Poderia dizer, como você quer, em uma palavra – que sou uma pessoa dedicada.

GC – O que o tira do sério?

DLB – Deslealdade. Ainda dou muito valor à palavra de honra e espero não me decepcionar tanto quanto dizem.

GC – Conte um pouco de sua vida profissional.

DLB – Sou advogado, especializado em atuação na área Penal e Administrativa Disciplinar, seguindo no escritório fundado pelo meu pai e com quem trabalhei por 24 anos. Meu escritório conta com 11 advogados, estagiários e trabalhamos em mais de 1.500 processos.

GC- Quando começou no voluntariado da nossa comunidade e qual foi seu primeiro trabalho?

DLB – Iniciei me tornando voluntário da Sinagoga Beth-El, sinagoga que meus avôs e meus pais sempre frequentaram, e hoje com orgulho, ocupo ali o cargo de Presidente, aceitando convite então formulado pelo meu antecessor, Daniel Feffer.

GC – Teve influência de alguma pessoa?

DLB – Do meu pai. O meu pai sempre nos ensinou a ter orgulho de ser judeu. E ele sempre defendia isto e lutava contra a discriminação e o antissemitismo.

GC – Quais mudanças você percebeu em si mesmo após dedicar-se ao trabalho voluntário?

DLB – Quando iniciei minha vida comunitária entendi que era chegada a hora de me dedicar um pouco às causas judaicas. Muitas pessoas assim agiram e vem agindo e quis ser mais um a poder auxiliar esse tão árduo trabalho. A grande mudança é saber dar valor a tudo que outros fizeram e que merecem enorme kavod.

GC – O que mais o encanta ou o frustra no trabalho voluntário?

DLB – As dificuldades. Vivemos um momento muito delicado no mundo e o Brasil não é diferente. E não digo isso apenas por razões econômicas. Sociais também. As diferenças aumentam na mesma proporção que os problemas. Essa equação pode ser um tanto quanto danosa.

GC – Você é presidente da Sinagoga Beth-El, tesoureiro do Beit Chabad Central, Conselheiro do Museu Judaico e colaborador do Fundo Comunitário e de outras entidades judaicas. Com tantas atribuições, o que o levou a aceitar o cargo de Secretário Geral da Hebraica de SP, uma de suas áreas mais movimentadas e trabalhosas, e na qual tomou posse em janeiro deste ano?

DLB – Como voluntário nessas instituições eu sempre cultivei atribuições ligadas à religião, ao sentimento sionista e ao amor ao judaísmo. Na Hebraica, conquanto tudo isso também esteja presente, eu aceitei o encargo em nome do grupo do qual faço parte. Reconheço o sacrifício, mas fiz em prol do que nós decidimos encampar. Há alguns anos eu e outras pessoas ligados ao esporte Macabeu decidimos entrar no clube como membros do Conselho e pensar no que e em que poderíamos contribuir para poder dar um presente e um futuro melhor ainda para nossos filhos e filhos de nossos amigos. Dentro dessa meta, enfrentamos o desafio de lançar uma chapa composta de pessoas com novas propostas, novos sonhos e, liderados pelo Presidente Avi Gelberg concorremos e acabamos sendo eleitos. Espero que nós – todo grupo (que não é só de pessoas integradas na Diretoria Executiva) – possa encerrar a gestão e sair com o sentimento de dever cumprido. Sabemos que não conseguiremos realizar tudo o quanto queremos, mas vamos tentar realizar e priorizar temas importantes e que darão um padrão de qualidade, excelência e segurança maior ao associado e às famílias.

GC – Como consegue conciliar tudo isto?

DLB – Felizmente existe o whatsapp e o telefone… Sem isso acho que seria impossível. Porém, quando meu pai faleceu e eu comparecia diariamente na sinagoga, pela manhã e fim do dia, para rezar, aprendi muito a otimizar meu tempo. Organizo e tento elaborar minha agenda justamente para não fugir às minhas responsabilidades e por enquanto tenho conseguido.

GC – O que significa pra você ser Secretário Geral?

DLB – É um cargo de tremenda responsabilidade e felizmente digo que tenho comigo alguém tão especial como o Secretário Fernando Rosenthal. Acho que juntos estamos conseguindo dar continuidade ao bom trabalho que foi feito em gestões passadas e esperamos superá-los.

GC – Quais os setores que são subordinados à Secretaria do clube?

DLB – Sócios, Segurança, recepção(portarias), central de atendimento, sauna, telefonia, agenda/eventos (espaços de locação existentes pelo clube), expedição, Serviço Social, Ouvidoria/Relacionamento e Departamento Jurídico. Hoje temos sob nossa responsabilidade diretamente 102 pessoas.

GC – Quais as dificuldades que tem encontrado até agora para bem exercer seu cargo?

DLB – Antes já fiz referência dos problemas que existem no Brasil e nosso clube, não é diferente. Com problemas financeiros crescentes e com opções esportivas espalhadas em condomínios e academias próximas às casas, temos nos deparado com desligamento de muitos sócios que querem conter gastos, enfrentar a crise e controlar as contas.

GC – Você recentemente apresentou uma campanha para jovens casais e jovens universitários, até 38 anos, que gerou muita polêmica para, afinal, ser aprovada na reunião extraordinária do Conselho, ocorrida dia 31 de agosto. A que atribui essa resistência?

DLB – Esse é o preço da Democracia e o preço que se paga por se viver num Estado Democrático de Direito. Aliás, todas essas reuniões e estudos foram feitos em prol do melhor para nosso Clube. E tudo isso somente serviu para mostrar o quão majestosa é nossa comunidade e como a discussão pode ser frutífera. A campanha foi aprovada à unanimidade, justamente porque a ajustamos dentro dessa visão.

GC – Fale-me sobre a campanha e por que a idade limite de 38 anos?

DLB – Estabelecemos, seguindo campanhas passadas e o quanto dispõe o estatuto, um preço mais convidativo para filhos e ou netos de sócios que queiram se tornar sócios e também reduzimos o valor para outras pessoas que – dentro dessa faixa etária – também queiram se associar. Os valores são, respectivamente, de R$ 2.750,00 e R$ 5.500,00 e podem ser pagos de forma parcelada. A campanha vai até o dia 31 de dezembro deste ano.

GC – Pretende fazer outras campanhas para as demais faixas etárias?

DLB – Primeiro, penso que temos que fazer um balanço dessa primeira experiência e se o resultado for profícuo, não vejo porque, no futuro, não propor novas campanhas que possam contemplar outras faixas etárias.

GC – O que ainda gostaria de realizar na Hebraica?

DLB – Não falo no singular. Falo no coletivo. E penso como grupo. Primeiro chegamos, vimos o que deveria ser corrigido e adequado. Agora, passo a passo, orientados por um modelo de razão, nós (eu e o grupo – alguns ocupando cargos na diretoria executiva e outros não), temos muitas ideias e coisas a fazer. Por exemplo, modernizar espaços, dar mais conforto aos sócios, melhorar os serviços, ter ainda mais atrativos, etc.

GC – E na sua vida pessoal?

DLB – Na vida pessoal tenho que agradecer ao grande Arquiteto do Universo pela família maravilhosa e pelos amigos que tenho. Todos nós temos projetos e o meu, como meus filhos estão crescendo, é poder ajudá-los a superar as difíceis fases da vida que estão por vir. Qualquer carreira e profissão está cada vez mais competitiva, mas não podemos perder a esperança, jamais. Devemos fazer os que nos traz felicidade e essa busca é diária. Há ainda espaço para todos os que se dedicam à vocação eleita e espero estar presente na vida dos meus filhos para auxiliá-los nessa trilha.

GC – Qual o balanço que faz desses 10 meses de gestão?

DLB – Sempre positiva. E aqui quero dizer e agradecer o apoio maravilhoso que temos na Secretaria, seja dos ali lotados, Tânia, Rodrigo e as demais funcionárias e daqueles voluntários, aqui fazendo uma enorme homenagem póstuma ao Jorge Gantz (Jojo) que por décadas dedicava seus sábados, de forma voluntária, em atender os associados e tentar agregar necessidade-possibilidade. Não posso esquecer da Anita Rapaport que, como o Jojo, sempre ali esteve, e dos novos, Sami Stokfisz e Rosita Blau.

GC – Qual a mensagem que daria a quem quer ser voluntário?

DLB – Posso resumir o convite dizendo que toda vez que compareço a eventos na sinagoga e aos sábados na Hebraica posso dizer que saio confortado porque sei que meu tempo não foi em vão. Lembro de uma frase de Einstein que bem mostra o quão gratificante é esse trabalho e serve de convite para quem queira ajudar: “A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”.

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