SINAGOGA ESPANHOLA EM ROMA. ORIGENS DE SÉCULOS – POR FELIPE DAIELLO

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No porto de Hóstia, no setor portuário, vestígios de antiga sinagoga foram descobertos pelos arqueólogos. Hóstia, na foz do rio Tibre, era a porta de entrada para todas as mercadorias que o Império Romano trazia das províncias conquistadas pelas suas legiões.


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Na Roma antiga, bem antes da destruição do Templo de Jerusalém pelas legiões de Tito em 70 d.C., a presença dos hebreus, através de comerciantes, já era registrada.

No porto de Hóstia, no setor portuário, vestígios de antiga sinagoga foram descobertos pelos arqueólogos. Hóstia, na foz do rio Tibre, era a porta de entrada para todas as mercadorias que o Império Romano trazia das províncias conquistadas pelas suas legiões.

Com a reconquista de Granada, em 1492, a política dos reis católicos de consolidação do país em torno de religião única, com o suporte do Cardeal Cisneros, provocou fluxo emigratório, nova diáspora; alguns dos perseguidos para evitar conversão forçada chegam até Roma.

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Numa curva do Tibre, na ilha Tibelina, enclave denominado de Gheto abriga os refugiados. Amontoados, sem todos os direitos políticos reconhecidos, perseguidos por bulas papais, a vida não é fácil.

“Os judeus na Itália são diferentes em tudo, primeiro porque somos na essência italianos” – palavras da minha guia, expressando-se em inglês.

Até a construção do Templo Maior, no período de 1901 a 1904, era local de oração e dos serviços religiosos da comunidade. O templo, pequeno nas dimensões, segue a arquitetura típica dos sefarditas. As fotos em anexo apresentam a realidade de séculos passados, difíceis de suportar, em função da intolerância total da Igreja Católica e do Vaticano.

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Na entrada, galeria de mármores antigos apresenta retrospectiva de antigos séculos. Frontespício de fonte pública de água, permissão obtida por decisão papal, com a representação das sete velas é peça de destaque. Restos de mármores, removidos de várias partes da Itália, inclusive de Hóstia, nos dão uma visão de passado de dificuldades e de glórias. Até a aquisição de espaço para o cemitério exigiu muito trabalho.

Para construção do Templo Maior, autorizado por edito do Rei Emanuel III, quando os hebreus adquirem plena cidadania como cidadãos italianos, boa parte do gueto foi demolido, incluindo os muros que segregavam a comunidade da Roma Eterna dos Césares.

Mas o Templo Espanhol é preservado. Sua edificação foi anexada ao novo prédio e ao Museu Hebraico de Roma.

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É possível encontrar lápides removidas de antigos cemitérios, manuscritos de séculos passados, bem como rever objetos utilizados nos tradicionais ritos litúrgicos. Mais de 2.000 anos de história surgem para os crentes e os curiosos de ofício.

Como funcionava o espaço urbano, como era feita a instrução dos jovens, as organizações assistenciais aos pobres e aos velhos, como a cozinha estava preparada para seguir os ritos religiosos,tudo pode ser acompanhado passo a passo.

Depois devemos conhecer o Templo Maior, construção magnífica. Na inauguração a presença do rei da Itália era o fato marcante. Noutra oportunidade apresentaremos a descrição e as fotos de mais uma Sinagoga do Mundo.


FELIPE DAIELLO – Autor de “Palavras ao Vento” e ” A Viagem dos Bichos” – Editora AGE – Saiba mais.

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