37º FESTIVAL CARMEL – VAMOS DANÇAR O AMOR

302_hebraica_2_1Com o tema “Belibi” (“no meu coração”, em hebraico), a 37ª Edição do Festival Carmel, marcada para 8, 9 e 10 de dezembro, vai conectar sócios, dançarinos e convidados do Brasil e do exterior por meio das emoções evocadas pela dança folclórica judaica


Nada melhor do que dançarmos com o coração

Há quem fique com os olhos marejados ao ouvir uma versão da música hebraica Od Yavó Shalom, (literalmente, “ainda haverá paz”) que alguns conhecem como “Salam”. Para outros, os primeiros acordes despertam algo internamente e pés e braços começam a se mover de acordo com a coreografia. É a respeito desse algo que leva às lágrimas ou ao frenesi da dança que se trata a 37. Edição do Festival Carmel, cujo tema Belibi permite várias interpretações.

“Falaremos de sentimentos e também do coração como um órgão funcional. A maratona vai se chamar ‘hipertensão’.

Já neste mês de novembro, o grande palco começa a ser montado na quadra do Centro Cívico, sinal exterior da proximidade do evento que é o segundo no mundo quando se trata de dança folclórica israelense. O primeiro é o Festival Karmiel, realizado em julho, na cidade do mesmo nome, em Israel.

302_hebraica_2_2Sempre Carmel, formado por ex-dançarinos, revisita coreografias do repertório antigo da Lehaká

“Os grupos estão ensaiando as coreografias inéditas para o Festival e algumas já apresentadas em outros eventos. O próximo passo é começar os ensaios das coreografias massivas que envolvem os grupos da Hebraica”, acrescenta Nathália. Neste Carmel, ela estará no palco pelo menos uma vez, quando o grupo “Sempre Carmel”, formado por ex-dançarinos do grupo vai se apresentar. “Em nossos ensaios damos muita risada que se misturam a vários sentimentos, como saudades”, afirma.

O Carmel Belibi terá a participação de três lehakot (grupos de dança) de Israel, duas do Uruguai, uma da Argentina, além dos grupos
das principais comunidades judaicas do Brasil. “Acabamos de receber a confirmação de um grupo do México com 47 dançarinos, imagine”, informa Nathália. As inscrições chegam pela internet, assim como vídeos das coreografias inscritas, fotos. “A tecnologia
nos permite, por exemplo, propor danças massivas para três grupos em países diferentes. Várias das massivas que serão apresentadas no show de abertura do Festival, sexta à noite, serão finalizadas na véspera.

Cada grupo ensaiou em casa, por assim dizer, e ao chegar vão coordenar os movimentos no palco. Esse será o caso, por exemplo, do grupo Ofakim, que vai se apresentar com o grupo Mekorot da Hebraica/ Rio e com o grupo Misgav, de Israel, na noite de sexta-feira, logo após o Kabalat Shabat, que será realizado na Esplanada. A dança escolhida é de autoria de Shlomo Maman, diretor do Festival Karmiel em Israel”, exemplifica.

Já é tradicional que a movimentação no clube comece bem antes do primeiro dia do Festival Carmel. Na quinta-feira à noite, dia 7, uma harkadá especial terá como atração markid (professor) Sagi Azran, em sua segunda visita ao Brasil. “Na sexta feira, durante o dia, ele vai ministrar um workshop que será uma espécie de preparação para o festival”, conta Nathália.

Amor pela dança

As inscrições para o workshop estão abertas há algum tempo, mas se aceleram nas últimas semanas antes do festival e a maioria das vagas é preenchida por pessoas que gostam especialmente de participar de harkadot, sessões de dança de roda ou pares.

“Existe muita gente que frequenta o festival em razão das harkadot e que não dança em um grupo específico. Há alguns anos, alguns uruguaios se inscreviam individualmente e eram vistos na maratona e em todas as harkadot. A dança folclórica cresceu naquele país e este ano teremos os grupos Atid e Shorashim”, comemora Nathália.

A Argentina vai participar com o grupo Reguesh,e Israel será representado por três agremiações, uma delas conhecida dos brasileiros. “O Misgav já participou três vezes do Festival Carmel e este ano trará um grupo sênior muito bom”, comenta a coordenadora. Sobre os dois grupos Havazalot Netania e Hora Reim Holon ela prefere manter o mistério. São dirigidos pelo coreógrafo Lior Tavori, que também deve ser presença importante nas harkadot”, informa.

Sábado, dia 9, o show noturno homenageará os cinquenta anos da reunificação de Jerusalém

Na programação, depois do show das massivas, um segundo espetáculo na noite de sexta vai reunir coreografias com pares. “Fizemos uma curadoria de canções, muita gente inscreveu danças então será um show muito romântico e sem dúvida veremos muitos trabalhos de dançarinos em sua estreia na coreografia”, comenta Nathália.

Sábado, dia 9, além das apresentações e harkadot previstas para o dia, o show noturno vai celebrar o 50º aniversário da unificação
de Jerusalém. “Sem dúvida é um tema que nos deixa muito emocionados. Os grupos do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e os do exterior trarão danças muito bonitas”, imagina ela.

Entre os organizadores, a aproximação do Festival desperta muitos sentimentos além da urgência de aplicar a veia artística na coreografia ou escolher a música certa para determinado grupo. “Serão mil pessoas pernoitando no clube, então temos de alojá-los bem no Salão Marc Chagall e outros locais da Hebraica. Também queremos que o Shuk Carmel seja um sucesso, assim como o Boteco Carmel e toda a programação infantil que elaboramos.

“Serão duzentos voluntários totalmente dedicados nas 72 horas de duração do Festival. Quando não estiverem se preparando para dançar, estarão nos bastidores resolvendo problemas de som e luz ou atendendo aos dançarinos na Secretaria.

Para surpreender em cada edição do Festival Carmel, os organizadores se dividem em várias equipes, uma para cuidar da Central Carmel, outra para as harkadot, operacional, produção, shows, shuk (feira), cenografia, decoração, workshops, produção logística e algumas funções que surgem na medida da necessidade. “Tudo sob a batuta do diretor superintendente Gaby Milevsky”, ressalta Nathália.

Este ano, será um Festival em português, hebraico e espanhol além dos sotaques e gírias que acabam se misturando. “De repente está todo mundo falando que uma harkadá foi triboa”, brinca Nathália.

“Creio que acertamos em cheio com o tema deste ano porque, desde já, todos nós estamos com o coração na boca e ansiosos para ver as coreografias prontas e nossos dançarinos, dos pequenos do Parparim, aos adolescentes do Kalanit, adultos do Shalom, Hakotzrim e Carmel e Ofakim brilharem nos palcos. É um sentimento que vai crescer até 8 de dezembro e a melhor forma de extravasar é dançando, claro”, aconselha Nathália.


Texto: Magali Boguchwal
Nota – Matéria publicada na revista da Hebraica – novembro/2017

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