O QUE VALE MAIS: UMA OU 1 MILHÃO DE VIDAS? – RABINO KALMAN PACKOUZ

303_história_5_1“Se uma pessoa destrói uma vida, é como se destruísse um mundo inteiro. Se salva uma vida, é como se salvasse um mundo inteiro”.


Gostaria de trazer-lhe, querido leitor(a), um capítulo do livro “Shmooze – Um Guia para discussões instigantes sobre questões judaicas essenciais”, escrito pelo Rabino Nechemia Coopersmith, do Aish Hatorá. É um livro muito interessante que traz muitas ideias para se discutir e crescer intelectual e espiritualmente. É excelente para compartilhar com seus filhos e amigos se desejar discutir sobre amigos, casamento, livre arbítrio, felicidade, autorrespeito, intolerância, fé e ciência, fofocas … e muito mais (Disponível em http://www.menuchapublishers.com/shmooze.html ).


Você mataria uma pessoa para salvar um milhão de vidas? E se essa pessoa fosse uma pessoa de 99 anos de idade que já viveu os melhores anos de sua vida? Matematicamente pode parecer fazer sentido. No entanto, intuitivamente, sabemos que isso não é certo. Por quê?

Qual o valor de uma vida? Como podemos medir o valor de uma vida versus outra?

No livro Holocaust and Halakhah (https://www.abebooks.com/Holocaust-Halakhah-Rosenbaum-Irving-J-KTAV/6655654941/bd) é relatada a situação de um detento num campo de concentração perguntando a um rabino: “Os nazistas aprisionaram 100 crianças que eles planejam assassinar amanhã de manhã. Meu filho está entre elas. Eu tenho condições de subornar o guarda para libertar meu filho, mas se eu o fizer, os nazistas irão pegar o filho de alguém para substituir o meu. Rabino, posso subornar o guarda para libertá-lo?”

O rabino se recusou a responder. Do seu silêncio, o pai deduziu a resposta do rabino – ele estava proibido de libertar o seu filho em detrimento da vida de outra pessoa … e ele não subornou o guarda.

O Talmud (Sanedrin 74a), discutindo uma situação semelhante, afirma: “Como você sabe que seu sangue é mais vermelho? Talvez o sangue dele seja mais vermelho!” Rashi, o grande comentarista da Torá (que viveu na França, de 1040 a 1104), esclarece a frase acima: “Quem disse que o seu sangue é mais precioso e mais caro ao Criador do que o sangue de outra pessoa?” Como alguém pode pesar o valor de uma vida em relação ao valor de outra? Como pode uma pessoa saber o que é mais precioso? Cada indivíduo é um mundo inteiro.

Isso faz sentido quando se lida com uma vida versus outra. No entanto, como isso explica salvar uma vida à custa de um milhão? Não podemos dizer com confiança que aos olhos de D’us milhões de vidas são mais preciosas do que apenas uma?

No cerne desta questão está a forma como se mede o valor da vida. Cada pessoa nasce com uma personalidade única, um conjunto de circunstâncias e certa quantidade de potencial de crescimento. Onde começamos está além do nosso controle. No entanto, somos responsáveis por onde vamos parar e as escolhas que fazemos ao longo do caminho.

O valor real de uma pessoa é o resultado das escolhas que ela faz em seu esforço para crescer. Para determinar o valor de sua vida, temos de levar todos os fatores e os detalhes de sua existência em conta. As complexidades envolvidas em fazer tal julgamento são surpreendentes – e é exatamente por isso que nenhum ser humano está em posição de julgar o valor de outro. Ninguém conhece os desafios de outra pessoa, o seu potencial ou o que o Todo-Poderoso espera dela. Nós nunca podemos medir o verdadeiro valor de alguém. Isso é negócio apenas de D’us. E não é uma boa ideia brincar de D’us.

Podemos julgar as ações de outra pessoa, mas não o seu valor. Estes dois julgamentos são distintos: o primeiro pertence ao homem e o segundo, somente a D’us. Portanto, se é um milhão de vidas ou milhões de vidas contra uma pessoa de 99 anos de idade, talvez aquela vida seja mais preciosa e cara ao Todo-Poderoso. Como podemos saber? A questão não tem nada a ver com números. O julgamento não é nosso para fazê-lo, não importa quantas vidas estão envolvidas.

O Talmud Babilônico, Tratado Sanedrin 37a, ensina-nos “Se uma pessoa destrói uma vida, é como se destruísse um mundo inteiro. Se salva uma vida, é como se salvasse um mundo inteiro”.

Cada vida tem valor, um valor tremendo!

Pensamento: “D’us não pergunta a ninguém se irá aceitar a vida. Esta não é a escolha. A única escolha que temos enquanto passamos pela vida é como iremos vivê-la!” – Bernard Meltzer (EUA, 1914-2007)


RABINO KALMAN PACKOUZ – Do Aish Hatorá, é o criador do Meór Hashabat, boletim semanal com prédicas. Saiba mais.

NOTA:- Desejando contribuir para o Meor Hashabat acesse o www.aishdonate.com – Email – meor18@hotmail.com

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